Uma visão dos nossos históricos anos sessenta e um pouco antes

Voltar  para  Página Inicial

Ir  para  "Lendas e histórias"

Pilotos:
Agnaldo de Goes Aldo Costa Alfredo Santilli Amauri Mesquita Antonio C. Aguiar Arlindo Aguiar Aroldo Louzada Bica Votnamis
Bird Clemente Bob Sharp Breno Fornari Caetano Damiani Camillo Christofaro Carlos Sgarbi Catharino Andreatta Celso L. Barberis
Christian Bino Heins Ciro Cayres Domingos Papaleo Eduardo Celidonio Emerson Fittipaldi Emilio Zambelo Ênio Garcia Eugênio Martins
Francisco Lameirão Fritz D'Orey Graziela Fernandes Haroldo Vaz Lobo Henrique Casini Jan Balder Jaime Pistili Jayme Silva
José Tôco Martins Júlio Andreatta Luiz A. Margarido Luiz Carlos Valente Luiz Pereira Bueno Luiz Valente Marinho Nicola Papaleo
Nilo de Barros Vinhaes Norman Casari Orlando Menegaz Nastromagario Pedro C. Pereira Piero Gancia Raphael Gargiulo Ricardo Rodrigues de Moraes
Roberto Gallucci Roberto Gomez Salvador Cianciaruso Toninho Martins Victorio Azzalin Vitório Andreatta Waldemar Santilli Zoroastro Avon
Preparadores e/ou construtores:
Anísio Campos Jorge Lettry Miguel Crispim Nelson Brizzi Toni Bianco Victor Losacco    
Pioneiros:
Ângelo Juliano Benedicto Lopes Chico Landi Chico Marques Gino Bianco Hermano da Silva Ramos Irineu Correa João R. Parkinson
Manuel de Teffé Nascimento Junior Norberto Jung Sylvio A. Penteado Villafranca Raio Negro    

 

Página acrescentada em 18 de outubro de 2005.  -  Atualizada em dezembro de 20202
 

Domingos Papaleo
por Paulo Roberto Peralta
 
Peralta e Domingos em 2005

Filho primogênito de Biagio Papaleo, recebeu o mesmo nome do avô, Domingos, nasceu no bairro da Bela Vista (o famoso Bexiga) em São Paulo no dia 11 de abril de 1937, seus avós eram imigrantes italianos que se radicaram na Bela Vista se estabelecendo comercialmente na região do Mercado Municipal em São Paulo.

1960 - Montando uma roda no “Biagio Especial”

Começou logo aos 11 anos a trabalhar na oficina do pai na Al. Barão de Campinas, e como gostava do ofício depois trabalhou também numa grande oficina de nome Notari, depois em 1954 na Sonnervig, concessionária Ford, e outras mais, até sentir-se seguro o suficiente para abrir sua própria oficina, o que aconteceu em 1962 aos 25 anos de idade, no próprio bairro do "Bixiga".

Casou-se em 1960 aos 23 anos de idade e dizia que nesse mesmo ano fez sua corrida de estréia com um carro Volvo, dizia ainda que foi primeiro classificado na categoria. O pai aceitou, mas como já era casado, preteria Domingos em favor de Nicola, seu irmão mais novo que ainda era solteiro, automobilismo era um esporte de alto risco e Biagio dizia não querer mais uma viúva no automobilismo. Então para Nicola foram seus primeiros apoios.

Em 1960, Roberto "Argentino" Gomes iria substituir Nicola Papaleo, que havia se desentendido com o pai, na prova “III 500 Quilômetros de Interlagos” ao volante do Biagio Especial, mas não passou dos treinos, Nicola fez as pazes com o pai e foi ele quem participou da corrida.
Dois anos depois foi convidado pelo Roberto "Argentino" Gomez para participar da prova "V 500 Quilômetros de Interlagos" com um  Simca Chambord, mas não concluíram a prova. Seria sua estréia, o carro quebrou antes dele assumir o volante.

Domingos sempre acompanhou, colaborou e apoiou o irmão Nicola e com isso ganhou muita experiência de pista o que o ajudou muito quando em 1965, aos 28 anos, finalmente passou a correr regularmente, nessa época já tinha uma filha, depois nasceram mais três filhos. Seu início coincide com a parada de Nicola:
"- Pura coincidência", dizia ele.

1965 - Usufruindo a Ferrari Testarossa

1965 - Ferrari Testarossa

Comprou em 1965 uma Ferrari Monza de Alberto Carrara, e fez duas provas, a primeira foi o "Festival Interclubes" onde chegou em 4º lugar; no mesmo mês participou do “VIII 500 Quilômetros de Interlagos”, onde parou logo no inicio da prova (7ª volta) por problemas mecânicos. Pouco tempo depois vendeu o carro.
- Em 1965 comprei do Alberto Carrara, uma Ferrari 2000cc, 4 cilindros, duplo comando, corri o Festival Interclubes e me inscrevi para os 500 Quilômetros, naquele ano foi pela pista inteira e choveu a corrida toda, correr na chuva em Interlagos era mais difícil ainda, porque a pista era horrível, cheia de buracos, remendos mal feitos, e corri contra Alpine e Abarth, carros nacionais preparados pelas fábricas, um Fórmula 3, além de alguns Mecânica Nacionais, larguei no meio do pelotão, na minha categoria tirei 4º lugar, na geral foi 15º lugar. Aquele carro do Wilsinho era um Fórmula 3 construído pelo Toni Bianco, andava muito, mas o Jayme Silva com Simca/Abarth ganhou”.

1967 - Boxes Mil Milhas

1966 - Fiat Stanguelini em Interlagos

Salvador Cianciaruso, que havia começado a correr em 65, tornou-se seu amigo e em 1966 após "ceder" sua Ferrari para ele fazer uma prova compraram em sociedade a carretera Fiat Stanguellini 1.300cc de Luciano Bonini que após 3 provas teve o bloco do motor trincado, então eles a recuperam, descaracterizaram como carretera e a venderam como carro de passeio.

Devido às reformas que fecharam Interlagos (1968/69) só voltou às pistas dois anos depois, em 1969,  quando novamente junto com o amigo Cianciaruso comprou uma Maserati 300S, categoria esporte, do “Tigrão” (Luiz Carlos Fagundes) da oficina Torke, no bairro de Santa Cecília, que a havia comprado de Ubaldo Cesar Lolli, e aplicaram uma carenagem feita por Gino Bortoletto e Correndo com ela e em dupla com Cianciaruso participou de quatro provas, sendo a primeira em dezembro de 1969, o "III Mil Quilômetros da Guanabara" em Jacarepaguá, depois o "II 1500 Quilômetros de Interlagos", a "V 12 Horas de Interlagos" e a última o “XII 500 Quilômetros de Interlagos” em 1971. Todas as quatro provas resultaram em abandonos por falha mecânica.
“- Me recordo que Interlagos era superlotado, era uma corrida bem rápida pelo anel externo do saudoso circuito antigo, aquele que formava pilotos completos. Eu gostava dos 500 Quilômetros, era uma prova muito rápida. A pista não oferecia segurança, não tinha áreas de escape, guard-rail, nada, mas o que a gente queria era correr. Na época não tínhamos essa consciência, hoje sim, olhando para trás a gente vê isso, mas na época era: “pé embaixo e sai da frente”.
No "II 1500 Quilômetros de Interlagos" em agosto, saiu no jornal uma notícia antes da prova :
"... a Maserati de Salvador Cianciaruso e Domingos Papaleo foi recebida com muito carinho, quando apareceu nos treinos, tendo rodado com tempo muito bom." - A Tribuna (08/03/1970)

1971 - V 12 Horas de Interlagos 1971 - Aguardando 500 Quilômetros 1971 - Preparando para 500 Km 1971 - Boxes do 500 Km

Salvador Cianciaruso a usou mais vezes correndo sozinho ou em outras duplas e geralmente  terminava as corridas, as vezes até com bons resultados.

Após vender sua parte na sociedade desse carro para Cianciaruso, comprou, sem sócio dessa vez, um chassi Maserati de Antonio Versa em que montou um motor Chevrolet Corvette de 4.500cc entre eixos e fez a carenagem em sua própria oficina, o carro se enquadrava na Divisão 5, carroceria nacional com motor importado, participou de uma prova de arrancada em 1972 na Base Aérea de Cumbica, onde hoje é o Aeroporto de Cumbica, era uma base militar e o publico não pode entrar por motivo de segurança, mas mesmo assim vários expectadores foram até lá na esperança de assistir a competição. Alcançou a média (ida e volta) de 166,677 Km/h. Na reportagem da prova lemos:
"... a figura do dia foi Domingos Papaleo. Ao chegar ao final do quilômetro lançado com seu protótipo Maserati, não sabia que havia apenas 500 metros para frear (mais do que suficientes). Acabou parando no mato, porém, mesmo assim, retirou o carro e retornou, para que sua marca fosse homologada, conforme exigia o regulamento." - Jornal ds Sports/RJ (06/02/1972)
Após essa prova vendeu o carro e parou de competir.
"- O automobilismo é um esporte muito caro, e para concorrer é preciso ter muito amor pelo esporte. Os patrocinadores são dificeis e os carros estão cada vez mais velozes." - Jornal ds Sports/RJ (06/02/1972)

1971 - 500 Quilômetros de Interlagos
A já “velhusca” Maserati 300S nº 95

1971 - Chassi Maserati em recuperação

Chassi Maserati recuperado aguardando o motor Corvette

Chassi Maserati já encarroçado, atrás, a “velhusca” Maserati 300S nº 95

1975 - Foi nesse ano que os dois irmãos fizeram sua primeira e única parceria em uma competição, na “25 Horas de Interlagos” dividiram o volante de um Ford Maverick com Uribrando Silveira e conquistaram o 9º lugar na categoria Turismo acima de 3000cc.
Foi nesse ano também que retornou às pistas estreando na categoria Fórmula Vê com um carro Pati F-Vê.

Ano seguinte, 1976, passou a correr, com 39 anos, na categoria Fórmula VW, então com motor de 1300cc, mas de uma forma esporádica, não o fazia de forma regular, apenas para manter o prazer de pilotar. Encerrou de vez em 1980, após 15 anos de pista.

1975 - Estreando na Fórmula VW 1300 com
Pati F-Vê -
Campeonato Paulista de F-VW 1300
Interlagos

1976 - 7ª Etapa do Campeonato Brasileiro de F-VW 1300 - Pati F-Vê
Interlagos

1980 - Domingos (Kaimann nº 50), e Ernesto Zogbi (Kaimann nº 88) Jacarepaguá

2007 - Kaimann F-Vê transformado em Fórmula Fiat restaurado
Museu do Automobilismo Brasileiro

Ao parar de competir transformou o chassi Kaimann de Fórmula Vê refrigerado à ar em um Fórmula Fiat, adaptando um motor Fiat 1.4 refrigerado à água, com cambio e mangas VW, suspensão dianteira original VW. Mas só correu com esse carro em treinos, na maior parte das provas foi chefe de equipe e o carro alugado para outros pilotos. Era uma equipe para novos pilotos dispostos a começar nessa nova fórmula onde alugavam o carro, tinham assistência de pista e orientações de pilotagem de Domingos.
Esse carro está restaurado e exposto no Museu do Automobilismo Brasileiro em Passo Fundo (RS).

2011 - Replica do Porsche montada por Domingos em sua oficina

Sempre foi o próprio preparador de seus carros e o fez em diversas categorias: Esporte, Turismo e Fórmula Vê 1300.

Encerrada a carreira passou a dedicar-se à sua oficina mecânica no tradicional bairro do "Bexiga", na rua Rocha, onde trabalhava ativamente com o sócio Giuseppe atendendo carros diversos, nacionais e importados, além de receber simpaticamente muitos amigos daquelas épocas, sua oficina era um verdadeiro ponto de encontro.
Montou uma replica de um Porsche antigo para participar de provas de antigomobilismo, mas tnão chegou a fazer isso, vendeu logo que concluiu.

Domingos faleceu em 29 de janeiro de 2015.

Clique aqui e veja uma entrevista ao vivo com esse ex-piloto, em 2013

Waldemar Santilli foi um piloto amador, mecânico e dono de garagem paulista. Ele foi convidado pelo brasileiro Arnaldo Pacini para competir na IV 500 Quilômetros de Interlagos. Pacini havia inscrito dois carros: o Fangio Cuba 300S 3067 que havia sido adquirido de Luiz Américo Margarido e o Maserati / Corvette Mecânica Nacional.

Santilli queria entrar na Mecânica Nacional, mas o carro já estava atribuído a Robert Gallucci, então ele pilotou o ex-Fangio 300S. Ele achou o carro difícil de dirigir e bateu gravemente com o carro. Ele foi jogado para fora do carro, gravemente ferido e profundamente chocado. Tanto, que ele se aposentou das corridas.O 3067 danificado ficou armazenado nas instalações de Santilli durante anos. Naquele período, era prática comum no Brasil que carros de corrida acidentados fossem muito modificados e equipados com carrocerias de aparência rústica feitas de fibra de vidro. Curiosamente, parece que Santilli retirou essa prática e provavelmente guardou os restos do carro.

No dia 10 de junho de 2020 recebi uma informação do Gustavo Vara de São Paulo. Ele contatou alguns ex-mecânicos da oficina de Santilli. Eles confirmaram claramente que os destroços foram armazenados por anos em um canto da oficina ... na posição de cabeça!

Durante todos esses anos todos os pilotos de corrida no Brasil estiveram mais ou menos intimamente ligados. A maioria deles tinha uma oficina ou concessionária de peças com ferro-velho. Entre todas essas fontes, a maior parte delas em São Paulo, foram trocadas peças, trocadas por peças de carros americanos ou componentes “caseiros”.

O irmão de Waldemar Santilli, Nelson Santilli, não tinha nada a ver com carros de corrida e com o negócio automotivo de seu irmão. Ele estava na indústria agrícola. Em 1970, Nelson participou da organização de uma mostra da indústria de alimentos. Ele precisava de um chamariz para o show.

Waldemar lembrou-se do 300S, chassis 3069 que pertencia à época ao piloto de corridas e dono de oficina Nicola Papaleo. Ele havia modificado seu 300S com uma carroceria de fibra de vidro feia e estava competindo ativamente com o carro. Papaleo manteve a carroceria original de seu carro e o vendeu por dinheiro barato para Nelson Santilli.

A muito danificada carroceria do 3067 foi então retirada de seu chassi e a carroceria do 3069 foi montada. Com este disfarce, ainda equipado com motor V8, o chassis 3067 foi exposto na feira alimentar.


 

Domingos - Participações em provas (Com a colaboração de Napoleão Ribeiro)

07/09/1962 - V 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Roberto Gomez - Simca nº 25 - AB
10/10/1965 - I Festival Interclubes - Interlagos/SP - Ferrari Testarossa nº 14 - 1.995cc - 4º na geral e 4º na cat. Esporte
31/10/1965 - VIII 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Ferrari Testarossa nº 14 - 1.995cc  - 15º na geral 4º na cat. Esporte
19/11/1966 - VIII Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso  - Fiat Stanguelini n° 85 - 1.221cc - 
cat. T-1.3 - Abandono
19/03/1967 - IV 12 Horas de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso - Fiat Stanguelini n° 85 - 1.221cc - 18º na geral e 4º na cat. TFL
03/12/1967 - IX Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso - Fiat Stanguelini n° 85 - 1.221cc - 
20º na geral e 11º na cat. TF
                                Reformas em Interlagos - 1968/69
13/12/1969 - III Mil Quilômetros da Guanabara/RJ - Jacarepaguá - Com Salvador Cianciaruso - Maserati 300S nº 55 - AB
08/03/1970 - II 1500 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso  - Maserati 300S nº 95 - 2.989cc - cat. D-4 - AB
21/03/1971 - V 12 Horas de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso - Maserati 300S  nº 95 - 2.989cc -
cat. D-6 - AB
07/09/1971 - XII 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso  - Maserati 300S nº 95 - 2.989cc - cat. D-6 - AB
30/01/1972 - Festival de Recordes Base Aérea de Cumbica/SP - Maserati/Corvette nº 95 - 4.500cc nº 102 - 7º na geral e 4º na cat. D6
07/12/1975 - Campeonato Paulista de F-VW 1300 - Interlagos - Pati F-Vê nº 14 - 1.285cc - 18º lugar
13/12/1975 - 25 Horas de Interlagos/SP - Com Nicola Papaleo/Uribrando Silveira - Ford Maverick nº 20 - 4.950cc - 25º na geral e 9º na cat. T+3.0
21/03/1976 - Brasileiro de F-VW 1300 - 1ª Etapa - Interlagos/SP - Pati F-Vê nº 14 - 1.285cc -
14º Lugar
23/05/1976 - Brasileiro de F-VW 1300 - 3ª Etapa - Interlagos/SP - Pati F-Vê nº 14 - 1.285cc - 10º Lugar
11/09/1976 - Brasileiro de F-VW 1300 - 7ª Etapa - Interlagos/SP - Pati F-Vê nº 14 - 1.285cc -
12º Lugar
20/07/1980 - Brasileiro de F-VW 1300 - 5ª Etapa - Interlagos/SP - Kaimann F-Vê nº 50 - 1.285cc - 13º Lugar
25/10/1980 - Brasileiro de F-VW 1300 - 9ª Etapa - Jacarepaguá/RJ - Kaimann F-Vê nº 50 - 1.285cc - ND
 


VOLTAR AO TOPO DA PÁGINA
ou
VOLTAR À PÁGINA INICIAL