Página acrescentada em 18 de outubro de 2005. -
Atualizada em dezembro de 20202
Domingos
Papaleo
por
Paulo Roberto Peralta
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Peralta e
Domingos em 2005 |
Filho
primogênito de
Biagio Papaleo, recebeu
o mesmo nome do avô, Domingos,
nasceu no bairro da Bela Vista (o famoso Bexiga) em São Paulo no dia
11 de abril de 1937, seus avós eram imigrantes italianos que se
radicaram na Bela Vista se estabelecendo comercialmente na região do
Mercado Municipal em São Paulo.
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1960 -
Montando uma roda no “Biagio Especial”
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Começou logo aos 11 anos a trabalhar na oficina do pai
na
Al. Barão de Campinas,
e como
gostava do ofício depois trabalhou também numa grande oficina de
nome Notari, depois em 1954 na Sonnervig, concessionária Ford, e
outras mais, até sentir-se seguro o suficiente para abrir sua
própria oficina, o que aconteceu em 1962 aos 25 anos de idade, no
próprio bairro do "Bixiga".
Casou-se
em 1960 aos 23 anos de idade e dizia que nesse mesmo ano fez sua corrida de
estréia com um carro Volvo, dizia ainda que foi primeiro
classificado na categoria. O pai aceitou, mas como já era casado,
preteria Domingos em favor de Nicola, seu irmão mais novo que ainda
era solteiro, automobilismo era um
esporte de alto risco e Biagio dizia não querer mais uma viúva
no automobilismo. Então para Nicola foram seus primeiros apoios.
Em 1960,
Roberto "Argentino" Gomes iria substituir Nicola Papaleo,
que havia se desentendido com o pai, na prova “III
500 Quilômetros de Interlagos” ao volante do Biagio Especial, mas
não passou dos treinos, Nicola fez as pazes com o pai e foi ele quem
participou da corrida.
Dois anos depois foi convidado pelo
Roberto "Argentino" Gomez para participar da prova "V 500
Quilômetros de Interlagos" com um Simca Chambord, mas não
concluíram a prova. Seria sua estréia, o carro quebrou antes dele
assumir o volante.
Domingos sempre acompanhou, colaborou e apoiou o irmão
Nicola
e com isso ganhou muita experiência de pista o que o ajudou muito
quando em 1965, aos 28 anos, finalmente passou a correr regularmente, nessa
época já tinha uma filha, depois nasceram mais três filhos. Seu
início coincide com a parada de Nicola:
"- Pura coincidência",
dizia ele.
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1965 -
Usufruindo a Ferrari Testarossa |
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1965 -
Ferrari Testarossa |
Comprou em 1965 uma Ferrari Monza de Alberto Carrara, e fez duas provas,
a primeira foi o "Festival Interclubes" onde chegou em 4º lugar; no
mesmo mês participou do “VIII 500 Quilômetros de Interlagos”, onde
parou logo no inicio da prova (7ª volta) por problemas mecânicos. Pouco tempo
depois vendeu o carro.
“-
Em 1965 comprei do Alberto Carrara, uma Ferrari 2000cc, 4 cilindros,
duplo comando, corri o Festival Interclubes e me inscrevi para os
500 Quilômetros, naquele ano foi pela pista inteira e choveu a
corrida toda, correr na chuva em Interlagos era mais difícil ainda,
porque a pista era horrível, cheia de buracos, remendos mal feitos,
e corri contra Alpine e Abarth, carros nacionais preparados pelas
fábricas, um Fórmula 3, além de alguns Mecânica Nacionais, larguei
no meio do pelotão, na minha categoria tirei 4º lugar, na geral foi
15º lugar. Aquele carro do Wilsinho era um Fórmula 3 construído pelo
Toni Bianco,
andava muito, mas o
Jayme Silva com Simca/Abarth ganhou”.
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1967 - Boxes
Mil Milhas |
1966 - Fiat
Stanguelini em Interlagos |
Salvador
Cianciaruso, que havia começado a correr em 65, tornou-se seu amigo
e em 1966 após "ceder" sua Ferrari para ele fazer uma prova compraram em sociedade a carretera Fiat Stanguellini
1.300cc de Luciano Bonini que após 3 provas teve o bloco do motor
trincado, então eles a recuperam, descaracterizaram como carretera e
a venderam como carro de passeio.
Devido
às reformas que fecharam Interlagos (1968/69) só
voltou às pistas dois anos depois, em 1969, quando novamente junto
com o amigo Cianciaruso comprou uma Maserati 300S, categoria
esporte, do “Tigrão” (Luiz Carlos Fagundes) da oficina Torke, no
bairro de Santa Cecília, que a havia comprado de Ubaldo Cesar Lolli,
e aplicaram uma carenagem feita por Gino Bortoletto e Correndo com
ela e em dupla com Cianciaruso participou de
quatro provas, sendo a
primeira em dezembro de 1969, o "III Mil Quilômetros da Guanabara"
em Jacarepaguá, depois o "II 1500 Quilômetros de Interlagos", a "V
12 Horas de Interlagos" e a última o “XII 500 Quilômetros de Interlagos” em 1971.
Todas as quatro provas resultaram em abandonos por falha mecânica.
“- Me
recordo que Interlagos era superlotado, era uma corrida bem rápida
pelo anel externo do saudoso circuito antigo, aquele que formava
pilotos completos. Eu gostava dos 500 Quilômetros, era uma prova
muito rápida. A pista não oferecia segurança, não tinha áreas de
escape, guard-rail, nada, mas o que a gente queria era correr. Na
época não tínhamos essa consciência, hoje sim, olhando para trás a
gente vê isso, mas na época era: “pé embaixo e sai da frente”.
No "II 1500 Quilômetros de Interlagos" em
agosto,
saiu
no jornal uma notícia antes da prova
:
"... a
Maserati de
Salvador Cianciaruso e Domingos
Papaleo foi recebida com muito carinho, quando apareceu nos treinos,
tendo rodado com tempo muito bom."
- A Tribuna (08/03/1970)
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1971 - V 12 Horas de Interlagos |
1971 -
Aguardando 500 Quilômetros |
1971 -
Preparando para 500 Km |
1971 - Boxes
do 500 Km |
Salvador Cianciaruso a usou mais vezes correndo sozinho ou em outras
duplas e geralmente terminava as corridas, as vezes até com
bons resultados.
Após
vender sua parte na sociedade desse carro para Cianciaruso, comprou,
sem sócio dessa vez, um chassi Maserati de Antonio Versa em que
montou um motor Chevrolet Corvette de 4.500cc entre eixos e fez a carenagem em sua própria
oficina, o carro se enquadrava na Divisão 5, carroceria nacional com
motor importado, participou de uma prova de arrancada em 1972 na
Base Aérea de Cumbica, onde hoje é o Aeroporto de Cumbica, era uma
base militar e o publico não pode entrar por motivo de segurança,
mas mesmo assim vários expectadores foram até lá na esperança de
assistir a competição. Alcançou a média (ida e volta) de 166,677
Km/h. Na reportagem da prova lemos:
"... a figura do dia
foi Domingos Papaleo. Ao chegar ao final do quilômetro lançado com
seu protótipo Maserati, não sabia que havia apenas 500 metros para
frear (mais do que suficientes). Acabou parando no mato, porém,
mesmo assim, retirou o carro e retornou, para que sua marca fosse
homologada, conforme exigia o regulamento."
- Jornal
ds Sports/RJ (06/02/1972)
Após
essa prova vendeu o carro e parou de competir.
"- O
automobilismo é um esporte muito caro, e para concorrer é preciso
ter muito amor pelo esporte. Os patrocinadores são dificeis e os
carros estão cada vez mais velozes."
- Jornal
ds Sports/RJ (06/02/1972)
1975 - Foi nesse ano que os dois irmãos fizeram sua primeira e única
parceria em uma competição, na “25 Horas de Interlagos” dividiram o
volante de um Ford Maverick com Uribrando Silveira e conquistaram o
9º lugar na categoria Turismo acima de 3000cc.
Foi nesse ano também que retornou às pistas estreando na categoria
Fórmula Vê com um carro Pati F-Vê.
Ano
seguinte, 1976, passou a correr, com 39 anos, na categoria
Fórmula
VW, então com motor de 1300cc, mas de uma forma esporádica, não o fazia de forma regular,
apenas para manter o prazer de pilotar. Encerrou de vez em 1980,
após 15 anos de pista.
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1975 - Estreando na Fórmula VW 1300 com
Pati F-Vê -
Campeonato Paulista de F-VW 1300
Interlagos |
1976 - 7ª
Etapa do Campeonato Brasileiro de F-VW 1300 - Pati F-Vê
Interlagos |
1980 - Domingos (Kaimann nº 50), e
Ernesto Zogbi (Kaimann nº 88)
Jacarepaguá |
2007 - Kaimann F-Vê transformado em Fórmula Fiat
restaurado
Museu do Automobilismo Brasileiro |
Ao parar de competir transformou o chassi Kaimann de Fórmula Vê refrigerado à ar em um Fórmula Fiat, adaptando
um motor Fiat 1.4 refrigerado à água, com cambio e mangas VW,
suspensão dianteira original VW. Mas só correu com esse carro em
treinos, na maior parte das provas foi chefe de equipe e o carro
alugado para outros pilotos.
Era uma equipe para novos pilotos dispostos a começar nessa nova
fórmula onde alugavam o carro, tinham assistência de pista e
orientações de pilotagem de Domingos.
Esse carro está
restaurado e exposto no Museu do
Automobilismo Brasileiro em Passo Fundo (RS).
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2011 -
Replica do Porsche montada por Domingos em sua oficina |
Sempre
foi o próprio preparador de seus carros e o fez em diversas
categorias: Esporte, Turismo e Fórmula Vê 1300.
Encerrada a carreira passou a dedicar-se à sua oficina mecânica no
tradicional bairro do "Bexiga", na rua Rocha, onde trabalhava ativamente com o
sócio Giuseppe atendendo carros diversos, nacionais e importados,
além de receber simpaticamente muitos amigos daquelas épocas, sua
oficina era um verdadeiro ponto de encontro.
Montou uma replica de um Porsche antigo para participar de provas de
antigomobilismo, mas tnão chegou a fazer isso, vendeu logo que
concluiu.
Domingos faleceu em 29 de janeiro de 2015.
Clique aqui e
veja uma entrevista ao vivo com esse ex-piloto, em 2013
Waldemar Santilli foi um
piloto amador, mecânico e dono de garagem paulista. Ele foi
convidado pelo brasileiro Arnaldo Pacini para competir na IV 500
Quilômetros de Interlagos. Pacini havia inscrito dois carros: o
Fangio Cuba 300S 3067 que havia sido adquirido de Luiz Américo
Margarido e o Maserati / Corvette Mecânica Nacional.
Santilli queria entrar na Mecânica Nacional, mas o carro já estava
atribuído a Robert Gallucci, então ele pilotou o ex-Fangio 300S. Ele
achou o carro difícil de dirigir e bateu gravemente com o carro. Ele
foi jogado para fora do carro, gravemente ferido e profundamente
chocado. Tanto, que ele se aposentou das corridas.O 3067 danificado
ficou armazenado nas instalações de Santilli durante anos. Naquele
período, era prática comum no Brasil que carros de corrida
acidentados fossem muito modificados e equipados com carrocerias de
aparência rústica feitas de fibra de vidro. Curiosamente, parece que
Santilli retirou essa prática e provavelmente guardou os restos do
carro.
No dia 10 de junho de 2020 recebi uma informação do Gustavo Vara de
São Paulo. Ele contatou alguns ex-mecânicos da oficina de Santilli.
Eles confirmaram claramente que os destroços foram armazenados por
anos em um canto da oficina ... na posição de cabeça!
Durante todos esses anos todos os pilotos de corrida no Brasil
estiveram mais ou menos intimamente ligados. A maioria deles tinha
uma oficina ou concessionária de peças com ferro-velho. Entre todas
essas fontes, a maior parte delas em São Paulo, foram trocadas
peças, trocadas por peças de carros americanos ou componentes
“caseiros”.
O irmão de Waldemar Santilli, Nelson Santilli, não tinha nada a ver
com carros de corrida e com o negócio automotivo de seu irmão. Ele
estava na indústria agrícola. Em 1970, Nelson participou da
organização de uma mostra da indústria de alimentos. Ele precisava
de um chamariz para o show.
Waldemar lembrou-se do 300S, chassis 3069 que pertencia à época ao
piloto de corridas e dono de oficina Nicola Papaleo. Ele havia
modificado seu 300S com uma carroceria de fibra de vidro feia e
estava competindo ativamente com o carro. Papaleo manteve a
carroceria original de seu carro e o vendeu por dinheiro barato para
Nelson Santilli.
A muito danificada carroceria do 3067 foi então retirada de seu
chassi e a carroceria do 3069 foi montada. Com este disfarce, ainda
equipado com motor V8, o chassis 3067 foi exposto na feira
alimentar.
Domingos - Participações em provas (Com
a colaboração de Napoleão Ribeiro)
07/09/1962 - V 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Roberto Gomez
- Simca nº 25
-
AB
10/10/1965 - I Festival Interclubes - Interlagos/SP - Ferrari
Testarossa nº 14 - 1.995cc - 4º
na geral e 4º na cat. Esporte
31/10/1965 - VIII 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Ferrari
Testarossa nº 14 - 1.995cc - 15º
na geral 4º na cat. Esporte
19/11/1966 - VIII Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Com
Salvador Ciancaruso - Fiat Stanguelini n° 85 - 1.221cc - cat.
T-1.3 - Abandono
19/03/1967 - IV 12 Horas de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso
- Fiat Stanguelini n° 85 - 1.221cc - 18º
na geral e 4º na cat. TFL
03/12/1967 - IX Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Com
Salvador Ciancaruso - Fiat Stanguelini n° 85 - 1.221cc - 20º
na geral e 11º na cat. TF
Reformas em Interlagos - 1968/69
13/12/1969 -
III Mil Quilômetros da Guanabara/RJ - Jacarepaguá
- Com Salvador Cianciaruso - Maserati 300S nº 55 -
AB
08/03/1970 -
II 1500 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso -
Maserati 300S nº 95 - 2.989cc -
cat. D-4 - AB
21/03/1971 -
V 12 Horas de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso -
Maserati 300S nº 95 - 2.989cc -
cat. D-6 - AB
07/09/1971 - XII 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Salvador Ciancaruso -
Maserati 300S nº 95 - 2.989cc -
cat. D-6 - AB
30/01/1972 - Festival de Recordes Base Aérea de Cumbica/SP -
Maserati/Corvette
nº 95 - 4.500cc nº 102 -
7º na geral e 4º na
cat. D6
07/12/1975 - Campeonato Paulista de F-VW 1300 - Interlagos - Pati
F-Vê nº 14 - 1.285cc -
18º lugar
13/12/1975 - 25 Horas de Interlagos/SP - Com Nicola
Papaleo/Uribrando
Silveira - Ford Maverick nº 20
- 4.950cc -
25º na geral e 9º na cat. T+3.0
21/03/1976 -
Brasileiro de F-VW 1300 - 1ª Etapa - Interlagos/SP - Pati
F-Vê nº 14 - 1.285cc -
14º Lugar
23/05/1976 -
Brasileiro de F-VW 1300 - 3ª Etapa - Interlagos/SP - Pati
F-Vê nº 14 - 1.285cc -
10º Lugar
11/09/1976 -
Brasileiro de F-VW 1300 - 7ª Etapa - Interlagos/SP - Pati
F-Vê nº 14 - 1.285cc -
12º Lugar
20/07/1980 -
Brasileiro de F-VW 1300 - 5ª Etapa - Interlagos/SP - Kaimann F-Vê nº 50 -
1.285cc -
13º Lugar
25/10/1980 -
Brasileiro de F-VW 1300 - 9ª Etapa - Jacarepaguá/RJ - Kaimann F-Vê nº 50 -
1.285cc -
ND
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