Página acrescentada em 08 de janeiro de 2005.
Atualizada em setembro de 2020.
Antonio Carlos Aguiar
(o
"Vitamina")
por
Paulo Roberto Peralta
Clique aqui
e
veja uma entrevista ao vivo com esse ex-piloto, em 2014.
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2005 |
Nasceu no bairro da Pompéia em São Paulo (SP) no dia 19 de setembro
de 1938, filho de Arlindo Aguiar, um apaixonado que corria de carro
na categoria “Adaptados de Corrida”, que mais tarde passaria a ser chamada de Mecânica
Nacional, cresceu assistindo as corridas do pai.
Arlindo sempre foi ligado aos automóveis,
tinha no bairro da Pompéia em São Paulo, uma oficina mecânica,
Planalto, em sociedade com "Pipoca", que tornou-se seu mecânico nas
pistas.
Carlinhos Aguiar, o "Vitamina", fez parte de uma geração que corria
simplesmente pelo prazer de correr, ainda não existia profissionalismo, só havia muita
paixão, suor e graxa, e
claro, muita seriedade, afinal o automobilismo sempre foi um
esporte de risco, perigoso. Ele é, com certeza, um dos heróis
anônimos do automobilismo paulista e brasileiro.
”Vitamina”, apelido que ganhou dos integrantes da equipe pois não
ficava sem um “lanchinho”, e como nos boxes não havia onde
“reabastecer” o estomago, sempre levava uma caixa com salgadinhos e
uma invariável “vitamina” de frutas e os mecânicos brincavam:
“- E aí? Já tomou sua vitamina hoje?”
- O apelido não demorou a pegar.
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Velhos
tempos, belos dias |
Começou a correr cedo, iniciou de motocicleta em
1954 aos 16 anos, mas com automóveis começou a correr, oficialmente,
em Interlagos fazendo dupla com seu pai na primeira edição da prova
“500 Quilômetros de Interlagos” em 1957, com o "Planalto Especial/Ford",
carro de seu pai, com 18
anos de idade, uma exceção, o normal nessa época era começarem a
correr por volta dos 30 anos, já com a vida feita,.mas como era
filho de piloto não teve impedimentos familiares.
Em 1960 correu o “III 500 Quilômetros de Interlagos” dessa vez fazendo dupla
com o amigo de seu pai, Luiz Valente em seu “Duchen Especial/Corvette” nº 22,
Valente era com quem seu pai corria de carretera a prova "Mil Milhas
Brasileiras". Até essa época continuou a correr de motocicletas, geralmente em mais de uma
categoria no mesmo dia. Em 1956 foi
Campeão Paulista na Categoria 150 cc, quarto colocado na Categoria
250 cc e Vice-Campeão na Categoria 500 cc. e recebeu o titulo de
"Melhor Esportista" do Ano" pela Federação Paulista de
Motociclismo. Foi
Campeão Brasileiro em 1957 na Categoria 500 cc.
Depois do 500 Quilômetros comprou o carro de Valente e participou em
1961 da primeira etapa do
“III Torneio Triangular Sulamericano”,
em Interlagos, depois dessa prova fez algumas modificações
no bólido, mudou o
bico do carro e participou do “Circuito de Piracicaba” aonde chegou
em 2º lugar, e com carro de turismo da “II 24 Horas de Interlagos” a convite de
Roberto Gallucci em um FNM/JK:
“- Me lembro que o Gallucci me convidou, afinal eu andava bem.
Combinamos tudo, patrocínio que eu conseguisse seria meio a meio. No
dia, meia hora antes da largada, ele me apareceu na pista com um
monte de papeis, disse que era o contrato para a corrida, e eu tinha
tempo para ler tudo aquilo? Queria mais era correr, eu era jovem e
ansioso, assinei sem ler. Na corrida íamos bem, mas perto do final o
carro quebrou, e nas minhas mãos, e não é que o sacana do Gallucci
me fez pagar o conserto? Me levou uma boa grana. Disse que estava
naquele contrato que assinei sem ler”.
Correu ainda em 1961 o “IV 500 Quilômetros de Interlagos” fazendo
dupla novamente com seu pai, após essa prova participou com o “xará”
Antonio Carlos Avallone da “VI Mil Milhas Brasileiras” a bordo da
carretera do Avallone, chegaram em 8º lugar.
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1960 - III
500 Quilômetros de Interlagos |
1961 -
Circuito de Piracicaba |
1961 - IV 500
Quilômetros de Interlagos |
1961 - VI
Mil Milhas Brasileiras |
Em 1962 participou também de outras provas, "I 12 Horas de
Interlagos" em dupla, e "Premio Victor Losacco",
a bordo do FNM/JK
do Avallone.
Naquele ano o ACESP (Automóvel Clube Estadual de São Paulo) passou a exigir o uso de “Santo Antônio” nos carros de
competição, em especial as carreteras. Em abril, antes da realização
de uma prova, Camillo se rebelou e liderou
um movimento contra, sendo seguido por alguns pilotos, entre eles
Carlinhos Aguiar, a confusão foi grande e a corrida suspensa,
receberam suspensão por um ano, mas em nível internacional, o que
não afetou a carreira deles.
Ainda em abril venceu o “I Mil Quilômetros de Brasília”
(Filme) no circuito
Trampolim do Eixo, novamente em dupla com o “xará” Avallone. Uma curiosidade, assim que o carro cruzou a linha de
chegada o combustível acabou.
Nessa corrida participou em dois
carros FNM/JK, mas no que fazia dupla com Michele Ferreti capotou
logo no início da prova, em função do acidente terminou a corrida
com um dos braços enfaixado.
Mês seguinte da vitória em Brasília (veja
vídeo) estreou na “Equipe Lobo”
pilotando uma Ferrari/Corvette, a convite do
Camillo Christofaro,
mas levando em troca o patrocínio. Fez duas provas ainda nesse ano:
"I Festival Automobilístico do ACESP" e o "V 500 Quilômetros de
Interlagos", ambas com a Ferrari/Corvette da equipe de Camillo.
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1962 -
Premio
Victor Losacco |
1962 - I Festival Automobilístico do ACESP
Alinhando |
1962 - I Festival Automobilístico do ACESP
Largada |
1962 -
500 Quilômetros de Interlagos
Treinos |
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1963 -
II 12 Horas de Interlagos |
Em 1963 começou bem o ano, venceu ao lado de
Camillo Christofaro e Décio D’Agostino a prova “II 12 Horas de Interlagos” a
bordo de um FNM/JK. A outra prova foi o "V 500 Quilômetros de
Interlagos". Nesse ano só participou de mais uma prova, "I 1600
Quilômetros de Interlagos" em dupla com Camillo Christofaro
estreando aquela que se tornaria a lendária carretera n° 18.
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1964
- I Premio Roge Ferreira - Alinhado |
1964 fez 6 provas pela equipe, a primeira, "Premio Rogê Ferreira",
com uma Maserati 300S, 3º
lugar.
Uma curiosidade sobre essa prova, ele havia se casado três
dias antes.
Em agosto, o "I Mil Quilômetros de Interlagos" em dupla com Camillo com um carro Porsche 356C, mas não foram muito bem. As
outras foram com carro da categoria Mecânica Nacional Ferrari/Corvette.
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1965 - II 6
Horas de Interlagos Com Antonio Carlos Scavone Simca Rallye |
Na primeira prova que participou em 1965, “III 12 Horas de
Interlagos”, ia correr em dupla com o “Jau” (Pedro Aguera Oliver) no
protótipo Simca Tempestade, apelidado de Perereca, da equipe oficial
Simca (Quebrou a barra de direção).
“- Sim, eu ia, mas só
treinei, na corrida o Jau quebrou e eu nem cheguei a sentar no
carro. Não dei nenhuma volta naquele carro esquisito”.
Quase um mês depois correu pela
primeira e única vez com um carro Simca, fazendo dupla com Antonio Carlos
Scavone na "II 6 Horas de Interlagos", fez depois duas provas com o
Mecânica Nacional Ferrari/Corvette com excelentes resultados, e ai fez
dupla com Camillo em sua carretera na "VII Mil Milhas Brasileiras",
por problemas mecânicos não foram bem, semanas depois conseguiu a vitória na “250 Milhas de Interlagos”, corrida realizada no sentido horário, ao contrário do
habitual que é no sentido anti-horário, fazendo dupla com o Camillo na
já famosa carretera nº 18.
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1965
- Prova III Aniversário APVC |
1965 - I Festival Interclubes |
1965 - Mil Milhas Brasileiras |
1965 - 250 Milhas de Interlagos |
1966 fez apenas uma prova, a primeira etapa do Campeonato Paulista
com a Ferrari/Corvette da escuderia Lobo, mas apesar de fazer
dobradinha, com Camillo em 1º e ele em 2º lugar, foi sua ultima
participação com carros da equipe.
1967 novamente apenas uma prova, "IV 12 Horas de Interlagos em
dupla e com a carretera de Ayres Bueno Vidal, uma carretera Ford V8,
não foram muito bem.
Foi presença de destaque nas provas em que participou e só não se
projetou, como outros pilotos, porque não possuía objetivos
definidos, fazia automobilismo por hobby, era um dos muitos "feras"
do tempo das carreteras, da mecânica nacional, um apaixonado.
Quando não corria trabalhava com o pai, que nessa época já tinha
além da oficina uma loja de autopeças na Rua Clélia no bairro da
Lapa, chamada "Planalto", negociava também com automóveis.
Camillo Christofaro o considerava um excelente piloto, mas mesmo
sendo um piloto rápido e técnico nunca se vinculou à alguma equipe. Se
alguém tinha um carro para emprestar ou dividir numa prova longa,
ele "sentava a bota".
Trecho de uma revista da época sobre a
prova onde mesmo tendo se casado três dias
antes participou, “GP Rogê Ferreira”, em Interlagos no dia 08 de março de 1964,
quando choveu, e muito:
"Quando as posições estavam começando a se definir, um aguaceiro
abateu-se sobre Interlagos, tornando a pista perigosamente
escorregadia. Aguiar não deu bola pra chuva, continuou "largando
brasa" e garantiu o terceiro lugar. Aguiar foi um às no
motociclismo, por isso, cremos, é tão peitudo."
Diz que foi seu por muitos anos o recorde de volta para carreteras
em Interlagos, recorde esse estabelecido num treino para a "VI Mil Milhas
Brasileiras" em 1961, mas o tempo não foi registrado pela cronometragem oficial, e não
sendo oficial não valia. Nunca teve a preocupação de catalogar
provas, datas e classificações, tarefa essa realizada por sua esposa Maisa, com quem se casou em 1964, e suas duas filhas..
Participou de muitas corridas de moto, em todas as categorias, e em automóveis participou de todas as categorias da
época, correu por dez anos, até 1967 quando parou. Mas retornou em
1971 com uma carretera cedida por Alfredo Santilli,
então
classificada como Turismo Div. 5 e com “carta branca” para fazer o
que fosse melhor em sua opinião.
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1971- 250
Milhas de Interlagos |
1971 - Copa
Brasil - 1ª Etapa |
1971 - Copa
Brasil - 1ª Etapa |
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2005 - Loja
na Lapa |
Participou da "250 Milhas de Interlagos", corrida onde
também estava a carretera do Camillo, nenhuma carretera foi bem.
Depois participaram da 1ª Etapa da Copa Brasil de 1971, que foi a última corrida com a participação das carreteras, que aliás não foram bem,
Camillo não terminou e Aguiar chegou em 14º lugar.
Mas foi sua a última
exibição de uma carretera em um evento automobilístico, foi no
“Festival de Recordes” em 30 de janeiro de 1972, realizado na Base
Aérea de Cumbica (SP), uma competição de arrancada com 500 metros
para acelerar, 1 km para cronometragem e 500 metros para desacelerar
e frear, com percurso de ida e volta para anular o efeito dos
ventos.
Aguiar ficou com o 4º lugar na geral e 1º na Div. 5, fez
184,302 Km/h de média.
Foi a ultima participação de uma carretera em
provas automobilísticas. Camillo também estava inscrito mas por
problemas mecânicos nem largou.
Abandonou as pistas depois dessa prova aos 33 anos e 4 meses, mas
continuou ligado aos automóveis com uma loja de autopeças no bairro
da Lapa (São Paulo), fechada no final dos anos 2000.
Carlinhos
Aguiar faleceu no dia 07 de abril de 2022.
Participações em provas
(Com
a colaboração
de Napoleão Ribeiro)
07/09/1957 - I 500 Quilômetros de
Interlagos/SP - Com Arlindo Aguiar - Planalto Especial nº 45
3.500cc - Mec. Nac. 7º Lugar
09/09/1960 - III 500 Quilômetros de
Interlagos/SP - Com Luiz Valente -
Duchen Especial/Ford nº 22 4.500cc
-
Mec. Nac. ND
15/01/1961 - III Torneio Triangular Sulamericano -
Interlagos/SP -
Duchen Especial/Ford nº 48 4.500cc -
17º na geral ND na MN
14/05/1961 - III Circuito de Piracicaba - Mec.
Nac. - Piracicaba/SP -
Duchen Especial/Ford nº 7 4.500cc -
2º Lugar
03/06/1961 - III 24 Horas de Interlagos/SP -
Com Roberto Gallucci - FNM/JK 2000 nº 22 1.975cc -
15º na geral e 11º na T+1.3
07/09/1961 - IV 500 Quilômetros de
Interlagos/SP - Com Arlindo Aguiar - Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc -
24º na geral e 11º na MN VER FOLHA DE 16/8/61
25/11/1961 - VI Mil Milhas Brasileiras
Interlagos/SP - Com Antonio Carlos Avallone - Chevrolet/Corvette nº
58 4.500cc - 8º Lugar
25/01/1962 - I 12 Horas de Interlagos/SP - Com
Antonio Carlos Avallone - FNM/JK 2000 nº 58 1.975cc -
ND
25/02/1962 - Prêmio Victor Losacco
Interlagos/SP - FNM/JK 2000 nº 58 1.975cc -
ND
29/04/1962 - I Mil Quilômetros de Brasília/DF
- Circuito Trampolim do Eixo - Com Antonio Carlos Avallone - FNM/JK
2000 nº 58 1.975cc - TC 1º Lugar
20/05/1962 - I Festival Automobilístico do
ACESP - Mec. Nac. - Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc -
ND
07/09/1962 - V 500 Quilômetros de
Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc -
3º Lugar
10/03/1963 - II 12 Horas de Interlagos/SP -
Com Camillo Christofaro/Décio D'Agostino - FNM/JK 2000 nº 18 1.975cc
-
T+1.3 1º Lugar
24/11/1963 - I 1600 Quilômetros de
Interlagos/SP - Com Camillo Christofaro - Chevrolet/Corvette nº 18
4.800cc - 6º na geral e 5º na TFL
08/03/1964 - I Prêmio Rogê Ferreira
Interlagos/SP - Maserati 300S nº 7 2.989cc -
3º na geral e 2º na Sport
26/04/1964 - I Prêmio Constantino Cury -
Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.800cc -
Mec. Nac. 3º Lugar
05/07/1964 - GP Vitória da Democracia - Mec.
Nac. Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.800cc -
5º na geral 3º na MN
15/08/1964 - I Mil Quilômetros de
Interlagos/SP - Com Camillo Christofaro - Porsche 356C nº 18 1.582cc
- 14º na geral e 3º na GT
27/09/1964 - I 250 Milhas de Interlagos/SP -
Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc - 12º na
geral e 7º na MN
11/10/1964 - I Prêmio John Kennedy
Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.436cc -
9º na geral e 4º na MN
23/05/1965 - III 12 Horas de Interlagos/SP -
Com “Jau” Pedro Aguera Oliver - Simca Tempestade 2.550cc
nº 62 -
PT -
AB
20/06/1965 - II 6 Horas de Interlagos/SP - Com
Antonio Carlos Scavone - Simca Rallye nº 33 2.550cc -
16º na geral e 5º na T+1.3
25/07/1965 - I Prêmio Aniversário APVC - Mec.
Nac. Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc -
Mec. Nac. 2º Lugar
10/10/1965 - I Festival Interclubes - Mec.
Nac. Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc -
Mec. Nac. 3º Lugar
27/11/1965 - VII Mil Milhas Brasileiras
Interlagos/SP - Com Camillo Christofaro - Chevrolet/Corvette nº 18
4.500cc - 33º na geral e 18º na TFL
19/12/1965 - 250 Milhas de Interlagos/SP - Com
Camillo Christofaro - Chevrolet/Corvette nº 18 4.500cc -
TFL 1º Lugar
27/02/1966 - Campeonato Paulista - 1ª Etapa -
Interlagos/SP - Ferrari/Corvette nº 7 4.500cc -
Mec. Nac. 2º Lugar
19/03/1967 - IV 12 Horas de Interlagos/SP -
Com Ayres Bueno Vidal - Ford V-8 nº 1 4.200cc -
23º na geral e 8º na TFL
Reformas em Interlagos - 1968/69
15/08/1971 - 250 Milhas de Interlagos/SP -
Santilli/Ford nº 45 - 4.500cc - 7º na
geral e 1º na Div.5
07/09/1971 - XII 500 Km de Interlagos/SP -
Santilli/Ford nº 45 - 3.769cc -
Div.5 AB
11/12/1971 - Copa Brasil - 1ª Etapa -
Interlagos/SP - Santilli/Ford nº 45 - 4.500cc -
14º na geral e 3º na Div.5
30/01/1972 -
Festival de Recordes Base Aérea de Cumbica/SP - Santilli/Ford nº 45
- 4.500cc
-
4º na geral e 1º na Div.5
(184,302 Km//h)
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