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Página acrescentada em 01 de julho de 2018.  Atualizado em novembro de 2020.
 

Ângelo Juliano

Nascimento: 07/04/1918  -  Falecimento: 17/11/1993

 1952

Filho de imigrantes italianos nasceu em São Paulo (SP) em 7 de abril de 1918, foi o mais velho dos sete filhos do casal: 3 homens e 4 mulheres. Começou a trabalhar aos 14 anos, escondido dos pais pois não precisava, mas muito independente e querendo ter seu próprio dinheiro trabalhava em um açougue, onde entre outras coisas fazia entregas, até ser descoberto pelos pais e ter que parar.
Na juventude foi timoneiro numa flotilha de remo do Clube Floresta (atual Clube Espéria), e lá ganhou o apelido de “mosquito”, pois era de pequena estatura, ágil e se adaptava muito bem como patrão das embarcações de corrida.
Estudou contabilidade e já pensando em comprar seu automóvel tirou carteira de habilitação em 1937 aos 19 anos. Trabalhando, economizando e guardando dinheiro comprou seu primeiro automóvel em 1939 aos 21 anos.
Interlagos foi inaugurado em 12 de maio de 1940 e ele ia assistir as poucas provas realizadas na época, era inicio da II Guerra e o uso da gasolina foi proibido passando a se utilizar gasogênio como combustível. Foram realizadas duas provas em Interlagos “Prova Automobilística Interventor Fernando Costa” (43 e 44), as duas com o mesmo nome. Não há registros, mas ele deve ter ido assistir, pois em matéria de um jornal nos anos 60 ele cita essa corrida.


Pouco depois, em 1944, junto com seu amigo Danilo Conti (ambos com 26 anos) alugaram um salão na Av. São João, centro de São Paulo, e montaram uma loja de peças de automóvel, “Auto Peças Tropical”, e assim começaram uma história de sucesso.
Em 1945 casou-se com Odete Soares e já no ano seguinte (1946), aos 28 anos, nasceu sua filha Sandra Maria.

1945 - Casamento

1949 - Passeando com a filha na Rua Direita

1952 - Ficha de "piloto" do A.C.B.
Acervo: Napoleão Ribeiro

1953 - Premiação "Circuito da Guabirotuba" - Curitiba
Fonte: Paraná Esprtivo

Acervo de sua filha Sandra Maria

 

Além dos negócios da loja ele comercializava automóveis. Enquanto o sócio cuidava da loja ele ia ao Rio de Janeiro ou Minas Gerais para procurar e comprar carros que depois vendia em São Paulo e/ou estados do sul. Dirigia muito por essa época, sempre de maneira muito rápida.
Por conta da loja, de seu gosto por automobilismo e de suas idas à Interlagos ficou conhecendo e se enturmando com alguns dos melhores pilotos da época que acabaram se tornando amigos e clientes.
A loja cresceu e no início dos anos 50 quando Emilio Zambello montou a “Garage Fulgor” junto com Ruggero Peruzzo (ambos imigrantes italianos), onde Zambello cuidava da compra de peças e em função disso ficou cliente e amigo de Juliano, que acabou por levar para a oficina de Zambello alguns pilotos amigos: Celso Lara Barberis, Ico Ferreira, Godofredo Vianna Filho e outros.

Propaganda da loja
Fo
nte: Jornais da década de 50

1952 - Nessa época morava na Alameda Lorena e tinha um carro esporte, um MG TC. Fez inscrição de piloto no Automóvel Clube do Brasil e se inscreveu no “I Grande Premio Auto Esporte Clube” em agosto. Doou a “Taça Auto Peças Tropical” para o vencedor da categoria turismo até 1.500cc. mas se inscreveu na categoria esporte até 2.000cc. Chegou em 2º lugar com sua MG TC de nº 24.
“I Premio Prefeitura Municipal de São Paulo” em novembro (esses Grandes Prêmios eram divididos em provas por categorias), ele se inscreveu em duas categorias com o carro Simca 8, nº 21: categoria turismo até 1.500cc (Prova Comissão do 4º Centenário) e na categoria Esporte até 1.250cc (Prova Presidente do Automóvel Clube do Brasil). Chegou em 1º na turismo e em 4º na esporte.
Com esse Simca, no “IV Circuito de Petrópolis” (RJ), chegou em 4º lugar na geral e em 1º na categoria turismo até 1.200cc .

1953 - Começou o ano correndo no “I Circuito do Maracanã” (RJ) numa prova em homenagem à XIII Assembléia da FIAC, que representava os Automóveis Clubes de 18 nações das três Américas, dessa vez com um Fiat 1100 nº 101. Foi vencedor na categoria turismo até 1.300cc. Sua carreira automobilística ia se desenvolvendo muito bem.
Sem um campeonato estadual o Centauro Moto Clube promoveu o “Campeonato de Turismo da Rádio Panamericana” do qual Juliano se sagrou campeão na categoria turismo até 2.000cc. Participou de uma preliminar do “II Circuito de Campinas” (SP). No domingo 31 de maio amanheceu chovendo, e forte, mesmo assim foi dada a largada para a primeira prova destinada a carros de turismo e esporte (classificação em separado):
No entanto como a chuva não passava e
“criava ameaça, para os competidores e o próprio publico...” a prova foi suspensa e a corrida principal adiada para o dia 4 de junho, uma quinta feira, com entrada franca. A prova, apesar de interrompida com apenas 7 das 30 voltas previstas, teve seu resultado validado. Na turismo até 1.500cc Juliano foi o vencedor foi com Fiat 1100.
Participou ainda de provas no Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, todas com o Fiat 1100..

1954 - Iniciou novamente o ano no “III Circuito do Maracanã” (RJ), agora com um carro Bristol, nº 90. Foi 2º na geral e 1º na turismo até 2.000cc. Com esse carro fez só mais uma corrida, na verdade duas, na prova "2 Horas de Velocidade" participou em corridas de duas categorias: Categoria Turismo e Superesporte, com o mesmo carro Bristol.
Para a prova “Cem Milhas do 4º Centenário” em Interlagos comprou uma Ferrari 212 Inter de Celso Lara Barderis, mas logo a vendeu ao estreante Roberto Claro que com ela obteve o 2º lugar na 1ª etapa do Campeonato Paulista em 10 de julho.
Correu na prova em comemoração do aniversário (343 anos) de fundação da cidade de Mogi das Cruzes, na largada assumiu a liderança que manteve por três voltas, conseguiu se manter na pista até a 10ª volta quando abandonou por quebra do cambio.
Próxima prova foi a "
Cem Milhas do IV Centenário" quando correu com uma Ferrari de 2.000 cc com o seu habitual nº 12, e com ela foi o 4º lugar na geral e 3º lugar na esporte acima de 1.500cc.

1954 - Bristol
2 Horas de Interlagos
1954 - Fazendo pose ao lado da Ferrari 212 em Interlagos 1954 - Na prova "Cem Milhas do 4º Centenário" 1954 - Fazendo curva do Pinheirinho em Interlagos
Fotos do acervo de sua filha Sandra Maria

1955 - A família o pressionava a parar de correr, mas mesmo assim participou em março do “I Circuito de Pirajuí” (SP), corrida de rua, com um carro Lancia Aurélia B20, nº 12, na categoria esporte internacional. Foi 6º lugar na geral e 2º na categoria. Trocou sua Ferrari por outra, modelo 165MM, e participou do “II Premio Prefeitura de São Paulo” em dezembro, essa prova marcava a reabertura do anel externo e as provas foram realizadas por esse circuito. Correndo com o nº 11 chegou em 10º lugar na geral e em 2º na categoria esporte até 2.000cc.
Foi sua ultima participação em corridas, parou de correr mas não abandonou o esporte.

 

TABELA DE PARTICIPAÇÕES E RESULTADOS  (Colaboração de Napoleão Ribeiro)

Data

Prova

Carro

Classificação

24/08/1952

Prêmio Paulo Machado de Carvalho - Interlagos (SP)

MG TC 1.250cc

24

2º na  geral e 2º na  S-1.5

15/11/1952

Prova Comissão do 4º Centenário - Interlagos (SP)

Simca 8 1.089cc

21

4º na  geral e 1º na  T-1.5

15/11/1952

Prova Presidente do Automóvel Clube do Brasil - Interlagos (SP)

Simca 8 1.089cc

21

5º na  geral e 4º na  S-1.25

30/11/1952

IV Circuito de Petrópolis - Turismo - Petrópolis (RJ)

Simca 8 1.089cc

21

4º na  geral e 1º na  T-1.2

21/04/1953

I Circuito do Maracanã - Turismo - Rio de Janeiro (RJ)

Fiat 1100 1.221cc

101

1º Lugar

10/05/1953

Premio Prefeitura Municipal de São Paulo - Turismo - Interlagos (SP)

Fiat 1100 1.221cc

121

12º na geral e 4º na T-1.5

24/05/1953

1ª Etapa do Campeonato de Turismo da Rádio Panamericana - T-2.0

Fiat 1100 1.221cc

12

1º Lugar

31/05/1953

II Circuito de Campinas - prova preliminar - Campinas (SP)

Fiat 1100 1.221cc

12

10º na geral e 1º na T-1.5

14/06/1953

2ª Etapa do Campeonato de Turismo da Rádio Panamericana - T-2.0

Fiat 1100 1.221cc

12

2º Lugar

21/06/1953

III Prêmio Crônica Esportiva - Circuito da Quinta da Boa Vista  (RJ)

Fiat 1100 1.221cc

101

1º Lugar - T-1.3

26/07/1953

Prêmio Automóvel Clube do Brasil - Turismo - Interlagos (SP)

Fiat 1100 1.221cc

12

4º na geral e 2º na T-1.5

02/08/1953

3ª Etapa do Campeonato de Turismo da Rádio Panamericana - T-2.0

Fiat 1100 1.221cc

12

1º Lugar

07/09/1953

I Prêmio da Independência - Turismo - Interlagos (SP)

Fiat 1100 1.221cc

12

3º na geral e 2º na T-1.5

27/09/1953

II Circuito do Maracanã - Turismo - Rio de Janeiro (RJ)

Fiat 1100 1.221cc

101

2º na geral e 1º na T-1.3

11/10/1953

Prova Paraná Esportivo - Circuito da Guabirotuba - Curitiba (PR)

Fiat 1100 1.221cc

101

1º Lugar na S-1.5

25/10/1953

Prêmio Cinquentenário do Grêmio FP - Circuito da Redenção - POA (RS)

Fiat 1100 1.221cc

12

T-1.2 - AB  

03/04/1954

III Circuito do Maracanã - Turismo - Rio de Janeiro (RJ)

Bristol 1.991cc

90

2º na geral e 1º na T-2.0

02/05/1954

2 Horas de Interlagos (SP)

Bristol 1.991cc

90

Turismo - 1º lugar
Superesporte - 9º lugar

07/09/1954 I Prova de Velocidade Fundação da Cidade - Mogi das Cruzes (SP) Bristol 1.991 cc

?

AB

28/11/1954

Cem Milhas do IV Centenário - Interlagos (SP)

Ferrari 2000 cc

12

4º Lugar

29/03/1955

I Circuito de Pirajuí (SP)

Lancia Aurélia B20 1754cc

12

6º Lugar

11/12/1955

II Prêmio Prefeitura Municipal de S. Paulo - Interlagos (SP)

Ferrari 166MM 1.950cc

11

10º na geral e 2º na S-1.5

1956 - Passou a diretor da Comissão Desportiva Estadual do Automóvel Clube do Brasil - Seção São Paulo. A história dessa mudança está em uma reportagem publicada na Folha de São Paulo no mês de agosto de 1960 :

Acho um pouco fantasioso. A prova, que não dizem qual foi, pode ter sido a “Cem Milhas do IV Centenário” realizada em novembro de 1954, a ultima em que Juliano chegou em 4º lugar. Em 1955 participou de duas provas e depois só vamos ter notícias dele em 1956 já nomeado como integrante da Comissão Desportiva Estadual do Automóvel Clube do Brasil - Seção São Paulo, que era composta por: Francisco Marques; Osvaldo Fanucchi; João Luiz de Andrade; Mario Glauco Patti e ele, mas que por falta de apoio para a realização de competições renunciou coletivamente em maio de 56.
Em julho saiu no jornal:
A única novidade da semana foi a presença de Pedro Santalucia em São Paulo. O chefe do Departamento de Corridas do A.C.B. veio escolher nomes para a constituição da nova Comissão Desportiva de São Paulo. Missão bastante difícil. Não sabemos do resultado do trabalho de Pedro Santalucia, mas acreditamos que não tenha sido dos melhores, porque não são todos que se interessam e têm tempo para ocupar a presidência do órgão...” - Folha de São Paulo (22/07/1956)
Pedro Santalucia acabou nomeando outra comissão e dela faziam parte 4 membros, entre eles: Eloy Gogliano e Ângelo Juliano, “... elementos que, se quiserem, poderão mesmo trabalhar com eficiência para o beneficio do próprio automobilismo...” - Folha de São Paulo (29/07/1956)
Não encontrei como ele chegou à presidência da Comissão, por eleição ou indicação, mas na Revista 4 Rodas de setembro de 1961 tem uma reportagem e lá diz: “... em julho de 1956, quando o Sr. Ângelo Juliano tomou posse na presidência da Comissão Desportiva Estadual do Automóvel Clube do Brasil (Sucursal de São Paulo), era programa de sua meta desportiva a realização de um torneio sul-americano de automobilismo...”.
Não só o torneio, como nunca houvera um campeonato regular em São Paulo, Juliano também tinha como meta o “I Campeonato Paulista de Automobilismo”, que teria, e efetivamente teve, 7 provas, todas realizadas com muito sucesso, os pilotos se animaram. O veterano Arlindo Aguiar que havia se retirado das competições em 1952 retornou e numa reportagem disse:
“- ... aguardava que o automobilismo saísse da fase parada em que se encontrava. Felizmente isso veio com a gestão do Sr. Ângelo Juliano na Comissão Desportiva Regional neste feliz 1957. O automobilismo ganhou muito entusiasmo,... já temos um calendário seguro e que se executa à risca e com perfeição.” - Gazeta Esportiva (22/06/1957)

A partir de 56 sua loja passou a ser o verdadeiro QG do automobilismo, apesar de uma placa na escada dizendo: “Proibido discutir assuntos automobilísticos. Eles só podem ser discutidos das 20 às 22 horas, na sede do ACB, na avenida Brigadeiro Luiz Antônio.”
Eloy Gogliano, membro da comissão e também presidente do Centauro Moto Clube, se uniu à Wilson Fittipaldi e inspirados na “Mille Miglia” italiana criaram e realizaram a “I Mil Milhas Brasileiras” em novembro, Juliano por sua vez motivado pelo sucesso dessa prova e pretendendo reerguer a categoria Mecânica Nacional, criou outra: “500 Quilômetros de Interlagos”, inspirada na “500 Milhas de Indianápolis”, usando apenas o anel externo do autódromo.

1957 - Sobre a Mecânica Nacional tem uma matéria sobre Juliano publicada em 1960 dizendo:
“... em 1956, como foi dito, não existia praticamente automobilismo em São Paulo. Faltavam carros e, consequentemente, faltavam pilotos. Ângelo Juliano, porém, encontrou uma solução. Durante quatro meses seguidos correu o Brasil inteiro a procura de carros velhos, tipo Grand Prix ... comprava com seus próprios recursos... com os chassis todos em São Paulo e distribuídos (vendidos) tomou a segunda providencia: importou 23 motores Corvette e 3 Cadillac...” - Folha da Manhã (28/08/1960)
Desses carros o que tenho detalhes é o de Luiz Américo Margarido, Juliano comprou a
Talbot Lago T26C de Pinheiro Pires (RJ), que antes havia pertencido ao francês Jean Achard e nela instalou um dos motores Cadillac, vendendo-a depois para Margarido que a estreou com um 5º lugar na quinta prova do Cinquentenário do ACB em agosto.
A idéia da prova “500 Quilômetros” foi abraçada pela empresa Folha de São Paulo que junto com o Departamento Desportivo (Juliano) organizou e conseguiu patrocínio da COFAP; Metal Leve e Willys Overland do Brasil. Marcada para o dia 7 de setembro fazia parte das comemorações da Independência do Brasil.
No lançamento da prova em junho o Gal. Santa Rosa, presidente do Automóvel Clube do Brasil, declarou:
“Indiscutivelmente os paulistas dão mais uma mostra de que são pioneiros. Sem iniciativas particulares como esta que é tomada não poderiam, efetivamente, existir em nossa terra promessas de dias melhores para o automobilismo e para a indústria nacional. O A.C.B. sente-se orgulhoso de prestigiar essa realização...” - Folha da Tarde (23/06/1957)
Antes do final do ano os amigos já tinham transformado o apelido “Mosquito” em “Mosquito Elétrico”. Perguntado certa vez se conhecia Ângelo Juliano, Caetano Damiani respondeu:
“- Ângelo Juliano? Claro que conheci, era o “Mosquito Elétrico”, ele não parava, era agitado, nervoso, sempre fazendo alguma coisa, dentro ou fora do automobilismo.”
No entanto Juliano não conseguiu realizar o “Torneio Triangular Sul-Americano” em 57.

1956 - Vitória de Agnaldo de Goes Filho na "Prova Aniversário ACB"
Acervo: Família Goes
1957 - Acompanhando entrevista com Luiz Valente apresentando carro novo
Acervo: Família Valente
1957 - Lançamento da "500 Quilômetros de Interlagos", Gal. Santa Rosa
Fonte: Folha da Tarde

1957 - ""IV Prova Cinquentenario do ACB - Ciro - Valente e Nilson
Acervo: Família Valente

1958 - Foi fundada a Associação Brasileira de Volante (ABV) e Juliano foi um de seus fundadores e presidente: “- O movimento é de todos os volantes do Brasil ... Vamos lutar por nossas reivindicações e interesses: casos de acidentes, seguro para o volante, defesa de nossos interesses junto ao Automóvel Clube do Brasil e, principalmente, criar a mentalidade de classe entre os corredores. A ABV funcionará em defesa de seus associados tanto no Brasil como no exterior, onde competimos e temos interesses também.” - Tribuna da Imprensa (08/01/1958)
Lançou o “II Campeonato Paulista de Automobilismo” com 7 provas, além do “500 Quilômetros de Interlagos” e a prova internacional.
O campeonato foi novamente um sucesso, o “500 Quilômetros” teve manchetes como essa da Folha da Noite:
“Completo êxito dos 500 Quilômetros de Interlagos”. Já a prova internacional deu muito, mas muito trabalho, Juliano teve que fazer inúmeras viagens à Montevidéu e à Buenos Aires para tratativas com a Associação Uruguaia de Volantes e o Automóvel Clube Argentino para escolha dos pilotos, definição do regulamento, de custos e pagamentos, teve datas remarcadas, pilotos trocados, etc... Só no final do ano ficou tudo resolvido e a primeira prova do “I Torneio Triangular Sul-Americano” para carros da Mecânica Nacional foi realizada em Interlagos no mês de novembro, as duas outras foram no início de 1959, a de Montevidéu seria dia 18 de janeiro, mas foi adiada para 22 de fevereiro (veja porque) e a de Buenos Aires foi em 1 de março.

1959 - Em maio se demitiu dos cargos de vice-presidente da Diretoria e de presidente da Comissão Desportiva da Associação Brasileiro de Volantes (ABV), continuando apenas como conselheiro.
Em agosto pediu afastamento da presidência da Comissão Desportiva Estadual do Automóvel Clube do Brasil (Sucursal de São Paulo) para tentar competir na Europa. Embarcou em 20 de agosto com o amigo Chico Landi. Retornou antes de Chico, sem ter corrido, mas com muitos contatos com pilotos e dirigentes visando realizar provas internacionais no Brasil. Aqui chegando retomou os contatos com uruguaios e argentinos para realização do torneio
internacional.

1958 - Entregando troféu para Luiz Américo Margarido
Acervo: Família Margarido
1959 - Em trabalho na Comissão Desportiva
Fonte: Carros a Vista
1959 - Conversando com Antonio Mendes de Barros
Fonte: Carros a Vista
 

1960 - "II Circuito de Piracicaba"
Baby Barioni, Arnaldo Ricciardi, presidente da Comissão Organizadora, Angelo Juliano, represente do A.C.B. e Salgot Castillon, prefeito municipal.
Fonte: A Província

1960 - Realizou, em Interlagos, a primeira etapa do “II Torneio Triangular Sul-Americano” no mês de janeiro, ficando as outras duas para maio em Buenos Aires e Montevideu.
Abriu o “III Campeonato Paulista de Automobilismo” com o “II Circuito de Piracicaba”:
“... mostrou-se entusiasmado com a competição afirmando que espera reunir mais de trinta carros. Salientou que o fato de ser essa a prova de abertura da temporada oficial de São Paulo e ainda de contar pontos para o campeonato paulista teve influencia decisiva para aumentar o interesse dos pilotos que desejam manter-se fiéis à disputa do campeonato e consequentemente, de participar de todas as provas correspondentes ao certame.” - Jornal dos Sports - RJ (11/03/1960)
Nas festividades de inauguração de Brasília foi realizado um Grande Premio, idealizado por Manuel de Teffé:
“Quanto ao êxito técnico do “G.P. Presidente Juscelino Kubitschek” não tenho duvidas. Entreguei a organização a conhecidos e “experts” no assunto, Francisco Perdigão e Euclides de Brito, ambos da Comissão Desportiva do Automóvel Clube do Brasil e Ângelo Juliano, presidente da Comissão Estadual, seção de São Paulo, do ACB. São homens experientes e de uma dedicação ilimitada...” - Correio da Manhã - RJ (07/04/1960)
Na realização do GP, Juliano foi designado como comissário do ACB, sendo o árbitro de largada da prova principal, mas...
“... Sem a autorização da cronometragem, que ainda tomava providencias preliminares para segurança de controle da prova, o Sr. Ângelo Juliano, precipitando-se, autorizou a partida. Disso resultou grande confusão ... não fosse a presteza com que os rapazes comandados por Murilo Alves se recuperaram para controlar a corrida com a mesma eficiência de sempre, mas a partir da segunda volta. O tempo global da prova possibilitou o calculo de tempo para a primeira volta.” - Ultima Hora - RJ (25/04/1960)
Em junho esteve no Rio de Janeiro com o Gal. Santa Rosa apresentando os nomes de Aldo Daprat, Agnaldo Araújo de Góes Filho, José Gimenez Lopes e Wilson Kagnani para a Comissão Desportiva em São Paulo. O Gal. Santa Rosa aprovou e o manteve na presidência.

1961 - Em janeiro foi realizada no autódromo de Interlagos (SP) a primeira etapa do “III Torneio Triangular Sul-Americano”, a seguinte seria em Buenos Aires. Seria, mas... 
“... os brasileiros, sem argumentos que pudessem ser considerados sequer aceitáveis, deixaram de participar (e provocaram o cancelamento) da segunda rodada do Torneio Sulamericano que devia ser efetuada em Buenos Aires... foi cancelada em vista da “ausência dos brasileiros”. Tal cancelamento “em cima da hora” ocasionou um prejuízo de 520 mil pesos ao Automóvel Clube Argentino.” - Folha de São Paulo (10/12/1961)
Na verdade os pilotos brasileiros indicados: Ciro Cayres, Celso Lara Barberis, Antônio Carlos Aguiar e Camillo Christofaro estavam sem carro à altura para enfrentar os “platinos”. Tentaram até a ultima hora, mas sem auxilio oficial optaram por não ir. Não foi “de repente”, foi enviado mensagem e as datas foram adiadas “sine-die”, depois foram remarcadas para 5 e 12 de novembro, mesmo assim o problema não foi resolvido
Foi fundada a Federação Paulista de Automobilismo (FPA) em julho. Pouco depois, em agosto, foi fundada a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) (clique e veja mais)
Depois da fundação da CBA a Sucursal São Paulo do ACB foi transformada em Automóvel Clube Estadual de São Paulo (ACESP) ficando como seu presidente Oscar Malzone, logo após Juliano pediu demissão da presidência da Comissão Desportiva, saindo também os demais membros:
“ O Sr. Ângelo Juliano ocupava o posto de presidente da Comissão Desportiva desde 1956, quando elaborou um programa que, concretizado à risca, fez renascer, não apenas em São Paulo, mas em todo o país, o automobilismo esportivo...” - Folha de São Paulo (27/09/1961)
Ocupava também a presidência do Conselho Deliberativo, da qual não se afastou, então o Automóvel Clube Estadual o enviou à Buenos Aires para tentar a realização do “IV Torneio Triangular Sul-Americano”, afinal ele era “velho” conhecido dos “”hermanos”, além de criador do Torneio.

1962 - O “IV Torneio Triangular Sul-Americano” acabou não acontecendo, Juliano não chegou a um acordo com argentinos e uruguaios.

O ACESP havia comprado a sede do ACB em São Paulo, e em 7 e 8 de abril realizou o Festival Automobilístico ACESP que constava de 8 provas, em Interlagos.
A briga pelo mando do automobilismo continuava, o ACB detinha, ainda, a filiação à FIA, sendo que a CBA reivindicava essa filiação, disputa que se refletia em São Paulo.

1963 - Aconteceram eleições no Automóvel Clube Estadual e é reeleito Oscar Malzone, tendo como vices, Ângelo Juliano e Piero Gancia.
Em 7 de setembro na prova “500 Quilômetros de Interlagos”, na qual Ângelo era o diretor de prova, aconteceu um acidente fatal com Celso Lara Barberis, de quem Juliano era muito amigo:
“- Tenho a certeza de que Barberis morreu feliz. Deixou sua vida na pista de automobilismo para a qual sempre viverá.” - Correio da Manhã - RJ (10/09/1963)
Participou em novembro da organização do “Rallye Salvador-Rio”, do qual fez o levantamento de todo o percurso (1.670 Km) e foi o Diretor Técnico. Patrocinado pelo DNER (hoje: DNIT) que pretendia mostrar com a prova ser possível ir de Salvador (BA) até o Rio de Janeiro em dois dias sem precisar ultrapassar os limites de velocidade das estradas. Foi um sucesso.

1965 - Foi eleito presidente da Associação Paulista dos Volantes de Competição (APVC)

1966 - O Automóvel Clube Estadual de São Paulo (ACESP) mudou o nome para Automóvel Clube Paulista (ACP) e teve novas eleições:
“ Depois de mudar de nome, o Automóvel Clube Estadual de SP mudou também de presidente: sai Oscar Malzone, que sempre procurou entravar o automobilismo, e entra Ângelo Juliano, um lídimo esportista que sem duvida acabará com as ultimas briguinhas. Sua luta será para a pacificação total do nosso automobilismo, pois isso ele sempre desejou.” - Correio da Manhã - RJ (21/08/1966)
A tão esperada pacificação ente ACB e CBA estava dando sinais de que iria acontecer, em agosto o Gal. Santa Rosa emitiu uma carta manifesto:
“O Automóvel Clube do Brasil não abre mão de sua filiação Internacional, entretanto, está disposto a ceder, em caráter irretratável, o poder desportivo à Confederação Brasileira de Automobilismo. O ACB se abstém de participar de corridas, passando a exercer somente as demais atribuições estatutárias, que a filiação internacional lhe confere. Em tal caso, a pacificação far-se-ia com o sacrifício do Automóvel Clube do Brasil em omitir-se da prática de seu desporto, porém sem abrir mão de prerrogativas que lhe pertencem há mais de 50 anos. - Correio da Manhã - RJ (28/08/1966)

1967 - Premiação da "Mil Milhas" para Luiz Pereira Bueno
Fonte: Gazeta Press

1967 - Em uma reunião na sede do ACB com o Gal. Silvio Américo Santa Rosa, presidente do ACB, Amílcar Laurindo Ribas, presidente da Comissão Desportiva Internacional do ACB, Oscar Muller, presidente da Federação Carioca de Automobilismo, Dr. Carlos Muller, dirigente do Automóvel Clube da Guanabara, Mário Ferreira Dias, presidente do Automóvel Clube da Guanabara e Ângelo Juliano, representante do Automóvel Clube Paulista, assinaram um protocolo selando um acordo provisório.
Primeiro efeito do acordo foi o pedido do ACB à Fédération Internationale de L’Automobile (FIA) para conceder anistia aos pilotos brasileiros punidos internacionalmente por participarem de corridas promovidas por entidades sem vinculo ao ACB, a lista de pilotos paulistas foi levada ao ACB por Juliano, que sempre procurava se posicionar ao lado dos interesses dos pilotos.

1969 - Por unanimidade e pela terceira vez consecutiva Juliano foi eleito presidente do Automóvel Clube Paulista (ACP).

1970 - Foi finalmente assinado o acordo de pacificação do automobilismo. Acordo assinado em 26 de maio de 1970 por Mário Amato representando o presidente da CBA, Mauro Salles, que por razões profissionais estava nos EUA, e pelo presidente do ACB, Gal. Silvio Américo de Santa Rosa. Com esse acordo a filiação esportiva junto à F.I.A. passava à CBA ficando os assuntos relativos à circulação internacional de veículos de turismo com o ACB, uma vez que por decisão judicial o mando nas corridas nacionais já era da CBA desde 1965.
Filiou o ACP à Federação Paulista de Automobilismo para continuar promovendo provas.
Em dezembro foi diretor da prova “Copa Brasil” e disse sobre a política complicada, suja e cheia de interesses que estava dominando o automobilismo (em sua opinião):
“- De cada dez pessoas que estão no automobilismo, nove são delinquentes que querem viver às custas dele e um está por engano. A salvação é gente nova, para mudar tudo.” - Revista Placar (jan/1970)
Os jornais, em geral, elogiaram muito a organização da prova:
“Ângelo Juliano, presidente da entidade que deu “show” de organização na ultima “Copa Brasil Internacional de Automobilismo.” - Diário da Noite - SP (06/01/1971)

1971 - Entrevista após Copa Brasil
Fonte: Diário da Noite (RJ)

1971 - Dando bandeirada para Luiz Pereira Bueno no "XII 500 Quilômetros"
Fonte: Internet

1971 - Promoveu pelo ACP e foi o diretor de prova do "XII 500 Quilômetros de Interlagos" em 7 de setembro, que teve vitória da dupla Luiz Pereira Bueno e Lian Duarte com o Porsche 908/2 da Equipe Hollywood.

1972 - Em novas eleições foi eleito vice-presidente do ACP na chapa de Cármine Maida.
Foi a Portugal contatar pilotos europeus para correr a prova “500 Quilômetros de Interlagos”. A equipe portuguesa Team Palma veio ao Brasil, além de pilotos italianos, alemães, suíços e argentinos, num total de 17 estrangeiros.

Conforme relatos de sua filha, eles fecharam a “Auto Peças Tropical” na época do governo de Juscelino Kubitischek (31 de janeiro de 1956 - 31 de janeiro de 1961), sem no entanto precisar datas, disse apenas que com a chegada da indústria automobilística não compensava manter a loja e alugaram o prédio.

Quando da fundação do ACP eles ocuparam um casarão que era do ACB na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, com o progresso da região os donos do imóvel quiseram vender ao ACP, mas não houve interesse. Juliano então soube de três senhoras de idade que queriam vender um imóvel na Av. Brasil e se interessou, oferecendo ao ACP. Junto com os diretores do Conselho Deliberativo resolveram comprar, depois de uma reforma e feitos todos os tramites legais, a prefeitura aprovou e o ACP se mudou e abriu a nova sede em 9 de Novembro de 1969. Passou a ser a menina dos olhos dele, considerava uma de suas grandes realizações.

Depois do ACP, de onde saiu por volta de 1974, foi sócio de uma agencia VW no Alto da Lapa em São Paulo (SP).

Depois da agencia VW, ainda nos anos 70, resolveu montar uma indústria de rodas de liga leve, em Várzea Paulista, modelo que havia trazido de Milão (IT), mas por esse tempo começou a enfisema pulmonar, creio que quando chegaram as maquinas para fazer as rodas e como não teve entendimento com o sócio, acabou desistindo e vendendo o prédio e tudo mais para o “Rodão”, e ficou parado, vivendo dos alugueis e da compra e venda de carros, em sua casa ou na loja de um amigo na Rua Barão de Limeira.

Nas eleições para 1990 do ACP, aos 72 anos, indicado e incentivado por Cármine Maida e Morales Filho (ex presidentes) se candidatou tendo Emilio Zambello como vice, e ganharam, voltando assim ao clube à que tanto havia se dedicado. Ficou até 1993 quando veio a falecer. Em seu lugar assumiu Emilio Zambello.

Em 1983, aos 65 anos, numa aventura extraconjugal engravidou uma mulher, mas manteve segredo disso até 1993 quando já hospitalizado e na UTI, numa visitação apareceu o garoto, já com 10 anos, e a mãe, ai se desculpou, pediu perdão à família, e disse que não gostaria de deixar o garoto desamparado, então a filha prometeu que se o exame DNA confirmasse ele teria todos os direitos. Confirmada a paternidade ele recebeu o sobrenome do pai.

Por essa época Ângelo Juliano faleceu, aos 75 anos de idade, vitima de enfisema pulmonar em 17 de novembro de 1993 no Hospital São Camilo, sem ver seu pedido realizado. (relatos de sua filha em 2018)

"- Ângelo Juliano, querido amigo e figura esquecida, sem ele acho que não haveria corridas depois de 1955. O Ângelo era o cabeça do automobilismo, organizava as corridas, tomava conta de tudo e até dava as bandeiradas de partida e chegada. Brincando chamava-o de “mosquito elétrico”. era um grande amigo, um amor de pessoa, quando corri em Monza ele estava lá junto com Chico Landi." - Fritz D'Orey (pelo Messenger em 2018)
 

 

 

  
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