Página acrescentada em 01 de maio de
2008
Nasceu em São Paulo (SP) no dia 27 de abril de 1928, mais precisamente na Rua das Olarias no Bairro do Canindé, e foi lá que passou a infância, a juventude, enfim, a vida toda. Seu avô tinha uma olaria no bairro e um automóvel Reo 1928 em que Camillo já aos 4 ou 5 anos adorava passear. Sua mãe, Dna. Esperança, era irmã de Chico Landi, na época mecânico e posteriormente se consagrou como corredor de automóveis. Aos 12 anos estava presente na inauguração do Autódromo de Interlagos (12/05/1940) e assistiu ao tio chegar em 2º lugar na prova “Grande Premio de São Paulo” que nessa edição contou com pilotos estrangeiros. Seu outro tio, Quirino Landi, também participou.
Fez o
curso primário e o secundário no próprio bairro e depois foi estudar
no SENAI no Bairro do Brás (torno, fresa e plaina). Aos 14 anos
começou a trabalhar, inicialmente de ajudante numa oficina mecânica
na rua onde morava, aos 15 anos a família mudou-se para a Rua Itaqui,
mesmo bairro, aos 18 anos foi prestar serviço militar (Exercito) e
ao dar baixa tirou carteira de habilitação, apesar de já guiar,
esporadicamente, desde os 16 anos o caminhão de seu tio Paschoal
Landi. Com a habilitação passou a trabalhar com o tio nas estradas,
ficou guiando caminhão até os 23 anos (1951). Mantinha colado no
pára-brisa do caminhão uma foto de um carro de corrida Alfa Romeo da
década de 30 do tipo “Grand-Prix”.
Aos 24 anos, (1952), montou oficina própria e também se casou com Dna. Wilma. Pouco depois começou a construir o seu carro de corrida, um monoposto Mecânica Nacional usando a estrutura do chassi de um Alfa Romeo, com motor Ford e o resto montado a partir de peças de diversas origens, além de uma carroceria feita por ele mesmo. Levou quase 3 anos para construir o carro que recebeu o nº 18 em homenagem à esposa, era a data de seu aniversário (18/06), e seu filho gostava de ver gibis e adorava as histórias dos lobinhos, Camillo então mandou pintar um lobinho no carro, que ganhou o apelido de “Lobinho”, com o tempo a figura foi sendo modificada e ganhou até mesmo um capacete e a equipe foi ficando conhecida como “Escuderia Lobo”, e ele mesmo com o tempo passou a ser chamado de o “Lobo do Canindé” Na primeira corrida em 1956 o carro quebrou, depois transformou o carro em biposto, rebaixou, trocou a grade e reestreou o carro no “Prêmio Benedicto Lopes”, depois fez mais 3 corridas, todas com bons resultados.
Já na
prova inicial de 1957 obteve sua primeira vitória: “I Prova do Cinquentenário do ACB”. No ano de 57 teve também seu primeiro
acidente sério, na “IV Prova do Cinqüentenário do ACB” vinha em
segundo perseguindo o líder,
Celso Lara Barberis, quando a manga de eixo se partiu e o carro
sem a roda dianteira esquerda foi de encontro ao barranco, Camillo
por sorte nada sofreu.
Em
seguida, Djalma o convidou para correr a “II Mil Milhas Brasileiras”
em dupla na sua carretera, foi sua primeira corrida em carretera,
mas durante a corrida um cavalo atravessou a pista e Djalma numa
manobra brusca para desviar acabou capotando e caindo do barranco
entra as curvas 1 e 2, vindo a falecer.
Na “III
Mil Milhas Brasileiras” em 1958 Camilo ia correr em dupla com Jair
de Melo Vianna na carretera dele, comprada de Irani Iervolino, mas a
caminho de um treino (as carreteras tinham placa, iam andando até a
pista), bateram com um Buick e Jair morreu, três mecânicos se
feriram, um com gravidade, uma passageira do outro carro também
faleceu, e Camillo teve escoriações. Começou o ano de 1959 com uma vitória na prova "Presidente do ACB" em Interlagos com a Alfa Romeo/Corvette, Já na “IV Mil Milhas Brasileiras” em 1959 (31 anos) fez dupla na carretera nº 84 de José Gimenez Lopes em substituição ao tio Chico que nesse ano correu em dupla com Jean Louis Lacerda. Ele e Gimenez Lopes chegaram em 2º lugar, seu tio abandonou a prova por problemas mecânicos.
Em 1960 depois de participar de 3 provas, com uma vitória, participou do "GP Juscelino Kubitschek" disputado no Eixo Rodoviário Sul de Brasília. Essa prova fazia parte dos festejos da inauguração da nova capital do Brasil. Eram duas retas com dois retornos e os carros iam e vinham. Venceu Jean Louis Lacerda, Camillo ficou em 9º lugar.
E
naquele ano fez novamente dupla com o tio Chico em julho, agora ao volante de um FNM/JK na prova “I 24 Horas de Interlagos” (só carros nacionais), em
setembro comprou a carretera de Gimenez Lopes e correu a “V Mil
Milhas Brasileiras” ao lado de
Celso Lara Barberis, e a poucas voltas do final (192 de 201)
estando na liderança, a carretera parou pouco antes dos boxes, foi
empurrada até seu box, mas não houve jeito de fazê-la funcionar novamente,
então a equipe toda empurrou a carretera para cruzar a linha de
chegada e garantir o 4º lugar. No ano seguinte (1961) estreou seu novo Mecânica Nacional, uma Maserati/Corvette com vitória no “Circuito de Piracicaba” (SP), o carro anterior, Alfa Romeo/Corvette, vendeu para Justino de Maio. No ano de 1961 faz algumas modificações na carretera, a mais visível foi rebaixar o teto, e na “VI Mil Milhas Brasileiras” correu novamente em dupla com Celso Lara Barberis, depois em julho de 1962 vendeu a carretera para Catharino Andreatta, do Rio Grande do Sul, correu mais duas vezes ao lado de Chico Landi com carro FNM/JK, uma delas foi vitória na prova “ I12 Horas de Interlagos”. Nesse ano comprou uma Ferrari/Corvette que alugava/cedia para pilotos que traziam patrocínio.
Em 1962
correu a primeira edição da "12 Horas de Interlagos" em dupla com o
tio Chico Landi, com um FNM/JK e
venceram a prova, ai quando em abril antes da realização de uma
prova do ACESP, essa passou a exigir o uso de “Santo Antônio” nos
carros de competição, em especial as carreteras, Camillo se rebelou
e liderou um movimento contra, na verdade não contra o acessório mas
contra o exíguo tempo para providenciar, sendo seguido por alguns
pilotos, o "quiproquó" foi grande e a competição foi suspensa,
recebeu suspensão por um ano, mas em nível internacional, o que não
afetou em nada a carreira dele.
Em 1963 venceu novamente a “12 Horas de Interlagos”, dessa vez ao lado de Antonio Carlos Aguiar e Décio D’Agostino, tornando-se bicampeão da prova, aí pegou seu Chevrolet 1937 e começou a construir a sua própria carretera, a famosa 18, que o consagraria definitivamente, fez a estréia na prova “1600 Quilômetros de Interlagos” (63) ao lado de Antonio Carlos Aguiar, 6º lugar.
Em 1964 começou com três vitórias: "GP Rogê Ferreira", "Prova Constantino Cury" e "GP Vitória da Democracia", todas com Mecânica Nacional, ai em agosto, no "I Mil Quilômetros de Interlagos" em dupla com Antonio Carlos Aguiar usou novamente o carro Porsche 356C, mas não foram muito bem, 14º lugar.
Até
então sua prioridade eram as corridas de Mecânica Nacional, mas com
a diminuição das corridas, afinal já estavam ficando obsoletas,
passou a correr com mais freqüência com sua carretera e a foi
aperfeiçoando cada vez mais, até que para a “VII Mil Milhas
Brasileiras” em 1965 usou a suspensão traseira da Ferrari de
Aguinaldo de Goes Filho, com
que o piloto “Rio Negro” (Fernando Antonio Mafra Moreira) sofreu um
acidente fatal na saída da Curva 1 durante o “Festival
Automobilístico ACESP” em 1962, prova em que também participava.
Em 1966 começou o ano vencendo 2 provas do Campeonato Paulista, nas duas categorias, em junho participou das 2 provas do “GP IV Aniversário APVC”, nas duas categorias: TFL (carretera) e MN (Maserati/Corvette), prova que acabou sendo a última da categoria Mecânica Nacional, a partir de então passou a correr só com a carretera. No "Premio Aniversário do ACESP" correu com a carretera e foi 2º lugar.
"- Não fique assim, você é novo, ainda vai ganhar muitas corridas". Recorda Celidonio.
Em 1967 fez 5 provas, inclusive a “IX Mil Milhas Brasileiras”, novamente em dupla com Eduardo Celidonio, não terminaram a prova. Nesse ano também nasceu sua filha Vilma. Em 1968 com Interlagos fechado para reformas, fez provas no Paraná, Rio de Janeiro e Brasília, esta com um BMW em parceria com Ubaldo César Lolli.
1969 - Com Interlagos ainda em reformas, fechado, participou de apenas uma corrida no Paraná: "Prova Namorados no Autódromo".
1970,
com a reabertura de Interlagos voltaram as corridas, mas Camillo também
correu no Paraná e na inauguração do Autódromo de Tarumã (RS), onde,
apesar de ter largado em ultimo, pois chegou na véspera e não
treinou, terminou atrás apenas do Fúria de
Jayme Silva e do Bino Mark II de
Luiz Pereira Bueno, dois carros
construídos por Toni Bianco.
Camillo
correu com a carretera até 1971, sempre introduzindo melhoramentos,
a categoria TFL já não existia mais, seu carro enquadrava-se na
Divisão 4 (protótipo nacional com motor estrangeiro).
Sua última corrida com a carretera foi a 1ª etapa da Copa Brasil de 1971 (11/12), aí a partir da 2ª etapa (18/12) estreou o protótipo Fúria/Ferrari que havia encomendado ao carrozieri Toni Bianco, fez apenas 2 corridas com esse motor, para se adaptar ao regulamento trocou por um motor Dodge Chrysler nacional, correu com ele os anos de 1972 e 73.
A partir da “XI Mil Milhas Brasileiras” em 1973 passou a usar um Maverick Ford V8, até que em 1975, aos 47 anos, realizou um de seus sonhos, correr em dupla com o filho Camilinho, então com 22 anos, na prova ”6 Horas de Interlagos” correram com o Maverick da “Escuderia Lobo” e estavam na liderança quando faltando menos de 1 hora para terminar Camillo recebeu placa para pit-stop na próxima volta, só que na Curva do Sol perdeu o traçado e colocou uma roda na grama ainda molhada da chuva, o Maverick escapou e bateu no guard-rail externo e devido à velocidade foi parar sobre o guard-rail interno, o carro ficou dobrado ao meio, chegou ao box falando que era um “salame”, que corria a mais de 20 anos e cometera uma besteira. Diz a lenda que ele contou depois que emocionado por estar correndo com o filho e liderando ao passar por um piloto amigo, “Toco”, acenou como nos “velhos” e bons tempos quando o adversário também era um amigo, foi uma pequena distração, mas o suficiente para perder o traçado e escapar da pista.
Continuou correndo de Maverick o Campeonato de 1975 e fez 3 provas do Campeonato de 1976, aí parou de correr, mas não de preparar carros, continuou com a oficina, com a equipe e passou a se dedicar à carreira do filho que competia no Brasileiro de Marcas e na Stock Car.
13 anos
depois, em 1989, já com 61 anos, Camilinho (36 anos) o convenceu a
correr mais uma, a “XIX Mil Milhas Brasileiras”, correram em trio:
Camillo, Camilinho e Americo Beertini com um Chevrolet Opala
equipado com cambio Corvette e um motor de aproximadamente 300
cavalos.
Foi esta então sua última corrida e que por coincidência também foi a última “Mil Milhas” realizada no circuito antigo, no final daquele ano Interlagos foi fechado e a pista reformada e reduzida (mutilada) de 7.873,8 para 4.309 metros. No início de 1994 uma revista de automobilismo levou Camillo, Fritz D’Orey e Eugenio Martins para realizarem testes em carro de rua em Interlagos, foi talvez a última vez que Camillo guiou no Autódromo, em 28 de agosto daquele mesmo ano Camillo faleceu, aos 66 anos de idade. “- Mais importante ainda que o troféu é o prêmio em dinheiro. Não entro para perder em nenhuma corrida.” Costumava dizer quando questionado sobre os troféus”.
(“falas” do Camillo foram copiadas de uma reportagem/entrevista realizada
por Roberto Negraes em set/86)
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