Página acrescentada em 11 de outubro de 2005. - Atualizado em
setembro de 2020.
Roberto Magalhães Gallucci
por
Paulo Roberto Peralta
Nasceu
no Rio de Janeiro no dia 12 de março de 1934, filho de um fazendeiro
de café, João Magalhães do Prado, que após perder a fazenda mudou-se
para São Paulo. Roberto, aos 17 anos, falsificou os documentos para
tirar carta de motorista e logo comprou um velho caminhão para
transportar bananas do litoral para a Capital e em seguida passou a
fazer o transporte de imigrantes nordestinos que vinham tentar a
sorte em São Paulo, o chamado “pau-de-arara”, entre uma viagem e
outra começou a comercializar automóveis, trabalhava na região da
Avenida Rio Branco em São Paulo, tradicional ponto, na época, de
comércio de automóveis, e foi nessa atividade que se fixou após
parar com o caminhão.
Começou a correr em 1960, com 26 anos, já casado com Dona Deise e morando
na rua França Pinto no bairro de Vila Mariana.
Sua estréia foi com
um carro DKW Vemag fazendo dupla com o gaúcho Flavio Del Mese e não foi
boa: capotou o carro. Mas não desistiu, voltou a correr, dessa vez com um carro Simca e foi primeiro em sua categoria em Poços de Caldas (MG).
Excelente mecânico preparador, montou uma oficina própria no bairro
de Pinheiros, à rua Joaquim Antunes, só para seus carros e dos
amigos mais próximos.
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1961 - Largada tipo “Le Mans” para a
24 Horas de Interlagos |
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1962 - 12
Horas de Interlagos
FNM/JK depois do acidente |
Em 1961 passou a correr regularmente, inicialmente com carro FNM/JK em dupla com
Antonio Carlos Aguiar; depois se inscreveu no
“IV 500 Quilômetros de Interlagos” em dupla com Arnaldo Pacini na Maserati
250F com motor Corvette com que
Luiz Américo Margarido havia
se acidentado gravemente no ano anterior e que foi comprada por Pacini e recuperada por
Victor Losacco.
Pacini estava inscrito em dois carros, o outro era
uma Maserati Esporte com a qual faria dupla com
Waldemar Santilli, mas ele
capotou num treino (veja
aqui reportagem e fotos da época). Impressionado, Pacini desistiu de correr,
mas Gallucci correu, seu carro tinha a assistência de box de
Victor Losacco,
que, devido uma manobra desastrada do corredor Jaime Guerra, foi atropelado e faleceu em consequência dos ferimentos. Gallucci,
estreante na categoria e que já não vinha bem, resolveu abandonar a
prova. Foi sua primeira corrida com carro de fórmula.
Correu ainda em 61 na "VI Mil MIlhas Brasileiras" com FNM/JK em
dupla com o petropolitano Álvaro Varanda. Não consegui detalhes de
sua participação e resultado.
Começou
1962 participando com o FNM/JK da prova "12 Horas de Interlagos" em
parceria com Eugênio Martins,
abandonaram por acidente. No final de 1961 havia comprado a carretera de Ivo Rizzardi e
em maio de
1962 foi participar de uma prova de estradas na cidade de Bagé (RS)
em dupla com Caetano Damiani, a “200 Milhas de Bagé”,
mas nos treinos do
dia anterior bateu e entortou o eixo. Depois de uma noite inteira
consertando Caetano desistiu de correr, então Gallucci largou sozinho e
ainda chegou em 6º lugar. Sua primeira corrida com uma carretera.
Comprou
a Ferrari Monza (cat. Esporte) de
Paschoal Nastromagario, mas logo a
revendeu e comprou a Maserati 250F Mecânica Nacional de Arnaldo
Pacini, pois seu sonho era correr com carro de fórmula, e a estreou,
então sua, em 1962 numa prova do “Festival Automobilístico do ACESP”;
as outras duas provas foram: "I Circuito de Araraquara" (SP) e "I 3
Horas de Velocidade" em Interlagos com um carro Lancia D20.
Venceu a prova "V 500 Quilômetros de Interlagos" com a Maserati/Corvette,
no mesmo mês foi ao Rio de Janeiro e participou da "I 6 Horas da
Guanabara" em dupla e com o Simca Chambord de Ignácio Terrana.
Voltou a correr,
"I 500 Milhas de
Interlagos"
dessa
vez em quarteto: ele, Bird Clemente,
Celso Lara Barberis e Dráuzio Brandão em seu carro Lancia D20 e
em trio: ele, Bird Clemente e
Celso Lara Barberis na
Ferrari 250 de Celso. Os dois carros quebraram e não terminaram.
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1962 - Festival Automobilístico ACESP
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1962 - 3 Horas de Velocidade em
Interlagos/SP
com o Lancia D20 |
1962 - 500 Milhas de Interlagos
com a Ferrari 250 MM Coupê |
Na 500 Milhas de 1962 participou também
com essa Lancia D20 |
Em 1963
começou participando de uma prova em Passo Fundo (RS) com a
carretera, ficou em 4º lugar no "GP Estrada da Produção, prova
vencida por Vitório Andreatta;
em seguida "II 12 Horas de Interlagos" com Mario Olivetti em um FNM/JK
e "II Premio Aniversário ACESP" quando participou de duas provas, a
de Mecânica Nacional com a Maserat/Corvette (2º lugar) e a de
carreteras com a Chevrolet/Corvette (AB).
Em setembro participou e venceu novamente o "VI 500 Quilômetros de
Interlagos" com a Maserati/Corvette, se tornou bicampeão na prova em
que faleceu Celso Lara
Barberis, que era tricampeão, da prova. A comemoração foi
discreta.
Encerrando o ano participou do "I 1.600 Quilômetros de Interlagos"
em dupla com Euclides Pinheiro na carretera Chevrolet/Corvette (9º
lugar na geral).
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1963 - 500
Quilometros de Interlagos
Largada |
1963 - 500
Quilômetros de Interlagos
Chegada |
1963 -
Comemoração |
1964 -
Entrevista |
Sua vida
era muito controvertida, em 15 de janeiro de 1964, se envolveu numa
discussão e acabou por matar a tiro seu desafeto, como foi em
legitima defesa acabou libertado por força de um “habeas corpus”,
ficou um tempo sem correr mas não abandonou as corridas.
Em 1964
não participou da "VII 500 Quilômetros de Interlagos" pois o
regulamento havia sido alterado para carros de turismo e usando o
circuito completo, não mais pelo anel externo. Por essa época deu
uma entrevista onde disse:
"- Se as coisas continuarem assim, não correrei
mais. É desperdício
ter uma carretera e um
Maserati/Corvette na
garagem para correr duas vezes por ano."
No mesmo mês do 500 Km participou e venceu a "250 Milhas de
Interlagos" com a Meserati/Corvette,
amigo de
Nicola Papaleo, outro militante
doa Mecânica Nacional,
criaram uma equipe, só de brincadeira, chamada “Papalobo”,
trocadilho do sobrenome Papaleo com “Lobo do Canindé” (equipe do
Camillo Christofaro).
Depois nova vitória no "Premio John Kennedy" outra vez com o
Mecânica Nacional; semana seguinte foi ao Rio de Janeiro disputar,
na Barra da Tijuca, da prova "500 Quilômetros da Guanabara" em dois
carros: com Walter Hahn Jr no Simca Rallye nº 88 (6º na geral) e com
Ivo Noal no Simca Rallye nº 17 (15º na geral).
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1964 - 250
Milhas de Interlagos
Disputando com
Luiz Valente |
1964 - 250
Milha de Interlagos
Com dedicatória ao amigo
Nicola Papaleo |
1964 - No
cockpit de sua Maserati/Corvete |
Sua vida
era muito controvertida, em 15 de janeiro de 1964, se envolveu numa
discussão e acabou por matar a tiro seu desafeto, como foi em
legitima defesa acabou libertado por força de um “habeas corpus”,
ficou um tempo sem correr mas
continuou nas corridas.
Em 1965 comprou uma
Berlineta Willys Interlagos e tentou a compra de
equipamentos especiais para competição, mas não conseguiu. Em uma
outra reportagem ele desabafou:
“- Já comprei uma Berlineta Interlagos e me dirigi à Willys para
obter
equipamentos especiais de
competição, tais como câmbio de cinco marchas, caixa de direção
rápida e freios à disco. Porém fui informado que tais acessórios ,
embora homologados e em uso pelas Berlinetas da Escuderia, não se
encontram à venda no Brasil. Há que se ir à França para consegui-los.”
As Berlinetas, GTs de dois lugares, eram considerados como sedans
pela FIA, corriam como Turismo.
Naquele ano correu em dois carros na
prova “12 Horas de Interlagos”, os Simcas nº 87 e 88. O que corria
em dupla com Zoroastro Avon (nº 87) perdeu a roda dianteira e só
devido à habilidade do piloto não foi um acidente mais grave,
substituída a roda voltaram à corrida, já no outro (nº 88) que
corria em quarteto: ele, Expedito Marazzi, Walter Hahn Jr.e
Zoroastro Avon, numa
das paradas do carro pela manhã um mecânico precipitado causou uma
quebra no dínamo atrasando o carro que acabou chegando em
22º lugar, mas 5º na categoria.
Depois,
em dupla com Ari Iasi correu finalmente com a Berlineta Willys na
prova "6 Horas de Interlagos", foram 20º lugar na geral, quase dois
meses depois correu o "I GP Rodovia do Café" no Paraná, percurso
indo de Curitiba até Apucarana, ida e volta, com FNM/JK chegou em
17º lugar na geral.
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1965 - 500
Quilômetros de Interlagos - Os sete minutos mais longos
a vida dele |
No “VIII
500 Quilômetros” em 1965 voltaram a ser admitidos os Mecânica
Nacional, mas agora misturados com carros da categoria Turismo, uma
verdadeira salada mista e novamente pelo anel externo, então ele se
inscreveu para tentar o tricampeonato na prova. Mesmo fazendo uma
corrida planejada para não ter que fazer parada de reabastecimento,
e já estando em segundo lugar, uma luz acendeu indicando que
precisava de óleo. Para não correr o risco de fundir aquele "motorzão",
Gallucci parou e aí aconteceu o imprevisto: mesmo sendo atendido
rapidamente o motor "apagou" e não queria pegar, precisando ser
empurrado várias vezes até funcionar de novo, provavelmente foram os sete minutos
mais longos da vida de Gallucci: caiu da segunda para a sexta
colocação.
Depois da prova percebeu que a época desses carros havia
acabado e como com os carros nacionais não teria como fazer frente
às equipes de fábrica que usavam carros e equipamentos importados
que não eram acessíveis aos independentes abandonou a carreira,
vendeu a Maserati/Corvette para alguém de nome Sidney, da Rua
Bresser, que trabalhava com sucatas, materiais e peças
reaproveitáveis de carros.
Após
abandonar as pistas ele continuou sua controvertida vida, se
envolvendo com diversos negócios, lícitos e ilícitos, foi piloto de
taxi-aéreo e em pouco tempo começou a fazer o transporte de
contrabando de cigarros e whisky do Paraguai para o Brasil, mas com o tempo acabou se
envolvendo com traficantes de droga, fazia só o transporte, até ser
preso nos EUA em 1970 e condenado à cinco anos, acabou cumprindo só
quatro e viveu uns tempos nos EUA por ordem do Departamento de
Justiça e voltou ao Paraguai e Brasil, quando se separou da esposa
Deise com quem tivera dois filhos, um no Paraguai, antes da prisão,
e o outro nos EUA, depois de libertado da prisão.
Após um tempo voltou definitivamente ao Brasil e teve, entre outros
negócios, uma fábrica de carrinhos para ambulantes, no bairro do
Cambuci em São Paulo, e comenta-se que também era sócio de um hotel,
até falecer em 20 de setembro de 1987 aos 53 anos em um acidente de
avião, novamente transportando drogas. Sua nova esposa faleceu
grávida de dois meses nesse mesmo acidente (vejam
reportagem)
Principais participações em provas
(Com
a colaboração de Napoleão Ribeiro)
03/07/1960 - II 24 Horas de
Interlagos/SP - Com Flávio Del Mese - DKW
Vemag nº 23 - 981cc -
T-1.3 Capotou
??/??/1960 - IV Circuito de Poços de Caldas/MG - Simca -
1º na cat. T+1.6
03/06/1961- III 24 Horas de Interlagos/SP - Com Antônio Carlos Aguiar
- FNM/JK 2000 nº 22 -
1.975cc -
15º na geral e 11º na T+1.3
07/09/1961 - IV 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Maserati/Corvette
nº 11 - 4500cc -
Mec. Nac. -
AB
25/11/1961 - VI Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Com Álvaro Varanda
- FNM/JK 2000 nº 3
- 1.975cc -
TFL ND
25/01/1962 - I 12 Horas de Interlagos/SP - Com Eugênio Martins - FNM/JK
2000 nº 47 -
1.975cc -
T+1.3 - AB
13/05/1962 - I 200 Milhas de Bagé/RS - Carretera Chevrolet/Corvette
- 4.500cc -
TFL 6º Lugar
20/05/1962 -
I Festival Automobilístico do ACESP - Interlagos/SP - Maserati/Corvette nº 11 - 4.500cc -
Mec. Nac. ND
19/08/1962 - I Circuito de Araraquara/SP - Lancia D20 - 2.451cc -
T+1.3 ND
02/09/1962 - I 3 Horas de Velocidade - Interlagos/SP - Lancia D20 nº 2
- 2.451cc -
10º na geral e 4º na cat. T+2.0
07/09/1962 - V 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Maserati/Corvette nº 11
- 4.500cc -
Mec. Nac. 1º Lugar
30/09/1962 - I 6 Horas da Guanabara Barra da Tijuca/RJ - Com Ignácio Terrana
- Simca Chambord nº
51 - 2.432cc -
4º na geral e 3º na cat. T+2.0
08/12/1962 - I 500 Milhas de Interlagos/SP - Com Bird Clemente/Celso
Lara Barberis/Dráusio Brandão - Lancia D20 n° 11 -
2.451cc. - AB
08/12/1962 - I 500 Milhas de Interlagos/SP - Com Bird
Clemente/Celso Lara Barnberis
- Ferrari 250 MM Coupê nº 10 - 2.953cc. -
AB
Participou em dois carros nessa prova.
27/01/1963 - G. P.
Estrada da Produção - Passo Fundo/Porto Alegre - RS -
Carretera Chevrolet/Corvettet nº 62
- 4.500cc -
TFL 4º Lugar
10/03/1963 - II 12 Horas de Interlagos/SP - Com Mário Olivetti - FNM JK
2000 -
1.975cc -
T+1.3 ND
30/06/1963 -
II Prêmio Aniversário ACESP - Interlagos/SP - Maserati/Corvette
nº 11 - 4.500cc -
Mec. Nac. 2º Lugar
30/06/1963 -
II Prêmio Aniversário ACESP - Interlagos/SP -
Carretera Chevrolet/Corvettet
nº 11 - 4.800cc -
TFL ND
Participou em duas corridas nesse dia.
07/09/1963 - VI 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Maserati/Corvette
nº 11 - 4.500cc -
Mec. Nac. 1º Lugar
24/11/1963 - I 1600 Quilômetros de Interlagos/SP - Com Euclides
Pinheiro -
Carretera Chevrolet/Corvette
nº 28 - 4.800cc -
9º na geral e 6º na cat. TFL
27/09/1964 - I 250
Milhas de Interlagos/SP - Maserati/Corvette nº 11
- 4.500cc -
Mec. Nac. 1º Lugar
11/10/1964 - I Prêmio John Kennedy - Interlagos - SP - Maserati/Corvette
nº 11 - 4.436cc -
Mec. Nac. 1º Lugar
18/10/1964 - I 500 Quilômetros da Guanabara - Barra da Tijuca - RJ -
Com Walter Hahn Jr. - Simca
Rallye nº 88 - 2.550cc -
6º na geral e 1º na cat. T+1.3
18/10/1964 - I 500 Quilômetros da Guanabara - Barra da Tijuca - RJ -
Com Ivo Noal - Simca
Rallye nº 17 - 2.550cc -
15º na geral e 4º na cat. T+1.3
Participou em dois carros nessa prova.
23/05/1965 - III 12 Horas de Interlagos/SP - Com Expedito Marazzi,/Walter Hahn Jr./Zoroastro Avon - Simca Rallye nº 88
- 2.550cc -
6º na geral e 2º na cat. T+1.3
23/05/1965 - III 12 Horas de Interlagos/SP - Com Zoroastro Avon - Simca Rallye
nº 87
- 2.550cc -
22º na geral e 5º na cat. T+1.3
Participou em dois carros nessa prova.
20/06/1965 - II 6 Horas de Interlagos Interlagos/SP - Com Ari Iasi - Willys Interlagos
nº 1 - 998cc -
20º na geral e 10º na cat. T-1.3
15/08/1965 -
I G.P. Rodovia do Café/PR - Curitiba/Apucarana/Curitiba - FNM 2000 JK
nº 91 - 1.975cc -
17º na geral e 7º na cat. T+1.3
31/10/1965 - VIII 500 Km de Interlagos/SP - Maserati/Corvette nº 11
- 4.500cc -
6º na geral e 2º na cat. Mec. Nac.
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