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Página acrescentada em 1 de maio de 2014.
 

Jayme Silva
(Jayme Martins da Silva)

Jayme e Peralta em abril de 2014

Nascido no bairro da Liberdade em São Paulo (SP) no dia 16 de julho de 1936, filho de um farmacêutico, Aureliano e Dna. Hilda, Jayme fez o curso cientifico e começou a trabalhar cedo, seu emprego por essa época era no Departamento de Botânica de uma faculdade.
Logo comprou uma Lambreta que além de transporte servia também ao então jovem participar de treinos e “pegas” na pista de Interlagos, e também aumentar seu interesse por mecânica e corridas:
“- Eu comecei a me apegar porque tinha uma Lambreta e um grupo de amigos que também tinham, me empolguei e comecei a correr de Lambreta em Interlagos. Eu tinha meus 18 ou 19 anos.
Em 1961 em uma dessas suas idas à Interlagos coincidiu da Simca estar rodando com o então piloto de testes Zoroastro Avon:
- A oportunidade que eu tive na Simca foi que quando a gente treinava em Interlagos estava treinando também a Simca com o Zoroastro Avon e tinha os franceses lá no box, e conversando com eles eu vi alguns deslizes do meu conhecido Zoroastro, então chamei a atenção do Sr. George Perrot quando disse que o piloto estava forçando a embreagem nas curvas lentas para aumentar as rotações do motor.

Simca na prova Subida da montanha - 1961

Por esse comentário Jayme ganhou um convite para visitar o Departamento de Testes e Desenvolvimento, e lá ganhou um convite para trabalhar no Departamento. Foi para lá como mecânico e ajudou na preparação dos carros para a prova “24 Horas de Interlagos” mas logo passou a piloto de teste, subindo e descendo a Estrada Velha de Santos várias vezes por dia, e quando em setembro foi realizada a prova “IV Subida de Montanha” nessa mesma estrada, participou com um carro preparado (aliviado) no Departamento e venceu. Ainda em 61 participou em dupla com Lauro Bezerra da “VI Mil Milhas Brasileiras”, chegaram em 19º Lugar.
Na sua primeira corrida em 62, o “Prêmio Victor Lossaco”, já como piloto de corridas da fábrica, Jayme foi vitima de um erro, os dois carros da equipe lideraram a prova inteira, com Ciro na ponta e Jayme em segundo, a prova tinha 10 voltas pelo circuito completo (circuito antigo), e ao completarem a nona volta o sinalizador mostrou a placa com o numero 10 a que Ciro se confundiu e fez a seguinte pelo anel externo sendo seguido por Jayme, foram ambos desclassificados.
Sua próxima prova foi a “Mil Quilômetros de Brasília” em dupla com Ciro, 6º lugar.
Em 62 obteve sua primeira vitória, “6 Horas da Guanabara” na Barra da Tijuca, chegando à frente do outro carro da equipe pilotado por Ciro e o então novato José Fernando “Toco” Lopes Martins. No final do ano o Departamento de Propaganda criou o Departamento Esportivo, ligado ao Departamento de Desenvolvimento e Testes, assumindo como chefe de equipe Ciro Cayres. Todo desenvolvimento era testado nos carros de corrida e passados para a linha de montagem.

Monoposto Landi/Bianco com motor Simca

Simca Abarth na prova "Rodovia do Café" Paraná em 65

1965 - 12 Horas de Brasília
Vitória com José "Toco" Martins

Em 1963 além de correr com o Simca Chambord, em seus vários modelos, fez três provas com um monoposto originalmente construído para ser Formula Jr., mas quando equipado com motor Simca era classificado como Mecânica Nacional até 2.5, e também obteve sua segunda vitória, foi na prova “1600 Quilômetros de Interlagos” no final do ano, correu em dupla com Ciro Cayres num sedã de teto rebaixado para diminuir o peso e melhorar a aerodinâmica, uma “carreterização” do Chambord.

Carretera Simca - 1965
Acervo: Claudio Grossi

Em 64 correu de monoposto; com a carretera e finalmente com o Simca/Abarth que a fábrica importou para combater o Willys Interlagos. Foi sua a primeira vitória desse carro no Brasil, com um detalhe, não treinaram, eram dois carros, ele num carro e Ciro Cayres no outro, e saíram da ultima fila, mas já no final da primeira volta os dois carros estavam na liderança. Fechou o ano com um 2º lugar na “500 Quilômetros de Porto Alegre” (RS) com a carretera.

Ano seguinte colecionou vitórias com o Abarth apesar de ter iniciado o ano vencendo com a carretera a “3 Horas de Velocidade” na Cidade Universitária do Recife (PE), onde perseguia o DKW/Malzoni de Marinho quando viu seu chefe de equipe, Chico Landi, mostrar o funil, sinal de que deveria parar para reabastecer, na mesma hora Marinho foi mandado parar e garantir um pouco mais de gasolina, Jayme não parou, assumiu a liderança e venceu.
- O Chico Landi mostrou aquele funil até a bandeirada de chegada”, diverte-se Jayme.

Premio Victor de 65. entregue em 66
Jayme, Marinho, Wilsinho, Luizinho, Camillo, Emerson e Jorge Lettry

1970
FNM/JK na prova "24 Horas de Interlagos"

1971 - Furia BMW

Nesse ano os Abarth retornaram à França. Por sua atuação durante o ano ganhou em 66 o “Prêmio Victor” da revista 4 Rodas (Editora Abril), na categoria Piloto GT de Fábrica.
Quando a Chrysler comprou a Simca e fechou o Departamento de Competição a equipe ainda participou, sem sucesso, do “GP Argentino de Turismo Melhorado”, não terminaram.
Saindo da Simca montou com “Toco” uma muito bem equipada oficina mecânica na Av. Faria Lima, além de comprarem a vitoriosa carretera Simca com a qual correu duas provas, “VIII Milhas Brasileiras” e “II GP Rodovia do Café” no Paraná.
Com o lançamento da categoria Fórmula Vê em 1967, ela foi escolhida para a realização da prova “500 Quilômetros”, de acordo com o Jornal do Brasil, edição de 6 de setembro:
Pela primeira vez na pista apresentaram-se os Fórmula Vê da Equipe Landi, com alguns dos melhores pilotos paulistas... Entre eles estava Jayme Silva vencedor da prova em 65, em dupla com  Lucio Naja. Mas na quarta volta foi abalroado por Wilson Fittipaldi Jr. na saída da Curva 2. O carro de Jayme ficou com um rombo ao cair num barranco.

1969 - II 500 Km de Salvador/BA
5º lugar com Hugo Galina no estranho protótipo FNM/JK

E em 1967 Jayme começou a correr na Equipe Camionauto, justamente com o carro FNM/JK contra o qual tanto correu quando ainda na Equipe Simca, estreou na “IX Mil Milhas Brasileiras” em dupla com o amigo Ugo Galina, mas não terminaram a prova.
Como Interlagos ficou fechado para reformas em 68 e 69 fez todas as corridas em outros estados: Paraná, Brasília (DF), Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul (POA) e Bahia (Salvador), mas já em sua terceira prova com o carro venceu a “Prova Omar Sabbage” em Curitiba (PR), era março de 68.
Vitório Massari, um dos sócios da Camionauto, encomendou ao "carroziere" Toni Bianco um protótipo com a mecânica do FNM/JK, Toni então criou o Fúria, e em 1970 foi criada por Massari e Toni, a firma “Fúria Auto Esporte Ltda.” para a produção do Fúria e montada a Equipe Fúria, Jayme e Galina estrearam esse carro no “Mil Quilômetros de Brasília”, não venceram por uma quebra na tampa do distribuidor, mas mesmo assim chegaram em 5º lugar.
“- Chegamos em cima da hora sem qualquer treino e largamos em último. Antes de completar a primeira volta estávamos na frente e lideramos toda a noite. Pela manhã, pequenos problemas fizeram com que ficássemos em quinto lugar”, lembra. 
Nesse mesmo ano obteve suas duas vitórias com esse carro, “GP Mackenzie”, em Interlagos e na inauguração do Autódromo de Tarumã (RS).
Em 71 fez só uma corrida com esse carro pela Equipe Fúria e em maio estreou pela equipe CEBEM (Companhia Brasileira de Empreendimentos Mercantis) de Aguinaldo de Góes Filho que tinha um protótipo Fúria equipado com motor BMW, correu por um ano pela equipe.
Em 72, 73 e 74 deu prioridade ao seu trabalho na oficina e fez apenas uma corrida por ano. Toni Bianco havia comprado uma Lamborghini acidentada e acabou por aproveitar seu motor em mais um protótipo Fúria com que Jayme fez o “XIII 500 Quilômetros de Interlagos” em 72, chegando em 8º lugar.
“- Tiramos tudo de um carro que capotou na Marginal de Pinheiros e ficou destruído. Fiz para o Jaime Silva correr, em 17 dias e 17 noites, tomando remédio para não dormir, conta Toni Bianco.
Apesar do chassi do Fúria ser concebido para usar motores longitudinais, Bianco conseguiu acomodar nele o V12 transversal do Lamborghini.
Furia FNM
Primeiros testes
Acervo: Flavio Gomes
"Mil Milhas Brasileiras" - 1970
Em dupla com Ugo Galina
Foto: Karl Ludvigsen
Largada de prova: Furia BMW contra 2 Porches;
2 Opalas; Carretera 18; BMW "Esquife", etc...
Acervo: Rogério P. D. Luz
Fúria Lamborghini na prova
"500 Km de Interlagos" - 1972
Acervo: Rogério P. D. Luz

Dodge Charger na prova
"I 25 Horas de Interlagos"
Acervo: Rogério P. D. Luz

Em 73 fez a “I 25 Horas de Interlagos” dividindo o volante com o sócio “Toco” Martins e Roberto Dal Pont, num Dodge Charger preparado em sua oficina, depois só voltou a correr em 74 na segunda edição dessa mesma prova, mas com um Ford Maverick V8 tendo como parceiros os brasilienses, Paulo Guaraciaba e Luiz Estevão de Oliveira (que em 88 seria eleito Senador da Republica).
Ai, em 75 voltou prá valer, montou uma equipe própria, “Equipe Tenenge” e sagrou-se campeão paulista com um Ford Maverick V8, com preparação sua, teve 3 vitórias em 7 provas.
No “Prova da Amizade”, para carros turismo da Divisão 1 acima de 3.000cc no dia 20 de julho 1975 o Automóvel Clube Paulista, organizador da competição, convidou seis pilotos argentinos para vir correr em Interlagos em dupla com brasileiros

Maverick da Equipe Tenenge - 1975
Acervo: scuderiabrazil.blogspot.com

- Para correr no Torneio Amizade, escolhi o "Toco" para parceiro. Ele estava comigo há 13 anos, não só como companheiro de equipe, mas também na oficina que tínhamos. Por Interlagos ser um circuito de muita curvas, o carro tinha de ser preparado para os 8 Km do circuito, foi pensando assim que procurei fazer modificações no nosso Maverick, para  melhorar o conjunto, já que no motor pouco tínhamos a fazer por causa das restrições do regulamento da Divisão 1".
A corrida foi disputada em duas baterias, Jayme venceu a primeira bateria com facilidade e na segunda bateria correu com outro Maverick, que havia sido pilotado por Rafael Cipolla, enquanto que "Toco" pilotou o carro nº 26 da Equipe Tenenge, Jayme largou em quinto lugar, assumindo o primeiro na sétima volta, deixando depois "Toco" passar à frente para receber a bandeirada de chegada e assim sagrarem-se vencedores como dupla.
Em 76 fez as seis etapas do Campeonato Paulista, foi campeão e parou de pilotar, passou a se dedicar apenas da preparação de carros de corrida. A sexta etapa do Paulista foi no dia 14 de novembro, e, ao estacionar seu carro nos boxes, Jayme retirou seu capacete prateado e anunciou:
"- Foi minha última corrida. Agora vou parar".
A decisão já havia sido tomada há algum tempo, mas ele só a anunciou depois de conquistar o título paulista na Classe C (carros acima de 3000cc)
"- Há muito tempo venho sofrendo pressões em casa para abandonar o automobilismo e sempre vinha adiando minha aposentadoria. Agora que tenho 40 anos resolvi parar de uma vez. Não vou mais participar de corridas como piloto. Mas ficar longe delas será muito difícil, por isso vou me dedicar apenas à equipe Tenenge, procurando novos pilotos e desenvolvendo os carros".

Opala com preparação de Jayme Silva
Começo da StockCar

No final de 76 desfez a sociedade com “Toco” e foi trabalhar com os irmãos Giaffome na preparação dos carros Chevrolet Opala.
- Com os Opala demos o primeiro passo para o nascimento da Stock Car no Brasil”.
A categoria foi criada em 1977 como uma alternativa à extinta Divisão 1, Affonso Giaffone, da equipe, foi o vencedor da primeira prova da categoria que foi realizada no Autódromo de Tarumã (RS) em 22 de abril de 1979.
Depois de alguns anos com os Giaffone, onde se destacou como preparador, montou oficina própria onde preparava motores para diversos pilotos, em 85 quando Ingo Hoffmann precisou de um motor competitivo procurou por Jayme, considerado na época o melhor, e já foram campeões, essa parceria durou 2 anos e foi desfeita nas vésperas da última corrida, mas Jayme muito profissionalmente entregou um motor vencedor. Já em 88 quando Jayme fechou patrocínio com a TEBA e precisava de um piloto, procurou por Ingo, não foram campeões, mas no ano seguinte sim, e por antecipação, depois disso Ingo mudou de equipe e levou o patrocínio da TEBA.
Anos mais tarde (94) quando o Chevrolet Ômega substituiu os Opalas na Stock Car e Ingo não se acertava com seus preparadores procurou novamente por Jayme, mas essa parceria durou só duas provas.

Alfredo Guaraná Menezes/Paulo Valiengo/Aldo Pugliese venceram "Mil Quilomêtros de Brasilia" em 1982 com um esquema preparado por Jayme Silva,
e foi a última vitória de um Opala Stock Car na tradicional prova
Acervo: Paulo Valiengo

Lançamento da Equipe TEBA em 1988 e que teve como pilotos Ingo Hoffmann e Paulo Valiengo
Acervo: Paulo Valiengo

Carro de Paulo Valiengo, Opala com carenagem fabricada pela Caio Hidroplás, Autódromo Internacional Nelson Piquet (Jacarepaguá)
Foto: Miguel Costa Jr - acervo: Paulo Valiengo

Pick-up da piloto Fernanda Parra em Curitiba/2009 - Foto: Luca Bassani (Vicar)

Jayme, com a Jayme Silva & Silva Ltda. ou Jayme Silva Racing, passou a se dedicar às categorias Stock Car V8 Light e Pick-up Racing, onde dava apoio aos novos pilotos que chegavam às categorias repassando toda sua experiência de pista, como os irmãos Andreas e Arthur Lundgren, Paulo Salustiano e a piloto Fernanda Parra por exemplo, mas foram muitos.
Casado com Dna. Cezira desde 196?  teve três filhos, sete netos e já seu primeiro bisneto, atualmente vive sua aposentadoria entre seu apartamento e seu sitio.

Jayme Silva faleceu em 20 de outubro de 2023 aos 87 anos de idade.




Agradecimentos ao Ricardo Cunha pelo levantamento dos resultados
 

   

  
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