Uma visão dos nossos históricos anos sessenta e um pouco antes

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Pilotos:
Agnaldo de Goes Aldo Costa Alfredo Santilli Amauri Mesquita Antonio C. Aguiar Arlindo Aguiar Aroldo Louzada Bica Votnamis
Bird Clemente Bob Sharp Breno Fornari Caetano Damiani Camillo Christofaro Carlos Sgarbi Catharino Andreatta Celso L. Barberis
Christian Bino Heins Ciro Cayres Domingos Papaleo Eduardo Celidonio Emerson Fittipaldi Emilio Zambelo Ênio Garcia Eugênio Martins
Francisco Lameirão Fritz D'Orey Graziela Fernandes Haroldo Vaz Lobo Henrique Casini Jan Balder Jaime Pistili Jayme Silva
José Tôco Martins Júlio Andreatta Luiz A. Margarido Luiz Carlos Valente Luiz Pereira Bueno Luiz Valente Marinho Nicola Papaleo
Nilo de Barros Vinhaes Norman Casari Orlando Menegaz Nastromagario Pedro C. Pereira Piero Gancia Raphael Gargiulo Ricardo Rodrigues de Moraes
Roberto Gallucci Roberto Gomez Salvador Cianciaruso Toninho Martins Victorio Azzalin Vitório Andreatta Waldemar Santilli Zoroastro Avon
Preparadores e/ou construtores:
Anísio Campos Jorge Lettry Miguel Crispim Nelson Brizzi Toni Bianco Victor Losacco    
Pioneiros:
Ângelo Juliano Benedicto Lopes Chico Landi Chico Marques Gino Bianco Hermano da Silva Ramos Irineu Correa João R. Parkinson
Manuel de Teffé Nascimento Junior Norberto Jung Sylvio A. Penteado Villafranca Raio Negro    

 

Página acrescentada em 24 de fevereiro de 2007.  -  Atualizada em dezembro de 2020,

Marinho
(Mario Cesar de Camargo Filho)
por Paulo Roberto Peralta

Marinho - 2007

Filho caçula entre 6 irmãos, 2 homens e 4 mulheres, nasceu em Ribeirão Claro (PR) no dia 15 de janeiro de 1937. Passou a infância em Rancharia (SP) para onde seu pai, administrador de fazendas, se mudou, até chegar a hora de ir para a escola fazer o curso primário, aí então foi mandado para Campinas (SP) e morando na casa de uma irmã foi estudar no Ateneu Paulista onde fez os dois primeiros anos, voltou à Rancharia e lá concluiu os dois últimos anos, lá fez também o curso ginasial.

Seu pai, apesar de trabalhar na agricultura gostava muito de automóveis, foi dele um dos primeiros a circular em Ribeirão Claro (PR) ainda no começo dos anos 30. Todas as manhãs Marinho levantava cedo e acompanhava o pai até a garagem para vê-lo ligar o carro, só voltava para dentro quando o pai saia para trabalhar.

Seu irmão, 17 anos mais velho, tinha uma revenda de carros Studebaker, tratores Massey Ferguson e caminhões Scania-Vabis, e quando em novembro de 1951 foi disputado o “II Grande Prêmio Getúlio Vargas”, prova de estradas que passava por três estados, SP, MG, RJ e SP, Marinho, assim como toda a família, torceu para Chico Marques, pois ele correu com um carro Studebaker, e terminou como o 4º classificado.

Mais ou menos por essa época seu irmão fez uma caminhonete Studebaker, onde colocou um motor V8 de carro, o primeiro motor com válvulas na cabeça, alterou também a suspensão e a relação de coroa e pinhão:
- Para a época era realmente um foguete, aí me despertou a vontade de correr”. Relembra.

Em 1954 foi para São Paulo morar na casa de uma de suas irmãs a fim de fazer o Curso Científico no Mackenzie, mas fez apenas os dois primeiros anos, o terceiro fez no Colégio Piratininga, onde concluiu o curso em 1956, por essa época trabalhava no setor comercial de uma indústria têxtil.

Em 1955, retornando à São Paulo depois de uma visita à família, seu irmão lhe emprestou a caminhonete e em São Paulo teve seu primeiro contato com a pista de Interlagos, naquela época não era difícil entrar na pista e participar de “pegas”.

Pouco depois comprou seu primeiro carro, um Volkswagen sedã, e com esse carro um dia faz um “pega” na descida ao lado do Estádio do Pacaembu com outro Volks, que era pilotado por Jorge Lettry, que achou que o garoto guiava muito bem, e quando pararam, Lettry disse:
“Caramba, você anda forte! Eu sou dono lá da Argos, me procure.” e deu um cartão.
Marinho foi, e a Argos Equipamentos era um dos pontos de encontro da nova geração que estava surgindo no automobilismo, virou frequentador assíduo.

Com o apoio da Argos, Marinho estreou em 1957 com seu Volks numa prova organizada pelo Jornal HP de Subida de Montanha realizada na Estrada Velha de Santos (Caminho do Mar). Foi o primeiro a largar, mas por um erro dos organizadores com os horários, ao alcançar a serra colidiu sem gravidade com um jipe da organização. Teve de largar de novo, mas mesmo assim foi o 3º classificado, naquele dia nasceu o piloto Marinho.

Com o Volkswagem participou de mais duas provas, até que num “pega” de rua perdeu para o DKW de um diretor da Vemag, e como o agora seu amigo Jorge Lettry já estava trabalhando na Vemag e vinha lhe falando muito sobre o DKW optou por trocar de marca, passou para o DKW.

Sua estréia com o DKW em competições não foi muito feliz, inscreveu-se na prova de carros Turismo na inauguração do Circuito da Barra da Tijuca (RJ), dada a largada para as 6 voltas, já nas primeiras curvas assumiu a liderança, deixando para trás o favorito e venceu a prova de ponta a ponta, mas o perdedor, Severino Silva, fez um protesto alegando que o carro estava sem o banco dianteiro original, inteiriço, e conseguiu que Marinho fosse desclassificado.
- A vitória me valeu intimamente, depois daquele resultado eu sabia que podia vencer. Para mim, isto valia mais do que o prêmio.”, Relembra

1959 - Poços de Caldas - DKW F93

A corrida seguinte, em outubro de 1959, foi em Poços de Caldas (MG) Marinho chegou com o DKW, carrinho pequeno, motor três cilindros, dois tempos, e alinhou contra os carros da época, possantes carreteras com mais que o dobro de sua cilindrada e potência, foi quando um amigo, Veneto, italiano, chegou e perguntou:
- Ma é vero que você vai correr questo?”
Marinho não se intimidou, foi à luta e venceu a corrida na geral.

Nesse ano mesmo foi chamado para correr a “IV Mil Milhas Brasileiras” com carro da fábrica fazendo dupla com Eduardo Scuracchio, foi a primeira participação da Vemag como equipe, ainda não uma equipe de fábrica, foi uma iniciativa do Departamento de Testes. Na largada Marinho tomou a ponta e passou liderando a primeira volta:
- Foi emocionante. À noite, a largada, os faróis, aquilo tudo. O povo quando viu aquele carrinho ridículo em relação às carreteras passar liderando, eu me lembro daquele povo todo levantando e ovacionando, ficou marcado para o resto da minha vida.” Diz emocionado.

1960, em janeiro  aconteceu uma prova internacional, "II Torneiro Sulamericano" e na véspera foi realizada, além da prova de classificação, duas provas: Turismo até 2 litros e Turismo Força Livre, corridas simultaneamente mas com classificação em separado, ele,  Eugenio MartinsChristian Heins fizeram inscrição para as duas, então se classificou em 5º na TFL e 3º na T-2.0.

1960 - GP Juscelino Kubitschek - DKW nº 62

Com essa equipe participou do “GP Juscelino Kubitscheck” na inauguração de Brasília (DF) em 1960. Foram realizadas três provas e ele participou de duas, Turismo GEIA, carros nacionais sem preparo e da de Turismo Preparado.

Em 1961 se casou com Suzana, e desse casamento nasceram 4 filhos.

Em 1961 a Equipe Vemag, antes ligada ao Departamento de Testes, passou a ser oficialmente o Departamento de Competições e ainda nesse ano Marinho abriu com seu amigo Milton Masteguim a “Comercial M.M.” na Avenida Santo Amaro, local onde se localizavam diversas lojas e oficinas ligadas ao automobilismo.

Na “VI Mil Milhas Brasileiras” em 1961 a Vemag lançou sua carretera: teto rebaixado, motor com 1089cc e mais de 100 cavalos, preparado pelo "mago dos motores" Miguel Crispim, fez dupla com Bird Clemente, mas uma quebra da bomba de gasolina fez com que chegassem apenas em 6º lugar. A carretera ainda mantinha o entre eixos originais do carro (2,45m).

1961 - Carretera, Marinho a esquerda., desconhecido e Jorge Lettry a direita. 1961 - Ano em que começou a parceria de Marinho e Bird Clemente 1961 - V Circuito da Barra - Salvador Bahia Carretera
1962 - Circuito de Araraquara - Christian recebe o trofeu da MN e Marinho já de posse de seus troféus

1962 começou correndo em dupla com Bird Clemente a "12 Horas de Interlagos", depois mais 4 provas com três vitórias, todas em Interlagos, depois a "II 100 Milhas da Guanabara" com vitória na categoria; no "IV Circuito de Petrópolis" em julho, participou de duas provas e venceu uma delas; no "I Circuito de Araraquara" onde foram disputadas 3 categorias, novamente participou em duas  e venceu as duas; na Semana da Velocidade participou da prova "3 Horas de Velocidade" mas não foi bem.

1962 - 500 Milhas de Interlagos, tentando recuperar

Na prova “I 500 Milhas de Interlagos” em dezembro de 1962, que a Vemag não participou em protesto contra o enquadramento dos Willys Interlagos na mesma categoria que os DKW, Chico Landi o convidou para correr em dupla ao volante de um Porsche 356-S90 e aprontou uma para Marinho, nos treinos ele deixou o cabo do acelerador sem o curso total no pedal e Marinho ficou tentando baixar o tempo, e sem conseguir chegou a pensar:
- Não sei guiar esse troço aqui, sei guiar tração dianteira, mas esse negócio aqui não vai, o tempo não vem.”
E quando chegou a hora da classificação falou:
- Seu Chico, o sr. vai me desculpar, com todo o respeito, eu não tenho capacidade, eu não vou fazer a classificação.”
Seu Chico então respondeu:
- Não! Vai fazer sim! Não estou perguntando se você quer ou não. Sobe aí!
E em seguida foi atrás do carro, abriu o capô e esticou o cabo. Marinho foi para a pista e fez a pole. Liderou boa parte da corrida até que quebrou a roda traseira direita na Curva 3, Marinho dominou o carro, parou e trocou a roda, só que com isso caíram para o último lugar, aí foi andar o que dava e o que não dava e com mais ou menos duas horas de prova o freio a tambor já havia acabado, então na parada para troca de pilotos avisou seu Chico, que respondeu:
- Com freio qualquer tonto guia, deixa eu ir.”
Mesmo com todos esses problemas ainda assim chegaram em 2º lugar, perdendo apenas para o Willys Interlagos de Christian “Bino” Heins que correu em dupla com Luiz Antonio Greco.

Em 1962 ainda, ganhou o direito de usar um carro DKW igual ao que usava nas pistas, só que em versão original, desconto na compra de outros veículos, além da ajuda de custos, foi, junto com Bird Clemente (que fez a reivindicação), um dos primeiros pilotos a receber para correr.

Marinho sempre acompanhou tudo na área mecânica, cada alteração, cada aperfeiçoamento, até os testes de dinamômetro, sabia tudo sobre o carro que tinha nas mãos.

1963 - 500 Quilômetros de Interlagos
1964 - Primeiro DKW Malzone, ainda em chapa

1963 Marinho participou de duas provas com o Fórmula Junior “Landi/Bianco/DKW”, em Araraquara (SP) bateu o recorde absoluto do circuito e menos de um mês depois, no “VI 500 Quilômetros de Interlagos”, bateu o recorde de velocidade da categoria. Estas atuações lhe valeram o Prêmio Victor da categoria, prêmio oferecido pela revista Quatro Rodas da Editora Abril, que recebeu no início de 1964.

1964 - Com Rino Malzoni - Interlagos
Premio Simon Bolivar

Com a chegada dos Willys Interlagos (estrearam em Brasília em 24/4/62) Marinho era amigo do “carrozieri” Rino Malzoni, de Matão (SP), que já tinha feito um protótipo com mecânica DKW, ajudou Jorge Lettry a convencê-lo a desenvolver um carro esportivo que pudesse fazer frente aos da Willys, então Malzoni fez em 1964 o primeiro GT Malzoni, de linhas arredondadas, ainda em chapa, esse primeiro carro Marinho comprou, levou para a sua loja e passou a correr com ele, mas pela equipe, fez 4 corridas, posteriormente esse carro foi vendido para o também piloto Dante Di Camillo. Aprovado o modelo, foi constituída uma empresa para sua produção em série em fibra de vidro para ficar mais leve, a Lumimari Ltda. que foi estabelecida na Av. Presidente Wilson, em São Paulo (SP). O nome da empresa surgiu da junção das iniciais dos nomes dos sócios: Luiz Roberto Alves da Costa, Milton Masteguim, Mario César de Camargo Filho e Rino Malzoni. Iniciada a produção em 1965, a equipe Vemag comprou as três primeiras carrocerias, que foram montadas e preparadas por Jorge Lettry e Crispim (Miguel Crispim Ladeira). Além da versão espartana vendida para competições foi desenvolvida uma versão para as ruas com acabamento interno, detalhes externos, pára-choque cromados, que foi produzida até 1966.

Na “II 12 Horas de Brasília” em 1964 correu com seu sobrinho “Cacaio” (Joaquim Carlos Telles de Matos) em um Fiat/Abarth 850TC e estavam muito bem, mas só que o carro não estava adequadamente preparado para uma prova noturna, apenas foram colocados dois fortes faróis de milha. Então numa das paradas para troca de pneus e reabastecimento, “Cacaio” desligou o carro que depois não pegava, a bateria havia descarregado, a equipe empurrou, o que não era permitido, e por isso foram desclassificados da prova.

No final do ano a equipe foi à Rivera no Uruguai disputar um Torneio Internacional e lá Marinho correu contra um carro Dina-Panhard de 850cc pilotado por um piloto que usava a alcunha de "Flor del Campo", muito bem preparado, especial para circuitos curtos, Marinho venceu, mas Lettry muito observador criou uma nova carretera com entre-eixos mais curto: 2,10m (original tinha 2,45m), teto rebaixado, era um DKW pequeno que logo ganhou o apelido de "Mickey Mouse", especial para circuitos travados, corridas de rua.
Com o fim da equipe de competições da DKW, a carreteira foi adquirida por Frodoardo Arouca, mais conhecido como "Volante 13".

1960 ou 61 - Circuito de Piracicaba - Participou e venceu nos dois anos 1963 - Circuito de Araraquara - Formula Jr 1964 - Campeonato Internacional de Automobilismo disputa com o Panhard
1965 - Prova não identificada Comparação entre a carretera e a Mickey Mouse Desenho de Mauricio Moraes 1964 - Premio Simon Bolivar com 1º DKW Malzoni
 
1966 - 12 Horas de Interlagos - Chegada em três rdas

Em 1966 participando da "12 Horas de Interlagos" revezando com Bird Clemente e Flavio Del Mese em dois carros (carreteras), no nº 10 iam muito bem e perto da linha de chagada escapou um roda, Marinho então cruzou com tres roda, o publico vibrou, mas perdeu posições.
"
- Eu liderava a corrida, quando fiquei em três rodas pela quebra de uma ponta de eixo, sendo assim cheguei com o carro arrastando. A vitória me escapou por dois segundos e essa foi a minha maior frustração na pista". - Em resposta a Bob Sharp em uma entrevista no site da Maxicar.

Na prova de estrada “GP Rodovia do Café” em 1965, entre Curitiba e Apucarana, ida e volta, com subida e descida do trecho em serra, estava se mantendo em segundo atrás de uma Simca/Abarth, mas como em sua categoria tinha limite de capacidade do tanque de combustível, precisou parar para abastecer e perdeu essa posição, mas completou à uma média de 151 Km/h em 4º na geral, mas 1º na categoria protótipos:
“- Foi a prova mais difícil e emocionante de minha vida, disse logo após a prova.

1966 - Carcará testes iniciais em Interlagos 1966 - Marinho ao volante do Carcará nos testes


Quando Jorge Lettry resolveu dar um destino ao Fórmula Junior, e construiu o “streamlined” Carcará, Marinho era a escolha natural para pilotá-lo, fez os testes iniciais em Interlagos e foi ao Rio de Janeiro para o recorde, mas no teste realizado na véspera, dia 28 de junho de 1966, Marinho reclamou que o carro “passarinhava” muito, e Jorge constatou que como não havia colocado uma barra estabilizadora o carro pressionava muito no chão e a resposta de direção era muito grande, Marinho julgou muito arriscado e sugeriu levar o carro de volta à São Paulo e corrigir o problema, mas Jorge Lettry, que já estava saindo da Vemag em função do fechamento da equipe, decidiu continuar pois não haveria uma segunda chance para realizar a tentativa.
“- E o Marinho estava desanimado. O motor tinha dado uma impressão de engripar, um leve engripamento. Os pneus, não se sabia como é que ia usar, que pneu que ia usar. A barra estabilizadora estava faltando, não dava tempo de pegar. Ele com filho pequeno, recém-nascido, “Eu vou entrar nessa? Não tenho seguro de vida”. É uma coisa que hoje não acontece. Mas chegou um momento que o Marinho falou “Olha, eu não vou guiar, não. Dá licença, mas eu estou fora. Se quiser marcar para outro dia, acertar tudo isso direitinho, botar tudo em dia e vir andar, conta comigo. Caso contrário, não quero não. Relembra Anísio Campos
Marinho desistiu e voltou para São Paulo sendo substituído por Norman Casari.

1966 - Mil Km da Guanabara - DKW Malzoni de Marinho com sua esposa Suzana fazendo pose

Com o fechamento da equipe Marinho ficou com um Malzoni e correu por conta própria mais duas provas, "VIII Mil Milhas Brasileiras" e "Mil Quilômetros da Guanabara" e então  parou.

Estado em que ficou o carro de Cacaio e Marinho

Mas menos de um ano depois participou em dupla com “Cacaio” do “500 Quilômetros de Interlagos” de 1967, corrida realizada com carros da categoria Fórmula Vê, com um Fitti-Vê, fizeram a pole e “Cacaio” largou, mas antes de completar uma hora de competição foi envolvido num acidente na Curva 3 com diversos carros e teve que ir para os boxes, a participação de Marinho nessa que foi sua última corrida ficou limitada aos treinos.

Em 1966 Marinho saiu da Lumimari e como coincidiu com o fim da equipe Vemag, Jorge Lettry entrou como sócio em seu lugar e a empresa passou sua razão social para Puma Veículos e Motores Ltda., vendeu também sua parte na sociedade da “Comercial M.M.” e começou de novo, então com a “Marinho Veículos” na Rua Tabapuã, bairro do Itaim em São Paulo (SP), primeiro como oficina autorizada Vemag para logo passar para “Posto Volkswagem” e em seguida Eugenio Martins se associou e conseguiram a concessão de revenda Volkswagen, passou também a preparar carros e pelo menos dois deles fizeram sucesso, o Puma de Paulo Gomes e o Volks 4 portas, “Zé do Caixão” que foi 2º lugar na “IV 24 Horas de Interlagos” em 1970 com Fausto Dabbur e Emerson Maluf.

Em 1971 Marinho vendeu sua parte da sociedade com Eugenio e se mudou para Ourinhos (SP). Diz que trabalhava de 2ª à 6ª e a noite preparava carro, sábado, pista, domingo, pista, então não sobrava tempo para a família e por isso resolveu ir para o interior ser revendedor GM, mas a GM queria lhe dar revenda em Bauru (SP) e ele queria Ourinhos, como estava demorando e conversando com o amigo Emerson Fittipaldi, que já havia feito um teste com o “Dodginho”, acabou optando pela Chrysler. O desenvolvimento do Polara, versão melhorada do Dodge 1800, foi feita com a ajuda de Marinho, em Ourinhos.

Depois trabalhou com caminhões e também ajudou na formulação do caminhão Volkswagem e do motor MWM veicular, eram chamados de: a “Engenharia do Oeste”.

No inicio de 1975 Marinho disse em uma reportagem que não tinha medo de correr de automóvel em alta velocidade, mas não era capaz de entrar num avião:
“- No chão sou corajoso, mas não caio na asneira de desafiar a Lei da Gravidade.”

Atualmente tem um posto de combustíveis em Ourinhos e participava assiduamente de encontros de antigomobilistas, principalmente os que reúnem modelos DKW.

Quando estavam na Vemag, Marinho e Bird receberam um convite da Auto Union para correr o Rali de Monte Carlo, mas a resposta da C.B.A. na época foi de que quem fosse correr fora do país teria sua licença cassada e não corria mais aqui no Brasil. Eles tentaram de todas as formas, mas não conseguiram reverter a posição da C.B.A., então não foram, era apenas uma corrida e aqui tinham uma carreira pela frente.

Marinho faleceu em 03 de janeiro de 2020 por falência múltipla de órgão. Causa não revelada.

Os carrinhos que "pipocavam" contra as carreteras:
Preliminar do Torneio Sulamericano - 10/01/1960 - Interlagos
Acervo: Milton de Mello Bonani
 
Primeira fila:
21 - Carretera Chevrolet  - Ivo Rizzardi
78 - Carretera Chevrolet - Antonio Versa
34 - DKW Vemag - Christian Heins
      (carro da Serva Ribeiro, precursora da equipe Vemag)
10 - DKW Vemag - Marinho Cesar Camargo
      (carro branco de fábrica, mas ainda não equipe oficial)


Participações em provas
(com a colaboração de Napoleão Ribeiro e Ricardo Cunha)

06/05/1957 - I Subida de Montanha de São Paulo/SP - VW Sedan 1.192cc - ND na geral e 3º na T-1.3
06/11/1957 - I Quilômetro de Aceleração em São Paulo/SP - VW Sedan 1.192cc - ND na geral e 1º na Turismo
11/05/1958 - I Prova de Aceleração - Cumbica - Guarulhos/SP - VW Sedan 1.192cc nº 3 - 8º na geral e na C-1.3
28/09/1958 - Inauguração do Circuito da Barra da Tijuca/RJ - DKW F-93 992cc - 1º na geral e na T-2.0 - DQ
18/10/1959 - III Circuito de Poços de Caldas/MG - DKW F93 992cc nº  64-A - 1º na geral e na T-2.0
25/10/1959 - III Subida da Montanha de São Paulo - Estrada Velha de Santos/SP - DKW F93 992cc nº 64 - 4º na geral e 4º na SFL
21/11/1959 - IV Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 64 - C/Eduardo Scuracchio - 12º Lugar
09/01/1960 - Preliminar do Torneiro Sul-Americano - Interlagos/SP - DKW Vemag - 2º na T-2.0
09/01/1960 - Preliminar do Torneiro Sul-Americano - Interlagos/SP - DKW Vemag - 3º na na TFL-2.0
17/01/1960 - GP Cidade do Rio de Janeiro - Barra da Tijuca/RJ
- DKW Vemag 981cc nº 10 - 3º na geral e 1º na T-2.0
13/03/1960 - II Circuito de Piracicaba/SP - TFL  - DKW Vemag 981cc nº 10-A - 1º na geral e na T-2.0
23/04/1960 - GP Juscelino Kubitschek - Eixo Rodoviário Sul - Turismo GEIA - Brasília/DF - DKW Vemag 981cc nº 62 - 8º na geral e 2º na T-1.3
23/04/1960 - GP Juscelino Kubitschek - Eixo Rodoviário Sul - Turismo Preparado - Brasília/DF - DKW Vemag 981cc nº 62A - 3º na geral e na T-2.0
15/05/1960 - II Quilômetro de Aceleração - Aeródromo de Cumbica/SP - DKW Vemag 981cc nº 10-A - ND na geral e 1º na T-1.3
12/06/1960 - Prova Presidente do ACB - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10-A - 2º na geral e 1º na T-2.0
03/07/1960 - 24 Horas GEIA - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 17 - C/Eduardo Scuracchio - 8º na geral e 3º na T-1.3
26/11/1960 - V Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/Ciro Cayres - 10º Lugar
14/01/1961 - Preliminar do Torneio Sulamericano - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - 4º na geral e 2º na T-2.0
13/05/1961 - Circuito de Piracicaba/SP - TFL - DKW Vemag 981cc nº 10-A - 1º na geral e na T-2.0
03/06/1961 - III 24 Horas de Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 8 - C/Luiz Antônio Greco - 17º na geral e 6º na T-1.3
07/10/1961 - I 100 Milhas da Guanabara - Aterro do Glória/RJ - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.3
25/11/1961 - VI Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/Bird Clemente - 6º Lugar
17/12/1961 - IV Circuito da Barra - Salvador/BA - DKW Vemag 981cc nº 10 - TFL - 1º Lugar
25/01/1962 - 12 Horas de Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/Bird Clemente - DQ
25/02/1962 - Festival de Recordes - DKW - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - DKW - 2º Lugar
25/02/1962 - Prêmio Victor Losacco - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e naT-1.3
07/04/1962 - I Prêmio Aniversário ACESP - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.3
20/05/1962 - Festival Automobilístico ACESP - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.3
27/05/1962 - II 100 Milhas da Guanabara - Aterro da Glória/RJ - DKW Vemag 981cc nº 10 - 5º na geral e 1º na T-1.3
22/07/1962 - VII Circuito de Petrópolis/RJ - Grupo III - DKW Vemag 981cc nº 10 - 4º na geral e 2º na T-1.3
22/07/1962 - VII Circuito de Petrópolis/RJ - Grupo II - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.3
19/08/1962 - I Circuito de Araraquara/SP - Grupo I - DKW Vemag 981cc nº 12 - 1º na geral e na T-1.0
19/08/1962 - I Circuito de Araraquara/SP - Grupo III - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.0
02/09/1962 - I 3 Horas de Velocidade - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - 12º na geral e 4º na T-1.0
08/12/1962 - I 500 Milhas de Interlagos/SP - Porsche 356-S90 1.582cc nº 2 - C/Chico Landi/Rolf Sandtfoss - 2º na geral e 1º na T+1.3
10/03/1963 - II 12 Horas de Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/Bird Clemente/Flávio Del Mese - T-1.3 - DQ
10/03/1963 - II 12 Horas de Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 11 - C/Bird Clemente/Flávio Del Mese - 3º na geral e 1º T-1.3
23/06/1963 - II 12 Horas de Porto Alegre/RS - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/Bird Clemente - 6 º na geral e 2º na Classe B
28/07/1963 - VIII Circuito de Petrópolis/RJ - DKW Vemag 981cc nº 10 - T-1.3 - AB
25/08/1963 - II Circuito de Araraquara/SP - Grupo III - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.0
25/08/1963 - II Circuito de Araraquara/SP - Mec. Nac. - Landi/Bianco/DKW 1.089cc nº 10 - MN-2.5 - ND
07/09/1963 - VI 500 Quilômetros de Interlagos - Interlagos/SP - Landi/Bianco/DKW 1.089cc nº 10 - C/Bird Clemente - MN-1.1 - AB
10/11/1963 - I 1500 Quilômetros de Interlagos - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/ "Cacaio" Joaquim Carlos Telles de Matos - T-1.6 - DQ
24/11/1963 - I 1600 Quilômetros de Interlagos - Interlagos/SP - DKW Vemag 1.089cc nº 10 - C/ "Cacaio" Joaquim Carlos Telles de Matos - 8º na geral e 3º na T-1.6
24/05/1964 - II 12 Horas de Brasília - Trampolim do Eixo - Brasília/DF - Fiat Abarth 850TC 843cc nº 17 - C/ "Cacaio" Joaquim Carlos Telles de Matos - T-850 - DQ
07/06/1964 - I GP do Estado da Guanabara - Ilha do Fundão/RJ - DKW Vemag 981cc nº 10 - T-1.3 - ND
19/07/1964 - I 6 Horas de Interlagos/SP - DKW Malzoni  1.089cc nº 10 - 20º na geral e 2º na PT
26/07/1964 - III 100 Milhas da Guanabara - Barra da Tijuca/RJ - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 4º na geral e 2º na PT
23/08/1964 - IV Circuito de Piracicaba/SP - DKW Vemag 1.089cc nº 10 - 1º na geral e na T-1.3
10/10/1964 - I Prêmio Simon Bolivar - Interlagos/SP - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 1º na geral e na PT
11/10/1964 - I Prêmio John Kennedy - Interlagos/SP - Landi/Bianco/DKW 1.089cc nº 10 - 5º na geral e 1º na MN-2.5
18/10/1964 - I 500 Quilômetros da Guanabara - Barra da Tijuca/RJ - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - C/Eduardo Scuracchio - 3º na geral e 1º na PT
06/12/1964 - I Campeonato Internacional de Automobilismo - Rivera/Uruguai - DKW Vemag 1.089cc nº 10 - ND na geral e
14/03/1965 - 3 Horas de Velocidade - Cidade Universitária - Recife/PE - DKW Malzoni 1.089cc nº 9 - 5º na geral e na TFL
27/03/1965 - II 1600 Quilômetros de Interlagos/SP - DKW Vemag MM 1.089cc nº 10 - C/Francisco Lameirão - 14º na geral e 9º na T-1.6
16/05/1965 - II 500 Quilômetros da Guanabara - Barra da Tijuca/RJ - DKW Malzoni 1.089cc nº 7 - C/Francisco Lameirão - PT - ND
20/06/1965 - II 6 Horas de Interlagos/SP - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 2º na geral e 1º na PT
08/08/1965 - V Circuito de Piracicaba/SP - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 1º na geral e na PT
15/08/1965 - I GP Rodovia do Café - Curitiba-Apucarana-Curitiba/PR - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 4º na geral e 2º na PT
19/09/1965 - GP IV Centenário do Rio de Janeiro - Barra da Tijuca/RJ - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 2º na geral e 1 na PT
10/10/1965 - I Festival Interclubes - Interlagos/SP - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 1º na geral e na PT
24/10/1965 - IV 3 Horas de Velocidade - Interlagos/SP - DKW Vemag 1.089cc nº 10 - 3º na geral e 1º na T-1.3
28/05/1966 - III 24 Horas de Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - C/Norman Casari - 10º na geral e 5º na T-1.3
12/06/1966 - GP IV Aniversário APVC - G III - Interlagos - SP - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - 1º na geral e PT
14/08/1966 - VI Circuito de Piracicaba/SP - DKW Vemag 981cc nº 10 - 1º na geral e T-1.3
04/09/1966 - V 3 Horas de Velocidade - Interlagos/SP - DKW Vemag 1.089cc nº 10 - 3º na geral e 1º na T-1.3
07/09/1966 - IX 500 Km de Interlagos/SP - DKW Vemag 1.089cc nº 10 - 4º na geral e 1º na T-1.3
19/11/1966 - VIII Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - C/Eduardo Scuracchio - 2º na geral e 1º na PT/GT
18/12/1966 - Mil Quilômetros da Guanabara - Jacarepaguá/RJ - DKW Malzoni 1.089cc nº 10 - C/ "Cacaio" Joaquim Carlos Telles de Matos - 19º na geral e 7º na PT
10/09/1967 - X 500 Quilômetros de Interlagos/SP - Fitti/Vê 1.192cc nº 11 - C/ "Cacaio" Joaquim Carlos Telles de Matos - AB - (15º Lugar)

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