Página acrescentada em 28 de novembro de 2005. Atualizada em outubro de 2020. Roberto "Argentino" Gomez por Paulo Roberto Peralta
Nasceu na cidade de Buenos Aires, Argentina, no dia 20 de outubro de 1928. Seu pai era chefe de oficina da Shell e foi por influencia dele que tomou gosto por carros. Houve um dia que seu pai foi para casa com um caminhão da empresa e Roberto, menor de idade, o “emprestou” para dar uma volta, enquanto o pai tirava uma “sesta”. Ainda menor de idade, aos 17 anos, fez uma corrida de carretera como co-piloto de Tarulli, para isso precisou de uma autorização do pai. Trabalhou depois na oficina de outro corredor: Remo Gamalero, onde além de participar de mais duas provas como co-piloto aprendeu bastante, o suficiente para construir uma carretera com a qual fez quatro corridas e já profissional experiente abriu uma oficina de auto-elétrica e mecânica e passou a dedicar-se às corridas de "Midget", corridas em ovais de terra geralmente ao redor de campos de futebol.
Convidado por um amigo, que aqui morava, a participar da prova de inauguração de Brasília chegou ao Brasil em 1960, com 31 anos de idade, disse ter corrido de FNM/JK e que não terminou a prova devido a uma quebra mecânica, não achei registro disso. Em São Paulo, numa caminhada, conheceu acidentalmente a oficina dos irmãos Rizzardi, na Rua Conselheiro Nébias, era véspera da “V Mil Milhas Brasileiras” em 1960 e estavam terminando de pintar a carretera com que Ivo iria correr em parceria com Alfredo Santilli. Enquanto observava terminarem a pintura houve um curto-circuito no painel do carro, como era profissional eletricista ofereceu-se para ajudar e fez o conserto. Tornaram-se amigos e convidado foi assistir a prova, ficou maravilhado com o espetáculo da largada noturna. Resolveu ficar no Brasil e passou a dedicar-se à venda de automóveis. Comprou dos Rizzardi um Volkswagen e num incidente de transito (estacionamento irregular) conheceu uma moça, professora, apaixonaram-se e em quatro meses casaram-se. Tiveram duas filhas e um filho.
Pouco depois aquele mesmo amigo o indicou para substituir Nicola Papaleo na prova “III 500 Quilômetros de Interlagos” (60) ao volante do Biagio Especial, mas não passou dos treinos, a alavanca de cambio quebrou e após o conserto Nicola já havia feito as pazes com o pai e foi ele quem participou da corrida. Dois anos depois se inscreveu na prova "V 500 Quilômetros de Interlagos" com um Simca Chambord em parceria com o irmão de Nicola, o Domingos Papaleo, mas não concluíram a prova. Pouco após o casamento montou uma oficina na Avenida Francisco Matarazzo, depois transferida para a Rua Faustolo no bairro da Lapa, em São Paulo. Nesses anos todos frequentava Interlagos e foi fazendo amizade com vários pilotos, até começar a correr em 1965. Comprou um Simca Rallye e o equipou com equipamentos especiais para competição enviados da Argentina por seu irmão (comando, virabrequim, etc.), nessa época a Argentina era mais desenvolvida no preparo de motores de competição que o Brasil. Disse ter adotado o numeral 28 pois ninguém o queria, era o numero que seu ídolo Celso Lara Barberis usava com freqüência antes de falecer num acidente na prova “VI 500 Quilômetros de Interlagos” em 1963. Para a "III 24 Horas de Interlagos" em 1966 a equipe da dupla “Argentino” e Hugo Galina, comandada por Jayme Silva da Simca, levou nada menos que 26 rodas com pneus para poder rodar sem preocupações. Tiveram problemas mecânicos, mas mesmo assim chegaram em 8º lugar na geral e segundo na categoria acima de 1.300cc
Fez toda sua carreira com automóveis Simca, até que em 1967 comprou
através de um diretor (argentino também) da Chrysler, que havia
comprado a Simca do Brasil em 1966, o protótipo Spyder, também
chamado de
Ventania e por último de "Norma Bengel", pois foi essa atriz que
dirigiu o carro em sua apresentação à imprensa no autódromo do Rio
de Janeiro e o carro também apareceu em cenas do filme "As Cariocas"
estrelado por essa atriz.
Esse carro foi criado pelo
Departamento de Competição da Simca do Brasil sob supervisão de
Chico Landi mas nunca havia participado de uma corrida, “Argentino”,
logo após a compra, fez com ele a prova “II 100 Milhas de
Interlagos” em 1967, em seguida se inscreveu na “IX Mil Milhas
Brasileiras” mas acabou não correndo pois não fez a classificação,
depois o vendeu para alguém do Paraná.
Com Interlagos fechado para reformas em 1968, foi convidado pelo amigo Bica Votnamis para fazer dupla no “IV 1000 Km de Brasília” com o "Caçador II", construído por Bica em sua oficina na Rua Barra do Tibagi no bairro do Bom Retiro. Não concluíram a prova pois o carro bateu no muro de azulejos logo após a curva de 90 graus depois da entrada dos boxes, bateu o lado esquerdo no paredão, a quase 45 graus, ricocheteou e bateu a lateral direita também. Era Roberto quem pilotava e foi um problema na suspensão dianteira ou barra de direção que causou a escapada, pois o carro saiu quase de frente. E bater de frente naquele muro era um grande problema, por sorte não se feriu gravemente.
Em 1968 tinha uma pequena oficina na Rua Independência, no bairro do Cambuci, e visitando o Salão do Automóvel conheceu o chileno Raul Lorena que estava lançando o esportivo "Lorena". Convidado em 1969 foi trabalhar na Lorena S/A Industrial de Veículos onde ficou apenas quatro meses como chefe de oficina. Nesse período fez uma corrida com o carro, uma das provas de inauguração do Autódromo de Pinhais (PR), só pelo circuito externo, mas teve sua corrida prejudicada por um mecânico que ao trocar as velas deixou uma delas cair e na volta à pista o carro falhava, pois havia trincado a vela. Saindo da Lorena reabriu sua oficina e no ano seguinte (1970) fez sua última corrida com o Simca nº 28, já então um carro "velho", e encerrou sua carreira de piloto aos 41 anos e 5 meses anos de idade.
Trabalhou ainda, entre 1972 e 1975, com o amigo Alfredo Santilli em sua empresa de equipamentos e depois voltou à sua oficina, e disse que em 1976 sentindo falta das pistas preparou um VW Passat e se inscreveu na prova “100 Milhas de Interlagos”, só que não foi bem e então encerrou definitivamente sua carreira automobilística. Continuou com sua oficina e em 1987 encerrou sua vida profissional trabalhando na fábrica de turbos Reactor. Aposentado e viúvo, vivia no bairro do Brooklin onde veio a falecer em julho de 2010 com quase 88 anos de idade.
|
||||||||||||||||||||||||||||