Voltar à página inicial

Irineu Correa (1900/1935) 
Homenagem ao piloto natural de Petrópolis (RJ) 
(Clique e conheça a carreira desse pioneiro)

Circuito da Gávea 1934 (vitória de Irineu) 
Largou em último, chegou em primeiro!! 
Circuito da Gávea 1935 (acidente fatal) 

Resultado das provas:

    1934   1935
      1) Irineu Correa - BR - Ford
  2) Domingos Lopes - BR - Hudson
  3) Vittorio Rosa - ARG - Fiat
  4) Ricardo Caru - ARG - Fiat
  5) Virgilio Castilho - BR - Ford
 

1) Ricardo Caru - ARG - Fiat
2) Henrique Lehrfeld - PORT - Bugatti
3) José Araujo - PORT - Bugatti
4) Renato dos Santos - BR - Chevrolet
5) Vicente Hugo - BR - Ford

  Página acrescentada em 16 de junho de 2008 e atualizada em 01 de julho de 2008 e em
  14 de junho de 2015

 


Filme de 1934 postado por Memória Motor 

Irineu Corrêa (Irineu Meyer Corrêa da Silva)

Nascimento: 24 de janeiro de 1900  -  Falecimento: 03 de outubro de 1935
 

Foto tirada em 1934

Filho primogênito do comerciante Mário Corrêa da Silva e Dna. Mathilde Meyer da Silva, nasceu em Petrópolis (RJ) no dia 24 de janeiro de 1900. Eram em 8 irmãos.
Ainda criança estudou no Instituto Gratuito São José, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, dos frades franciscanos, e foi nessa época que os primeiros automóveis apareceram nas ruas de Petrópolis, apaixonou-se por essas máquinas maravilhosas.
Diz a lenda, não confirmada, que ainda aos 13 anos embarcou como
clandestino em um navio para os EUA, estava fascinado pelos automóveis e foi então para a terra onde eram produzidos aprender tudo sobre eles, radicou-se na cidade de Trenton, na Filadélfia, e depois em Detroit, em Michigan, e logo, de aprendiz de
mecânico tornou-se um excelente profissional, além de começar a atuar também como piloto. Durante sua estada naquele país participou de diversas corridas em pistas de uma milha, ovais de terra, incluindo-se a de Chester Fair, em 6 de setembro de 1920, em que foi vitorioso, talvez tenha sido o primeiro brasileiro a vencer em terras estrangeiras, também correu em pistas de meia milha e obteve bons resultados.
Retornou ao Brasil com 20 anos e se instalou no Rio de Janeiro como mecânico profissional. Pouco depois casou-se com Dna. Zina Fayão e desse casamento nasceu uma filha.
O automobilismo no Brasil era, nessa época, quase que restrito só aos Raids (Rallyes) de resistência, corridos entre cidades. Não havia patrocínio, apenas alguns “mecenas”, comerciantes, que ajudavam nas despesas, mas Irineu participava ativamente. Abaixo, uma amostra de sua carreira automobilística.
Em 13/05/1927 participou do “Circuito de Outono” em Porto Alegre (RS) e venceu a prova que atraiu um publico de aproximadamente 12 mil pessoas, sua participação deu caráter nacional à prova. Pilotando um Studebaker, após percorrer 146 Km (4 voltas) no tempo de 1h53m5s na velocidade média de 96,41Km/h, o grande vencedor foi muito festejado pelo publico e prestigiado pela imprensa.

Irineu em seu carro preparado
para um rallye em 1928

No ano de 1929 venceu a primeira prova de Subida de Montanha na recém inaugurada (1928) estrada Rio-Petropólis, moderna, toda pavimentada em concreto, depois seguiu para a Argentina onde o automobilismo estava num estágio mais avançado e participou, por exemplo, do “Grande Prêmio Nacional Argentino”, onde chegou em 2º lugar em 1929 e em 3º lugar em 1930.
Participou e venceu o “Grande Raid Buenos Aires-Rosário-Córdoba” em 1930, que teve a participação de alguns pilotos europeus, o que lhe rendeu muita popularidade no país vizinho.

Participou, em 1932, do “Prêmio Automóvel Club do Brasil”, de uma prova "Subida de
Montanha" na estrada Rio-Petropólis, prova vencida por Hans Stuck num carro
Mercedes-Benz SSKL.
Nesse mesmo ano colaborou com o Automóvel Clube do Brasil na escolha do percurso para a primeira edição do “Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro”, o famoso Circuito da Gávea.
Irineu Correa era um inovador na área mecânica. O problema era não deixa morrer o carro nas paradas de reabastecimento, então faz uma adaptação: levava um litro de óleo que ia injetando no cárter durante a corrida por intermédio de um dispositivo desenvolvido por ele, um recurso perigoso, mas tão bem sucedido que foi copiado por todos os outros corredores. 

1933 - Revendedora Ford em Petrópolis
onde Irineu preparou sua “baratinha”  

Desfile antes da corrida de 1933

Em 1933, para o Primeiro Grande Prêmio preparou com capricho seu carro, nessa primeira prova o grande favorito era ele, sem dúvida, com experiência em corridas nos EUA, na Argentina e no Brasil, demonstrava excelente desempenho e na véspera durante os treinos, foi o piloto mais rápido tornando-se o grande favorito de uma vitória brasileira. Correram 11 brasileiros, além de 4 argentinos e 1 uruguaio, que deram o teor de prova internacional, um total de 16 participantes, mas na largada, a manga de eixo da suspensão (bengala) quebrou, eliminando-o da competição, foi obrigado a parar, sob os aplausos da torcida. O vencedor, Manuel de Teffé, foi carregado em triunfo pelo público.

“2º Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro” (Circuito da Gávea) - 03 de outubro de 1934
Foto antes da prova Fazendo uma curva em descida Acelerando a "barata" Passando pelo canal

Em 1934, Irineu trabalhou em seu carro numa oficina no bairro Flamengo e nos fins de semana nas oficinas de uma concessionária Ford em Petrópolis, que atendia principalmente aos turistas com problemas. Auxiliado pelos engenheiros, Henrique Cathiart e por Silvio Barbosa Bentes, montou sua "baratinha 90". Foi o grande vencedor dessa segunda prova com seu Ford, melhor preparado, enfrentando pilotos estrangeiros dotados de máquinas superiores como Alfa Romeo, Fiat e Bugatti, e mesmo largando em último lugar (por sorteio) foi recuperando posições. Na chegada, por ter derrotado volantes estrangeiros equipados com máquinas superiores Irineu foi aplaudido pelo público, que, emocionado cantou o Hino Nacional. Correram 40 participantes: 16 argentinos e 1 italiano, além de 23 brasileiros.

Bandeirada final Vencedor, mas ainda no carro Dando entrevista como vencedor 

Na edição de 1935 do Circuito, a bordo de um Ford V8 novo, muito bem preparado, ele, que tinha a simpatia do público e o reconhecimento dos outros pilotos, fez o seguinte comentário durante o sorteio das posições de largada:
- O perigo está em toda parte e em uma corrida de automóveis qualquer um pode morrer”.

1935 - O novo carro 

1935 - Favorito

Na manhã de 2 de Junho de 1935, foi dada a largada na Rua Marques de São Vicente, esquina com a rua João Borges e pouco depois, na Av. Visconde de Albuquerque, Teffé apareceu em primeiro e Irineu, tentando corrigir uma derrapagem de seu carro, um Ford 1935, subiu no meio fio numa curva em frente ao Jóquei Clube chocando-se contra uma árvore, caiu no canal dessa avenida, Irineu foi retirado das ferragens do carro já morto. Uma grande perda para o automobilismo brasileiro.  

Clique aqui para conhecer toda sua carreira, participações e resultados.


1935 - Bombeiros retiram Irineu
1935 - Foto do acidente de Irineu Corrêa
Acervo: Blog do Cariocadorio
1935 - O carro caído no canal
Acervo pessoal - Cristina Pedroso
Foto de seu avô Eurico Pedroso Filho
1935 - Estado em que ficou o carro

No “IV Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro” (Circuito da Gávea de1936) durante os treinos da véspera da corrida, o mesmo carro no qual Irineu perdera a vida no ano anterior e agora pilotado por Dante Palombo, chocou-se violentamente contra um poste causando a morte do piloto, esse fato despertou o imaginário popular e quando em 1938 José Bernardo sofreu um acidente com o mesmo carro e escapou da morte, o veículo ganhou o apelido de “O assassino”. 

Fontes de referência:
"Irineu Corrêa Um Corredor Petropolitano" - Oazinguito Ferreira da Silveira Filho & Dóris Corrêa - Tribuna de Petrópolis, em 02/06/1985, p.2 Segundo Caderno
Livros:
Circuito da Gávea - Paulo Scali
Circuitos de Rua - Paulo Scali
Levantando Poeira - Gilberto Menegaz
Fotos: http://www.forix.com/8w/rio34-37.html
(exceto onde indicado)
 

  
VOLTAR AO TOPO DA PÁGINA