Página acrescentada em 04 de fevereiro de 2006. Atualizado em
dezembro de 20202.
Ricardo Rodrigues de Moraes
(Al Capone)
por
Paulo Roberto Peralta
Nasceu em Jaú, cidade do interior de São Paulo, no dia 15 de março
de 1934, filho de João José Rodrigues de Moraes, promotor público
que em 1941 mudou-se para Ribeirão Preto e onde Ricardo fez o curso
primário, em 1945 mudaram-se para São Paulo.
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Reo 1929, o
carro do “Al Capone” daí uma das origens do apelido. Em
1952 com 18 anos já andava rápido pelas estradas de
Ribeirão Preto |
Formado
em Arquitetura em 1958, gostava de ao ir visitar as obras,
principalmente as no interior, dirigindo seu carro da maneira mais
esportiva possível, guiando no limite sempre. Seu apelido (Al
Capone) surgiu daí, seus colegas diziam que gostava de arranjar
aventura e que guiava como se estivesse fugindo da polícia. Nem
sonhava em competir.
"- Era uma coisa considerada de doido, diletante, playboy, mas tinha
gente muito boa disputando nessa época."
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1964 - Compra da Maserati/Lancia V6
- 2500cc |
Até que
no início de 1964, seu primo Alcindo Ribeiro de Barros que era
corredor de automóveis resolveu vender sua Maserati (biposto), e ele
a comprou.
Nessa época já era casado, pai de dois filhos, e apesar de seu primo
ter pedido a promessa de que não iria usá-la em competições ele logo
se inscreveu na prova “GP Rogê Ferreira”, nessa corrida usou o
apelido "Al Capone", o que não funcionou muito bem, pois todos já o
conheciam por esse apelido, inclusive a família, mas apesar de
inscrito e ter feito os treinos nem alinhou, o carro apresentou
problemas, depois dessa prova se inscreveu na seguinte, o “GP
Vitória da Democracia" (cuja renda foi doada para a campanha "Ouro
para o bem do Brasil" dos Diários Associados). Classificou-se em 7º
Lugar, na geral.
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1964 - 250
Milhas de Interlagos - frente nova |
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1964 - 250
Milhas de Interlagos - em ação |
Após a
corrida modificou a frente do carro, onde aplicou seus conhecimentos
em aerodinâmica de aviões, afinal era piloto brevetado. Além das
pistas de corrida, Ricardo também pilotava aviões e teve vários
aparelhos, chegou mesmo a atuar no ramo de táxis aéreos.
O seu carro tinha assistência e manutenção da "Scuderia Firebird
Ltda", oficina recém comprada por seu amigo Julio Pignatari do
piloto Marcelo Audrá.
Em
setembro se inscreveu na prova “I 250 Milhas de Interlagos”, corrida
pelo anel externo e organizada pela APVC, mas não terminou a prova,
capotou na Curva Dois após saírem os raios da roda traseira direita
(estava em 6º lugar na geral e 1º na categoria). Os primeiros a
chegar para socorrê-lo foram os irmãos Ary e
Ciro Cayres que assistiam a prova
naquele local acompanhados por um garoto que estava iniciando no
kart e que duas voltas antes, quando chamado para mudar de local,
havia dito:
"-
Quero ficar para ver o carro 5 capotar",
seu nome: Emerson Fittipaldi.
Ele já havia notado problemas com os aros da roda que realmente
acabaram se rompendo e provocando o acidente.
Na hora do acidente quem vinha atrás era
Roberto Gallucci, vencedor da
prova, que fez o sinal da cruz enquanto via o carro capotar 3 vezes,
inclusive com o capacete do piloto batendo no chão. Mas por sorte
Ricardo saiu ileso, só desmaiado, foi socorrido na pista e
transportado ao Hospital Santa Lucia onde ficou internado.
Ele acabou classificado pelo numero de voltas completadas, em 13º na
geral e 2º na MN-3.3.
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1964 -
Momentos antes do acidente |
Num
jornal do dia 28 temos a notícia:
“... Al Capone chegou ao hospital inconsciente, mas logo depois
recobrou totalmente os sentidos e mostrava-se perfeitamente lucido
ao relatar ao repórter que só o que se lembrava é estar correndo à
frente de todos de sua categoria quando aconteceu o acidente. O
médico Luciano Bisordi, chefe da equipe de plantão em Interlagos
disse que Al Capone estava completamente fora de si quando foi
atendido, mas reagiu depressa. Queixava-se de dores no tórax o que o
levou a suspeitar de alguma fratura. Contudo essas suspeitas foram
dirimidas pelo radiograma. O volante apresenta apenas um ferimento
mais ou menos grande na região temporal e outros menores no braço e
antebraço direito.”
Ricardo
(o “Al Capone”) diz que foi um dos pioneiros no uso de cintos de
segurança, até então os pilotos pensavam ser melhor ser cuspido para
fora do que morrer queimado amarrado ao banco, mas a partir desse
capotamento, quando foi salvo pelo cinto (abdominal), os pilotos
começaram a aceitar a ideia.
Meses
depois num encontro ao acaso no Campo de Marte, os dois eram pilotos
de avião, Roberto Gallucci não
o reconheceu, mas Ricardo não só o reconheceu como disse:
"-
Sou aquele que capotou na sua frente na Curva Dois, soube que fez
uma oração em intenção de minha alma. Não podendo mandar só a alma,
vim junto e quero agradecer-lhe."
Gallucci
ao saber que a Maserati dele ainda não havia sido consertada se
ofereceu para fazer isso, mas como ela já estava na oficina de
Carlos Mesa Fernandes o "Caco" na Rua Cunha Gago em Pinheiros ficou
acertado que ele forneceria ferramental e orientação técnica. Pouco
tempo depois do carro pronto, foi vendido para o irmão do dono da
oficina.
Em 1965
se inscreveu para correr em dupla com Gallucci na prova “250 Milhas
de Interlagos”, corrida que foi realizada no sentido anti-horário,
contrário ao habitual, e largada ao estilo “Le Mans” com um VW Sedan
que tinha uma invencionice do Gallucci: uma ventoinha que fazia as
vezes de um compressor:
“- Tentamos fazer uma
corrida de longa duração com um Volkswagen turbo onde eu largaria,
saída à Le Mans. Mas o carro não subia de giros, o que ele notou
ainda no caminho de Interlagos, eu preferia largar assim mesmo e se
o turbo não entrasse eu pararia, mas ele me desaconselhou a largar,
pois iríamos fazer ridículo com o baixo rendimento do fusquinha em
uma competição de Turismo Força Livre, como não podia deixar de ser
acatei a vontade dele, pois ele era quem era: um senhor campeão que
tinha um nome a zelar”.
Recorda
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1974 - Lançamento do livro |
Ricardo
divorciou-se, casou novamente, teve mais um filho, formou-se em
advocacia, depois em administração e em 1974, após 4 anos de
pesquisa, lançou o livro: "A Invasão Branca", onde conta a história,
mas de uma forma romanceada, da vida do amigo Roberto Gallucci que
fugiu para o Paraguai em virtude de dois processos.
Ricardo
faleceu em 21 de dezembro de 2017 no município de Praia Grande (SP)
onde residia.
Participações em provas
08/03/1964 - GP Rogê Ferreira - Interlagos/SP
-
Maserati/Lancia V6
- 2500cc -
NL
04/07/1964 - GP Vitória da Democracia
- Interlagos/SP -
Maserati/Lancia V6
- 2500cc -
7º lugar
27/09/1964 - I
250 Milhas de Interlagos/SP -
Maserati/Lancia V6
- 2500cc -
AB -(13º geral e 2º na
cat. MN-3.3 - pelo nº de voltas)
19/12/1965 - II 250 Milhas de Interlagos/SP - Com Roberto Gallucci - VW -
NL
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