Página acrescentada em 17 de junho de 2009 - Atualizada
em fevereiro de 2021 Victorio Azzalin (Victorio Azzalin Filho) por Paulo Roberto Peralta
Paulistano, filho
de italianos, nasceu em 20 de agosto de 1941 no bairro do Tatuapé,
zona leste de São Paulo, onde passou a infância, a adolescência,
estudou e cresceu. Seu pai tinha uma indústria de móveis e colchões
a Av. Celso Garcia e logo ele foi trabalhar com o pai e o irmão.
Em 1961 comprou uma
Alfa Romeo Giulietta do amigo Julinho que jogava futebol na
Fiorentina da Itália, depois jogou no Palmeiras também.
Entusiasmado com a carreira que se iniciava, comprou de Euclides Pinheiro um “carro de corrida de verdade”, uma Maserati com motor Lancia V6, biposto, visando participar da prova de gala do automobilismo, o “500 Quilômetros de Interlagos”, mas antes se inscreveu no “Prêmio Aniversário ACESP” onde no sábado participou de uma corrida para carros turismo com o DKW, e no domingo quando haveria provas de Carretera e de Mecânica Nacional/Esporte, estrearia a Maserati. Mas não estreou, o ACESP vetou a participação das carreteras que não possuíam “Santo Antonio” (quase todas), gerando uma grande revolta entre os pilotos liderados por Camillo Chistofaro, e após muitas discussões os pilotos se recusaram a participar, causando dessa forma o cancelamento de todas as corridas. Sua estréia na categoria se resumiu então aos treinos.
Mas em março, no
“Festival Automobilístico” do próprio ACESP, com corridas para
diferentes categorias pode finalmente correr com a Maserati. Na
prova para carros esporte, o piloto “Rio Negro” (Fernando Antonio
Mafra Moreira) sofreu um acidente fatal na Curva 1, bateu de lado
nos eucaliptos e dividiu seu carro ao meio, uma Ferrari emprestada
pelo piloto Aguinaldo de Goes
que estava impossibilitado de correr, a polícia não permitiu a
remoção do corpo antes de fazerem a perícia, o que só poderia ser
feito após o término das provas. A prova seguinte, para carros
Mecânica Nacional, transcorreu em um clima “mórbido”, a prova foi
vencida por Camillo Christofaro
e Victorio chegou na quinta colocação. Um tempo depois vendeu esse carro para um amigo do Tatuapé que tinha posto de combustíveis, mas não corria. Vendeu, pois o novo regulamento do “500 Quilômetros” não permitia mais a participação de carros bipostos ou esporte. Foi um duro golpe.
Em Araraquara,
interior de São Paulo, participou de uma corrida de rua com o DKW
Vemag.
Em 1963 fez uma
única prova, no mês de novembro participou da prova “1500
Quilômetros de Interlagos”, em dupla com outro piloto do Tatuapé,
Aroldo Louzada, no carro Simca
Rallye deste.
No final de 1964,
decidido a voltar às pistas comprou uma carretera do
Caetano Damiani, corredor de
Guarulhos (SP).
No início de 1965,
em março, se inscreveu na prova “1600 Quilômetros de Interlagos”
tendo como parceiro Nelson Marcilio, e “Totó”, pai de Nelson, como
mecânico preparador.
Na parte de trás da
loja a carretera foi desmontada, sua carroceria foi abaixada e o
chassi reforçado.
Durante o trabalho
o Justino de Maio, outro corredor do Tatuapé, foi à loja e viu a
carretera, como estava chegando a época da “Mil Milhas” propôs de
correrem juntos. A carretera foi levada para a oficina do Justino e
seu mecânico preparador, o “Gordinho”, trocou o motor por um do
Justino e terminou seu preparo.
No dia da prova
combinaram um ritmo de corrida conservador, afinal era um prova
muito longa. Justino que largou, fariam troca de pilotos a cada hora
e meia.
Mas nas voltas
finais uma preocupação, com tanto buraco na pista a carroceria foi
rachando e perigava do tanque de combustível se soltar e cair.
Foi campeão da “VII
Mil Milhas Brasileiras” aos 24 anos
Vitória conquistada
partiram para o bairro já como ídolos, chegando na Praça Silvio
Romero, a principal do bairro, uma multidão os esperava. Foi preciso
interditar o transito, nem o ônibus elétrico conseguia passar.
Menos de um mês
depois foi promovida a prova “250 Milhas de Interlagos”, realizada
no sentido inverso ao habitualmente utilizado, e lá estava a dupla
novamente com a carretera.
Após essa prova deu
um tempo na carreira já pensando em parar definitivamente de correr,
passou a se dedicar apenas à loja de automóveis. Mas no ano
seguinte, 1966, fez uma corrida de 24 horas em parceria com o amigo
Ayres Bueno Vidal, no carro deste, um Simca Rallye, mas já na 12ª
volta se acidentaram com o DKW Vemag da dupla Henrique Mutti e
Juvenal Terra que rodou na curva do “esse”, tiveram que abandonar:
Finalmente em
novembro o jornalista e piloto Expedito Marazzi.o convenceu a
participar da “VIII Mil Milhas Brasileiras”, então inscreveu
novamente a carretera na prova fazendo dupla com Marazzi. Após essa corrida parou definitivamente de correr aos 25 anos de idade. Vendeu a carretera uns dois anos depois para um amigo do Caetano Damiani, que não era piloto. Com a loja de automóveis continuou até 1974, tentou outros negócios, mas depois em 1978, com 37 anos, foi explorar madeira em Rondônia, até “...puxarem meu tapete”, então retornou à São Paulo em 1997.
Ainda gosta de
assistir automobilismo, foi ás primeiras corridas de Fórmula 1 antes
de ir para Rondônia, mas agora só pela televisão.
Hoje, aposentado,
ainda mora no bairro do Tatuapé. Tabela
de participações e resultados
25/02/1962 - Premio Victor Losacco - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 19 - ND 07/04/1962 - I Prêmio Aniversário ACESP - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 19 - T-1.3 - 7º 20/05/1962 - I Festival Automobilístico do ACESP - MN -Interlagos - Maserati/Lancia 2.451cc nº 30A - MN-2.5 - 5º Lugar 19/08/1962 - I Circuito de Araraquara/SP - Grupo I - Araraquara/SP - DKW Vemag 981cc nº 19 - T-1.3 - AB 02/09/1962 - I 3 Horas de Velocidade - Interlagos/SP - DKW Vemag 981cc nº 19 - 25º na geral e ND na T-1.3 10/11/1963 - I 28/03/1965 - II 27/11/1965 - VII Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Chevr/Corvete 4.350cc nº 50 - c/Justino de Maio - TFL - 1º Lugar 19/12/1965 - 28/05/1966 - III 24 Horas de Interlagos/SP - c/Ayres Bueno Vidal - Simca Rallye n° 1 - 2.550cc. - AB 27/11/1966 - VIII Mil Milhas Brasileiras - Interlagos/SP - Chevr/Corvete 4.350cc nº 60 - c/Expedito Marazzi - TFL - AB Agradecimentos: Rui Amaral e
Marcelo Azzalin. Foto da MM/66, "emprestada" do livro "Interlagos - 1940 a 1980" de Paulo Scali - Imagens da Terra Editora |
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||