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            Página acrescentada em 14 de setembro de 2025. 
 Sergio "Cabeleira"
            
            (Sergio Gomes Martins)
 por
             
            
            Paulo Roberto Peralta
 
				
					
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						1965 |  
			Sérgio Gomes Martins, apelidado 
			nos meios automobilísticos como Sérgio "Cabeleira", trabalhava na 
			Vemag (Veículos e Máquinas Agrícolas S/A), mas chamada de "DKW Vemag" 
			pelo publico em geral. 
				
					
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						DKW F-93 em 
						Poços de Caldas em 1959 |  
			Deve ter saído da Vemag em 1958 
			(?) quando passou a trabalhar em casa, e foi lá que trabalhou com
			o
			Marinho, preparando seus veículos 
			e testando-os em uma subida íngreme (Av. São Gualter) no bairro de 
			Pinheiros, em São Paulo, que o grupo chamava de "dinamômetro", para 
			medir desempenho. Ele preparou o motor do DKW F-93 de Mário 
			César de Camargo Filho (o "Marinho"), que 
			venceu o "III Circuito das Águas", Poços de Caldas (MG), em 
			outubro de 1959.
 
			Numa reportagem da Maxicar de 
			março de 2015 Marinho respondeu ao 
			Bird Clemente:
			"- Tenho grandes 
			recordações do meu amigo Sérgio "Cabeleira" que foi um gênio, em se 
			tratando de motores. Nós passamos noites e noites mexendo nos 
			motores do meu carro, e como você sabe, trabalhávamos nos mínimos 
			detalhes, pois sempre fui muito exigente e ele era muito parecido 
			comigo nesse ponto. O resultado de todo esse trabalho era 
			gratificante. Só parávamos no momento em que tudo parecia estar 
			perfeito. 
			"Cabeleira" era famoso por seu 
			senso de humor e por dar apelidos criativos aos pilotos. Um exemplo 
			clássico é o de Jan Balder durante a comemoração da vitória de Marinho no 
			restaurante de Poços de Caldas:"- Eu tinha 13 anos, 
			em exatos 19 de Outubro de 1959, fui para uma corrida de rua em 
			Poços de Caldas , em minha primeira participação por dentro das 
			pistas, claro, nos bastidores.
 O Marinho com um DKW F93 duas portas e motor do Sergio Cabeleira 
			ganhou a corrida e a comemoração foi num bar restaurante na praça de 
			Poços. Ali fiquei impressionado em sentar ao lado do campeão da 
			prova e timidamente pedi um Omelete….(não estava muito acostumado 
			com cardápio de restaurante) e alguém perguntou que era aquele 
			menino, e o Cabeleira que já me conhecia olhou para o meu prato (o 
			Omelete era maior) e falou é o "Papa Omelete", e o apelido ficou..."  
			(Jan Balder no Conexão Saloma)
 
			Carta de
			Bird Clemente para Luiz Antonio 
			Greco:"- Jamais poderíamos imaginar que naqueles tempos, quando a Vemag 
			produzia os primeiros DKW, que ela descobriria o interesse dos 
			brasileiros pelas corridas de automóvel, criando o primeiro 
			departamento de competição. Jorge Lettry, seu futuro rival, era o 
			chefe, eu e o Marinho, os primeiros pilotos de fábrica e você, 
			funcionário do departamento de compras da Vemag, gravitava por ali, 
			chegando a pilotar um de nossos carros na Mil Milhas. O seu apelido 
			era “Gazetinha”. Não esqueço as suas primeiras jogadas se unindo ao 
			genial Sérgio Martins Gomes, o “Cabeleira”, seu amigo e parceiro, 
			que você usava como preparador, lucrando com a venda dos fantásticos 
			DKW-Vemag." (Bird 
			Clemente no site da Revista Racing na seção Cartas do Bird, em 2012)
 
			Manteve sua oficina no bairro de 
			Pinheiros, em São Paulo, onde realizava preparações avançadas de 
			motores DKW, muitas vezes à noite, com ênfase em organização e 
			limpeza impecáveis nas bancadas de trabalho. Entusiastas e pilotos 
			frequentavam o local para acompanhar os processos:"- Sergio Martins 
			Gomes (O Cabeleira) - ...eu fui varias vezes lá na oficina dele em 
			Pinheiros acompanhar o fechamento dos motores DKW – e sempre de 
			madrugada - bancadas todas limpinhas, oficininha na garagem da casa 
			dele… Lembra-se disso ? Quem me levou lá foi o Hugo Porta, meu amigo 
			das Perdizes. Foi ele que emprestou um DKW com porta malas de pano! 
			(para aliviar peso) para o Bird Clemente correr, no inicio da 
			carreira dele…..eu estava junto, acompanhei tudo bem de perto."
			 (Luiz Evandro "Águia" no 
			Conexão Saloma)
 
			Em 1960, o gaúcho
			Flavio Del Mese veio à São 
			Paulo e como estava sem carro pois a Equipe Vemag não disponibilizou 
			carro para toda a equipe, então Sérgio "Cabeleira" apresentou Del 
			Mese para Roberto Gallucci, que 
			tinha um DKW (que provavelmente era o "Cabeleira" o preparador) e 
			estava sem parceiro para correr a "I 24 Horas de Interlagos":"- ... foi um carro 
			preto e dele, não da fábrica. Acho que era uma prova com o grupo1 e 
			era tão certa a vitória de um DKW naquela categoria, que não havia 
			razão para a fábrica entrar com tudo.... Ele decidiu largar e, umas 
			10 ou 15 voltas depois, quebrou a ponta de eixo traseira esquerda..." 
			- Depoimento de Flavio Del Mese 
			no livro 24 Horas de Interlagos".
 
			Em 1963, ou um ano antes, 4 
			amigos automobilistas: Anísio Campos; 
			Joaquim "Cacaio" Mattos; Bruno Barrancano e Sergio "Cabeleira" 
			abriram uma loja no bairro de Pinheiros em São Paulo, a "Corsa", que 
			funcionava como preparação e boutique automobilística. 
			
			Quando em 1963 
			José Carlos Pace resolveu estrear no "II Prêmio Aniversário ACESP" 
			(29 de junho), pegou o DKW do pai e pediu ajuda aos 4 amigos, era 
			uma sexta-feira e Sergio "Cabeleira", que conhecia DKW como 
			poucos, preparou o caro de Pace e logo no primeiro dia de treino ele 
			já fazia a volta mais rápida. Isso chamou a atenção de Luiz Antônio 
			Greco, que na noite desse dia foi à casa de Anísio e insistiu que "Moco" 
			trocasse o DKW por um Gordini da equipe Willys:"- O Pace havia feito 
			um excelente treino com o DKW em Interlagos. Andei ao seu lado a 
			tarde toda e ele estava muito afiado. À noite, quando o Luiz Greco 
			bateu na porta de minha casa querendo seu passe, não tive duvidas: 
			negociamos por equipamentos para nossa loja." 
			(Anisio Campos no livro do
			Jan Balder)
 Na corrida quem usou o DKW foi Ângelo Pace, seu irmão.
 
			Da Corsa quem mais pilotava era 
			Bruno Barrancano, geralmente fazendo dupla com Roberto Nabuco; 
			Antonio Castrucci ou sozinho. Algumas provas que participou em 1964, talvez com o preparo do sócio 
			Sergio "Cabeleira, não sei, mas acho bastante provável.
 *20 de julho - "6 Horas de Velocidade" com Roberto Nabuco - DKW nº 36 
			-10º lugar
 *18 de agosto - "1000 Km de Interlagos" com Antonio Castrucci - DKW 
			nº  36 - Tinha o 3º lugar garantido mas faltando 3 voltas, 
			capotou.
 *10 de outubro - " Premio Simon Bolivar" sozinho - DKW nº 36 
			- Não 
			disponível.
 
				
					
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						1964 DKW 
						Malzoni GT |  
			Lançado em 1964 o DKW Malzoni GT 
			deu origem a um carro vencedor.No galpão dos tratores da fazenda de Rino Malzoni, um chassi de 
			Belcar teve o entre-eixo encurtado de 2,45m para 2,22m. Pedro 
			Molina, artista da chapa, transformou o desenho de Rino numa 
			carroceria de metal. Seguiam a escola italiana do início dos anos 
			60, e a inspiração vinha, principalmente, da Ferrari 250 GT 
			Berlinetta SWB.
 Entortava-se o pescoço para entrar na cabine baixinha e apertada. As 
			janelas laterais de correr e a envolvente vigia traseira eram de 
			acrílico. No interior, o mínimo possível. Aos instrumentos originais 
			do Belcar foi acrescentado um conta-giros Veglia, um volante 
			esportivo, um singelo santo antonio e pronto.
 A mecânica foi preparada na concessionária Vemag que Marinho tinha 
			em São Paulo. Era um motorzinho dois tempos de três cilindros, e 
			quem montou esse primeiro motor foi "Sérgio Cabeleira". Tudo era feito à noite, nas horas 
			vagas.\
 "- A mecânica foi 
			montada na concessionária Vemag que eu tinha em São Paulo. Era um 
			motorzinho dois tempos de três cilindros, fuçado para render algo 
			entre 85cv e 88cv - ótima potência para a cilindrada de 1.000cm. 
			Fizemos a noite, nas horas vagas. Quem montou o primeiro motor foi o 
			Sérgio "Cabeleira", mecânico que nunca pisou num Autódromo." 
			(Marinho, no site Extra.Globo de dezembro 
			de 2014)
 
			"Cabeleira" foi indicado para 
			receber o "Premio Victor", da Editora Abril, do ano de 1964 na 
			categoria de Melhor Mecânico. Foram indicados, além dele: Luciano Bonini,
			Jorge Lettry e Nelson Enzo Brizzi, fcou em 4º lugar, o vencedor foi Luciano 
			Bonini.
 
				
					
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						Jornal do 
						Brasil - março de 1965 |  
			Em 13  de março de 1965 saiu uma noticia no "Jornal do Brasil" 
			de que "Cabeleira" era entendido e colecionador de peças de 
			folclore. Não consegui confirmar.Em 19 de Maio de 1965, nasceu o filho de Sergio "Cabeleira", acho 
			que o único: Gustavo Gomes.
 
			No " I 
			GP Rodovia do Café" (Curitiba-Apucarana-Curitiba/PR),  em 
			agosto de1965 Marinho correu com o DKW  Malzoni GT, completando 
			a prova à uma velocidade média de 151 Km/h em 4º na geral, mas 1º na 
			categoria protótipos:"- Os meus melhores 
			momentos junto com o Sérgio Cabeleira foram quando fizemos a corrida 
			Curitiba-Apucarana que mesmo sendo uma prova de altíssimo risco, 
			pois parte dela foi com garoa, com uma média horária muito alta, 
			ele, corajoso e grande companheiro, me dizia: “baixa a bota 
			caipira!” 
			(Maxicar - março de 2015)
 
				
					
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						DKW Piquet - 
						1966 |  
			DKW PIQUET GT 1966Cristiano Piquet Carneiro, estudante de arquitetura e desenho 
			industrial, tinha um sonho: construir, ele próprio, um automóvel... 
			E começou a fazê-lo partindo de um DKW com chassi encurtado, para 
			chegar a uma `Berlineta´ de dois lugares.  Carroceria era em 
			fibra de vidro.
 O estudante, primo de Nelson Piquet, veio a falecer num acidente e 
			sua família continuou o projeto para homenageá-lo:
 "- Conheci este 
			projeto na década de sessenta quando o GT Piquet foi enviado do Rio 
			à São Paulo pela família do seu criador, pintado azul médio e 
			interior cognac ... muito estiloso e lindo !! Veio com o propósito 
			de instalação do acionamento de cambio de engates universal no 
			assoalho como seria mais condizente para um GT !! Isto aconteceu nas 
			instalações da oficina do Sergio Gomes Martins ... Experimentamos, 
			como sempre fazíamos, lá no "dinamômetro", era como chamávamos a 
			subida da Av. São Gualter ..." 
			- (Comentário de Aldo Santos Oliveira no site revistacolecionismobr)
 
				
					
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						BMW de Maks 
						Weiser em Goiania - 1968 |  
			Em 1968 tem uma noticia de que o 
			piracicabano Maks Weiser, Dekavezeriro de carteirinha, mas que tinha 
			uma BMW de passeio, pediu ajuda a Chico 
			Landi, na época sócio da CBE (revendedora BMW), para colocá-la 
			em uma corrida. Chico respondeu que emprestaria um carro mais 
			adequado e mandou Sergio "Cabeleira" levar, a corrida era em Goiânia 
			(GO) (então ele já devia ter deixado os DKWs para trás e trabalhava 
			com os BMWs)."- O carro chegou em 
			Goiânia pelas mãos do "Cabeleira" na véspera da corrida, não deu 
			tempo de testar o carro. A corrida era em uma avenida de duas 
			pistas, ia por uma pista e voltava por outra. Praticamente não tinha 
			curva, só reta. O prefeito resolveu consertar o asfalto, não houve 
			treino, sortearam os carros para a largada. O meu era o décimo 
			sétimo carro a largar em 32 carros. Domingo de manhã foi dada a 
			largada e eu levei um susto pela forma como andava o carro. Era um 
			BMW preparado para competição. Depois da terceira ou quarta volta eu 
			já era o primeiro colocado. A partir daí, foi controlar a prova para 
			ir ao final, mas numa das freadas, para reduzir a marcha, o pedal da 
			embreagem foi e não voltou. Parada nos boxes e Sergio "Cabeleira" 
			viu que um dos suportes do motor havia quebrado. Fiquei seis minutos 
			mais ou menos no box, consertaram, voltei e ganhei a corrida!" 
			(Maks Weiser em uma entrevista a 
			João Nassif) em 2005)
 
			No ano de 1969
			Agnaldo de Góes Filho 
			comprou de Eugênio Martins e
			Chico Landi, a CBE (revendedora BMW), mudando a razão social para CEBEM, tornando-se 
			também o chefe da equipe que corria com carros da equipe da loja, e 
			Sergio "Cabeleira" continuava trabalhando com os BMWs mesmo a loja 
			tendo mudado de dono.  
				
					
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						BMW 
						"Esquife" Ciro Cayres e Jan Balder - 1970 |  
			Em 1970 na primeira prova após a 
			reabertura de Interlagos (1500 Quilômetros de Interlagos/SP) Agnaldo 
			colocou dois carros para disputar, e resolveu cortar a capota de um 
			deles, o que Cito Cayres ia 
			pilotar,o transformando em spyder. Ciro talvez relembrando o tempo 
			da Mecânica Nacional dizia: "- ...o negócio é 
			correr com a cuca de fora...",
 Como nem todos concordavam, mas ele era o chefe, pegou um arco de 
			serra de aço e começou a cortar as colunas da capota, aí virou 
			para o "Cabeleira" e disse: 
			"- Dei a largada, o resto é com vocês...".
 "- Com a capota 
			removida, foi necessário reforçar a estrutura do monobloco e 
			recalibrar a suspensão. Colocaram uma cobertura em alumínio, 
			deixando apenas o cockpit para o piloto. Como segurança foi 
			instalado um arco de proteção, simples e bem leve, que o "Cabeleira" 
			batizou de "Santo Antonio sem-vergonha". 
			(Jan Balder, em seu livro)
 
			Mais tarde, na década de 1970, 
			atuou como comissário de provas na Federação de Automobilismo de São 
			Paulo (FASP), onde continuou envolvido no esporte, inclusive no 
			departamento de ralis. (a confirmar) 
			Ele é lembrado como um "gênio" 
			dos bastidores do automobilismo, contribuindo para o amadorismo 
			virar profissionalismo no Brasil. Faleceu em data não especificada 
			nas fontes consultadas, mas é referido como "saudoso" em relatos a 
			partir dos anos 2000. 
			  
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