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2014 |
Flavio nasceu em 27 de
fevereiro de 1934, filho de Dr. Renato Del Mese (italiano, natural
de Bruciatti) e Dna. Hilda Pandolfo
Del Mese, em Muçum,
mas
sempre vinculado a Caxias do Sul, costuma dizer que nasceu em Caxias
do Sul com 01 ano de idade, diz Susana Gastal, co-autora de seu
livro “Flavio
Del Mese: Um nômade pelo Mundo”.
Nome
completo Flavio Lupo Trimalcione Del Mese
Nota: O nome "Trimalcione" remete ao personagem Trimalchio do
Satyricon de Petronio, um liberto rico e extravagante da literatura
romana, mas não há evidências de que Flavio tenha alguma conexão
direta com esse personagem além do nome. É possível que o nome seja
uma homenagem ou escolha estilística de sua família. (GROCK)
Casado com
Eliana Donatelli Moura Del Mese, mas não consegui a data do
casamento.
É aposentada como Procurador do Estado desde 1999.
Consultei o GROCK sobre Flavio Del Mese, e a resposta foi essa:
"- Flávio Del Mese, conforme descrito em fontes disponíveis, teve
uma carreira automobilística notável, especialmente por sua
participação como piloto de competições na década de 1950 e 1960.
Ele foi integrante da primeira Equipe de Fábrica do Brasil, a
vitoriosa equipe da DKW-Vemag, que marcou história no automobilismo
brasileiro. A DKW-Vemag competiu com destaque em provas nacionais,
como as Mil Milhas Brasileiras, e Del Mese contribuiu para o sucesso
da equipe em um período em que o automobilismo no Brasil começava a
se profissionalizar. Além disso, Del Mese é descrito como uma figura
multifacetada, com uma vida que vai muito além das pistas. Ele
também foi fotógrafo, piloto de aviação civil, colecionador de arte
e viajante profissional."
Nós, aqui, vamos falar apenas de sua carreira automobilística.
Seu gosto por automobilismo começou ainda no tempo do colegial, como
os internos tinham direito à uma saída aos domingos, numa dessas ele
foi com um amigo assistir uma corrida no Parque da Redenção:
"- ... estávamos na
"Curva da Engenharia" quando passou o pelotão da frente, nisso um
Citroen e um Standard Vanguard bateram em uma árvore próxima.
Correria, o tumulto dos que correram para ver os estragos, os
pilotos, etc.... os ponteiros já vinham novamente, todos se
afastaram e um sujeito permaneceu estirado, imóvel no asfalto. Quem
sabe se por instinto ou por ser filho de médicos eu queria ajudar.
Arrastamos a vítima da pista... abriu um dos olhos e um dos
comissários lhe disse: "- Fique deitado, a ambulância já vem. O
senhor se machucou muito? Onde o carro o atingiu?" E ele respondeu:
"- Os carros não me atingiram, e não fui atropelado, eu caí da
árvore quando eles bateram."
- Depoimento de Flavio Del Mese no livro 24 Horas de
Interlagos".
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Estréia de
Del Mese com Volkswagem 1600 |
Anos mais tarde tendo comprado um
VW resolveu, aos 23 anos, resolveu experimentar pilotar numa
corrida, o "II Circuito Cidade de Canela", chegou em 2º lugar na
categoria Turismo até 1000cc., e era sua estréia!.
Gostou tanto que
4 meses depois correu de novo, a prova "Circuito de Novo Hamburgo",
dessa vez em duas categorias, chegou, de novo, em 2º lugar na sua
categoria e em 4º na categoria Turismo até 2000cc.
20 dias depois se inscreveu no "Circuito Caxias do Sul" em 2
categorias, com o mesmo VW e novamente chegou em 2º lugar na categoria
de Turismo até 1000cc. e em 4º lugar na categoria esporte.
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Mil Milhas
Brasileiras - 1957 |
Entusiasmado, se associou ao
amigo Gabriel Cuchiarelli e foram para São Paulo disputar a "II Mil
Milhas Brasileiras", a última prova do ano de 1957.
A largada foi no estilo Le Mans, e por sorteio ficaram em 29º lugar
na fila (eram 44 inscritos). Dada a largada iam indo bem, no meio do
pelotão, quando Del Mese capotou na108ª volta na curva 2, do circuito
antigo, mas apesar disso ainda ficaram com o 30º lugar na
classificação final.
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Resultados
na prova em Piriápolis no Uruguai |
Em 1958, no mês de março foi
correr, a convite dos uruguaios, em Piriápolis (Uruguai) a prova foi
vencida pelo uruguaio Oscar Alfredo Galvez, seguido pelos gaúchos
Catharino Andreatta (2º) e Aristides Bertuol (3º), na categoria
Força Livre, e ele correndo de DKW chegou em 8º lugar na categoria
Força Limitada.
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DKW Subindo
a Serra |
A próxima prova foi em São Paulo em agosto, "Subida da Estrada Velha
de Santos", Del Mese já se destacava pois foi do Rio Grande do Sul
até São Paulo guiando, sozinho, o mesmo DKW (F-91) com que
iria fazer a prova. Na verdade ele não ia sozinho, ia com Karl Iwers,
mas ele, muito ocupado, resolveu não ir.
"- Realizou-se anteontem, na antiga estrada para Santos, no
Caminho do Mar, a segunda prova automobilística "Subida da Montanha,
promovida pelo jornal especializado "H P"
(Jorge Lettry)
... Na categoria até 1300cc., a que teve o maior numero de
concorrentes, o vencedor foi o gaúcho Flavio Del Mese, com um DKW, com o ótimo
tempo de 8' e 4". -
Transcrição de um trecho publicado no jornal
" - O Estado de São Paulo" de 12 de agosto de 1958
"- Fui o primeiro a largar. Fiz uma subida sem erros ... Na chegada
me disseram: "Você foi bem!". O que não queria dizer nada. Em Subida
de Montanha, você chega e fica sozinho ... e assim permaneci até o
meio-dia quando veio a noticia de que eu vencera na categoria ... já
valera a pena ir a São Paulo... quando por fim anunciaram o melhor
tempo de todos:: o DKW nº54, do Rio Grande do Sul. Nem eu acreditava!!"
-
Flavio Del Mese no livro Das pistas para a história.
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Mil Milhas
Brasileiras-
1958 |
Próxima prova foi a "III Mil
Milhas Brasileiras", em dupla com Karl Iwers com o DKW nº 75,, mas
não foi feliz, ao fazer a curva 2 (circuito antigo) desgarrou e saiu
da pista, e o carro pegou fago, Se feriu sem gravidade. Foi a
última prova de 1958.
Em 1959 só participou de uma
prova em Curitiba (PR) e duas no Rio Grande do Sul , a do Paraná foi
a "Prova Ayrton Cornelsen" onde com o DKW nº11 chegou em 1º lugar.
Em 1959 na "IV Mil Milhas
Brasileiras" a Vemag participou pela primeira vez com carros
próprios, 3 sedans brancos sem nenhuma inscrição com o nome da
fábrica, só os números dentro de um circulo preto, mas ainda uma
equipe de testes, correram: #60 -
Paschoal Nastromagario/Eduardo
Pacheco; #62 - Cláudio Daniel Rodrigues/Flavio Del Mese; e o #64 -
Marinho/Eduardo Scuracchio.
Lettry escolheu a cor branca (o carro
DKW tinha origem alemã):
"- ...para vê-los era
mais fácil já que não havia carros brancos, e na Mil Milhas era mais
fácil de se ver os brancos, e depois branco era a cor alemã, a cor
nacional, uma tradição do automobilismo".
Jorge Lettry.
Correu em dupla com Cláudio Daniel Rodrigues no carro nº. 62 e chegaram em 9º
lugar.
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24 Horas de
Interlagos - 1960 |
Em 1960 depois de vencer o "IV
Circuito Cavalhada/Vila Nova" Del Mese foi a São Paulo para disputar
a prova "I 24 Horas de Interlagos", que seria disputada nos dias 2 e
3 de Julho, como a Vemag não ia entrar com a equipe toda, ele
acertou, através do preparador Sérgio Cabeleira, uma parceria com
Roberto Gallucci, que tinha um DKW:
"- ... foi um carro
preto e dele, não da fábrica. Acho que era uma prova com o grupo1 e
era tão certa a vitória de um DKW naquela categoria, que não havia
razão para a fábrica entrar com tudo.... Ele decidiu largar e, umas
10 ou 15 voltas depois, quebrou a ponta de eixo traseira
esquerda..."
- Depoimento de Flavio Del Mese no livro 24
Horas de Interlagos".-
Em
12 de julho de 1960 seu pai, Dr.
Renato Del Mese, veio a falecer vitima de uma sincope cardíaca, aos
62 anos de idade.
Nesse ano (1960) fez mais 4
corridas, todas com bons resultados.
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Del Mese em
pose para Jornal |
I Circuito
C.,A.E.C. - 1960 |
I Circuito
C.,A.E.C. - 1960 |
Depois da
Subida de ontanha - 1960 |
Em 1961 foi Campeão Gaúcho
de Automobilismo na Categoria. Ele fez 7 provas no Rio Grande do
Sul, todas com excelentes resultados. Encerrou o ano correndo pela
Vemag a "VI Mil Milhas Brasileiras" em dupla com Eduardo Scuracchio
e chegaram em 17º lugar.
Em 1962 a Equipe Vemag, antes
ligada ao Departamento de Testes, passou a ser oficialmente o
Departamento de Competições.
Del Mese, já pela equipe agora oficial, da Vemag, correu a "I 12
Hora de Interlagos" em dupla com Juvenal Terra e tiraram 4º lugar na
geral e 1º na categoria.
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12 Horas de
Porto Alegre - 1963 |
Quatro meses depois disputou outra 12 Horas, a "I 12 horas de Porto
Alegre", onde correu em dupla com Luiz Antonio Schimitt e foram
3º na geral e 1º na classe B.
Novamente em 1963 ele
disputou, pela Vemag, a "II 12 Horas de Interlagos", dessa vez em
trinca, com Bird Clemente e
Marinho em dois carros, um, o nº 10, foi
desclassificado, soltou a roda traseira e o carro parou em 3 rodas
com Marinho ao volante. O de nº 11 ficou com o 5º lugar.
A próxima prova foi mais uma
de 12 horas, dessa vez a "II 12 Horas de Porto Alegre", em 23 de
junho de 1963, fazendo dupla com Joaquim Carlos Telles de Matos, o "Cacaio"
(sobrinho de Marinho) correram com o DKW da equipe com o nº 12.
Foram 1º na classe B.
Sobre essa prova disse o
Bird
Clemente:
"- Uma corrida
memorável que fiz pela Vemag ... foi a prova "12 Horas", no Circuito
da Cavalhada. Era um circuito de rua misto, meio de alta, meio de
baixa, com meio-fio . Fui para lá achando que as coisas seriam bem
fáceis, Jorge Lettry e Marinho, Mario Cezar de Camargo Filho, piloto
da equipe Vemag estavam otimistas, mas quando entramos na pista,
vimos que a realidade era outra. Tivemos uma disputa muito grande,
pelo Flavio, na terra dele, com aquela legião de amigos à volta, não
era fácil. Além disso guiava muito. Estava difícil acompanhar os
tempos dele ... O gauchão estava nos dando muito trabalho ... Essa
vitória do Flavio, na categoria, dura de engolir, foi bem merecida.
E para valoriza-la ainda mais, soubemos depois que ele estava
recém operado de apendicite e correu todo enfaixado. Ela sabia que
se Jorge Lettry descobrisse, não seria escalado para guiar aquele
carro." - Bird
Clemente no livro Entre Asses e Reis
"- Um dos melhores
pilotos com quem trabalhei. Ai no sul, era alguém com que eu sempre
podia contar." -
Jorge Lettry em entrevista para a revista Carros & Competições.
Encerrando 1963 participou da
prova "II 500 Milhas de Porto Alegre" em 15 de dezembro onde correu
em parceria com Henrique Iwers contra os Willys Interlagos da
equipe Willys, chegaram em 4º lugar com o DKW nº 9, não sei se da
equipe Vemag. Acho que sim.
Com a compra da Vemag pela
Volkswagen em 1966 o Departamento de Competições foi desativado e
com a saída de Lettry para a Puma Veículos, a última prova disputada
pela equipe foi em 07/09/1966, o IX 500 Km de Interlagos.
Só voltou a correr em 1966 na
"IV 6 Horas de Pelotas" em dupla com Walter Almeida num DKW nº ??,
chegando em 2º lugar na categoria B. Já não pela equipe Vemag.
Achei uma lista de inscritos
para a "III 12 Horas de Porto Alegre" em 07 de dezembro de 1968, mas
nem no livro "12 Horas , Histórias e Estatísticas, nem em
jornais da época achei alguma referencia à participação dele num VW
1600, em dupla com Ferdinando Bulgarini.
Acho, apenas acho, que por
essa época ele já começara a se empenhar mais em alguma outra
atividade, que foram muitas, perguntei ao GROCK e isso foi o que ele me passou:
Sequência Resumida:
-
1930-1940:
Infância e formação em
Caxias do Sul.
-
1950:
Piloto de aviação civil.
-
1950-1960:
Piloto de corridas (DKW-Vemag)
e mecânico.
-
1960:
Fotógrafo e
correspondente de guerra
(Vietnã, Camboja, etc.).
-
1970-1980:
Viajante profissional,
fundação do Studio Del
Mese, colecionador de
arte.
-
1980 em diante:
Empresário (hospital e
hotel), cozinheiro
amador, blogueiro.
-
2025:
Publicação do livro de
memórias.
Del Mese vive hoje em Porto
Alegre, na casa com vista
privilegiada para o Guaíba,
ao lado da esposa Eliana
Donatelli Moura Del Mese, e
continua sendo uma
referência cultural no Rio
Grande do Sul. Sua
trajetória é marcada por uma
busca incessante por
experiências e pela partilha
de suas vivências, seja
através de fotografias,
audiovisuais ou escritos.
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