Página acrescentada em 22 de janeiro de 2025.
Bernardo Souza Dantas
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Bernardo
Souza Dantas - 1935 |
O primeiro brasileiro a competir em Le Mans foi Bernardo Souza
Dantas, antes se acreditava que teria sido
Hermano "Nano" da Silva Ramos,
um franco-brasileiro, que em 2013 foi homenageado pela organização
das 24 Horas de Le Mans tendo seu nome incluído no hall da fama da
"24 Heures du Mans",
assistam o vídeo.
Bernardo, filho de pai brasileiro com mãe francesa e nascido na
França, tinha dupla nacionalidade (franco-brasileiro), nasceu em
Paris em 26 de junho de 1912.
Neto do famoso senador Manuel Pinto de Sousa Dantas, o “senador
Dantas”
que marcou a política nacional no século XIX,
“- É uma figura conhecida, pois ele ajudou a acabar com a
escravatura. Foi Chefe de Governo várias vezes. Esse Senador Dantas,
cujas condecorações estão aqui em casa, teve sete filhos e eu sou
filho do sétimo, do caçula. O embaixador era filho do primeiro.
Então há uma grande diferença de idade. Meu pai casou tarde com uma
francesa em Paris. Quando eu nasci, o meu pai tinha 50 anos. Então
tem uma grande diferença de idade entre eu e meu primo-irmão, o
embaixador Luiz Martins de Souza Dantas.”
O embaixador era primo de Bernardo.
“-
Eu comecei a dirigir quando era garoto, criança, com os carros da
família. Os carros de antigamente eram enormes e eu dirigia olhando
por baixo do volante. Quando fiz 18 anos, tirei a habilitação e pedi
ao meu pai para comprar um carro. E o meu primeiro foi uma Bugatti.”
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1935 -
Largando em Le Mans - Nº 6 |
1935 - Le
Mans, pouco após a largada |
Em 15 de junho de 1935, ao volante de seu Bugatti T57 nº 6,
tornou-se, aos 23 anos, o primeiro piloto brasileiro a participar
das 24 horas de Le Mans.ao lado do francês Roger Teillac, mas eles
abandonaram a disputa e ficaram em 33º lugar. Seu parceiro foi quem
preparou o carro.
”-
Fiquei em 6º por um tempo. Aí o carro começou a apresentar
problemas, tivemos que parar para reparos e caímos na classificação
até termos que desistir com um problema na caixa de câmbio,
estávamos então em 19º lugar”.
Pouco depois da corrida e de seu pai falecer, Bernardo perdeu boa parte de sua fortuna
quando o banco que a guardava simplesmente faliu. Ele então vendeu
seu Bugatti e, sendo engenheiro aeronáutico, começou a trabalhar em
uma fabricante de motores de avião em Paris.
Ai quando os alemães invadiram Paris ele veio para o Brasil, no
final de 1940.
“- Aqui no Brasil participei da ' Prova Presidente Getúlio Vargas'.
Era 1941. Eu era o acompanhante de um amigo, Georges Azevedo Macedo,
e o carro era um Hotchkiss. Era uma prova de estrada e naquela época
quase sempre disputada em estradas de terra. Uma aventura
extraordinária cujo vencedor foi Juan Manuel Fangio, naquela época
pouco conhecido fora da Argentina.”
Antes de correr em Le Mans e depois aqui no Brasil teve participações com algumas vitórias e
segundos lugares em provas de arrancada e de subida de montanha,
com Bugatti, mas outro modelo na Europa e com MG aqui no Brasil.
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1941 - Cartaz da
prova |
1941 - Bernardo
e o Hotchkiss |
1941 - O
Hotchkiss na fila para largar |
1941 - Caderneta |
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2002
Bernardo ao lado do "aviãozinho |
“-
Em 1935 eu já pilotava avião.”
No Brasil ele
entrou na Varig onde trabalhou por 20 anos como engenheiro. Aí, um
belo dia resolveu fazer um aviãozinho para voar.
“- ...voei nele e cai com ele.”
Era primo irmão do embaixador Luiz Martins de Souza Dantas, que
exerceu suas funções na França justamente nos anos 30, durante a
expansão do nazismo. O embaixador entrou para a história porque não
teve dúvida em contrariar os trâmites burocráticos para fornecer
passaportes a judeus que fugiam do nazismo. Por essa nobre atitude,
chegou a receber punições e advertências do governo de Getúlio
Vargas, que inicialmente nutria simpatia pelos países do “eixo”
(Alemanha, Itália e Japão) e só depois de um acordo diplomático
denominado “Acordos
de Washington”
feito entre Brasil e USA e
a chamada política de boa vizinhança praticada pelo então
presidente Franklin
Delano Roosevelt,
que, entre outros incentivos econômicos e comerciais, financiou a
construção de uma gigantesca siderúrgica, a
Companhia Siderúrgica Nacional
através do Export-Import
Bank of the United States (EXIMBANK),
que Getulio ficou claramente ao
lado dos aliados (Inglaterra, França, Estados Unidos e União
Soviética).
A CSN
pode ser enxergada como uma das responsáveis pelo Brasil não ter
ficado do lado da Alemanha na Segunda Guerra Mundial..
Getúlio e a CSN:
https://www.youtube.com/watch?v=kAZqJtc0U04
Todas as “falas” de Bernardo foram retiradas de 2 entrevistas feitas
por Luiz Alberto Pandini no site GPTotal em 2001, antes do
falecimento de Bernardo em 04 de maio de 2005 em virtude de um
câncer de fígado.
Eu sugiro vocês lerem essas entrevistas na íntegra, lá vocês saberão
de mais coisas sobre Bernardo:
1ª:
https://gptotal.flaviz.com.br/2001/bermardo%20souza/especial1.htm
2ª:
https://gptotal.flaviz.com.br/2001/bermardo%20souza/especial2.htm
Mas tem um detalhe que os sites e blogs não citam, quem venceu a
corrida de Le Mans em 1935 foi um cidadão britânico, Luis Gonçalvis
Fontés que tinha ascendência brasileira, o pai era brasileiro e a mãe inglesa.
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Luis
Fonté
(23 anos) |
Luis Goncelvis Fontés (26 de dezembro de 1912 – 12 de outubro
de 1940) foi um piloto de corrida britânico de ascendência
brasileira que, junto com o britânico John Stuart Hindmarsh, venceu
a "24
Horas" de Le Mans de 1935 pela
empresa automobilística Lagonda, anteriormente em 1935 havia vencido o Grande Prêmio inaugural
de Limerick (Irlanda) com um Alfa Romeo.
https://en.wikipedia.org/wiki/Limerick_Grand_Prix
Nascido em Hampstead, Londres, em 26 de dezembro de 1912, ele era filho de
Antonio Gonçalves Fontés, um rico empresário brasileiro, casado com
Marie Fairer, uma jovem britânica, ele tinha uma irmã mais velha,
Ruth, nascida também em Londres no dia 10 de março de 1911.
Seu pai morreu quando
ele ainda não tinha um ano de idade.
Luis Fontes, "Lou" como era
conhecido pelos amigos, estudou na famosa Loughborough Engineering
College - mais tarde Loughborough University - e herdou a
considerável fortuna de sua família em seu aniversário de 21 anos.
Ele logo decidiu perseguir sua paixão por automobilismo e aviação.
http://www.motorsportmemorial.org/LWFWIW/focusLWFWIW.php?db2=LWF&db=ms&n=119
(não deixem de ver, muito interessante)
Alguns meses após sua vitória em Le Mans a carreira de automobilismo
de Luis Fontes chegou ao fim quando ele foi preso e acusado de
homicídio culposo por um acidente de trânsito que resultou na morte
de um motociclista de 19 anos. Aconteceu em Coleshill, perto de
Birmingham, no norte de Warwickshire, Inglaterra, em 06 de outubro
de 1935. Acusado de dirigir seu carro de maneira perigosa, sob
influência de álcool, Fontés foi preso e proibido de dirigir por dez
anos.
Luis tinha uma irmã, Ruth Fontés e ambos se destacaram no verão de
1934, ela com aviões e ele, no inicio, com carros.
O casal era filho legítimo de um rico empresário brasileiro, Antonio
Gonçalves Fontés, que anteriormente teve vários filhos com uma variedade de
amantes ao longo dos anos.
Ruth nasceu em Londres em 10 de março de 1911 e seu irmão mais novo
Luis em 26 de dezembro de 1912.
Embora seu pai fosse brasileiro, sua
mãe, Marie Fairer, era britânica e os filhos eram ambos cidadãos
britânicos.
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1935 - Grande Prêmio de Limerick
Luis Fonté venceu com um Alfa Romeo |
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