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Página acrescentada em 17 de agosto de 2025.
 

Dulce (Borges) Barreiros

Nascimento: 1906  -  Falecimento: 1999

1926

Nasceu em São Paulo, filha do educador João Carlos da Silva Borges e Dna. Guiomar. Teve um irmão, mais velho, João Carlos da Silva Borges Filho, médico legista do Estado de São Paulo que veio a falecer repentinamente em 23 de março de 1924, antes de Dulce começar a correr.

Casou-se com o Sr. Antônio dos Santos Barreiros (de quem herdou o sobrenome Barreiros ), ttiveram três filhos que lhes deram sete netos. Deve ter se casado cedo pois já as primeiras noticias sobre corridas já a nomeavam com esse sobrenome.

Em 02 de maio de1926 foi promovida pelo jornal paulistano "São Paulo Jornal" uma corrida de automóveis na rampa da Av. Brigadeiro Luiz Antonio em beneficio da "Assistência aos Lázaros". Dulce participou (com 20 anos) da "Taça Washington Luiz" em um automóvel Lincoln, mas não se sabe a colocação.
Curiosidade: o piloto Nascimento Junior estreou nesse dia sob o pseudônimo de "Gato Bravo" e foi o 2º colocado na classe Turismo até 5000cc. com um automóvel Buick Master .

Edição de 15 de maio de 1926, da "Revista da Semana" com fotos do evento

"- Meu carro era um Lincoln onde estou de pé sobre o estribo, todos os domingos ia com ele fazer o corso na Avenida Paulista. Era um hábito muito chique, cultivado por gente importante que desfilava com seus carrões, um mais lindo que o outro...”

Já na prova seguinte, em 09 de maio de 1926 foi realizada a "Taça Dr. Almeida Filho", na rampa da Av. Brigadeiro Luiz Antonio, com o automóvel Lincoln Dulce chegou em 6º lugar na classe Turismo, já Nascimento Junior, assumindo seu nome verdadeiro foi o 4º lugar na classe Turismo até  5000cc.

"- Num dia de 1926, um moço muito elegante bateu à minha porta, era o conde Eduardo Matarazzo, ele disse assim: ‘Desculpe a minha ousadia Dona Dulce, mas eu sou representante da fábrica dos automóveis Bugatti no Brasil e gostaria que a senhora o exibisse pela Avenida Paulista’.
E lá fui eu dirigindo aquela máquina admirada por todos, foi um sucesso. Onde eu parava enchia de gente em volta."

Em 15 de agosto de 1926 aconteceu a "I Taça Rei do Volante" como parte do "Circuito da Cidade de São Paulo", que incluía três provas (Duas de habilidade e uma de velocidade). Nascimento Junior venceu a prova de velocidade com um carro Marmon, conquistando o titulo de "Rei do Volante", na ocasião disputou-se a "Taça Rainha do Volante", para mulheres, sendo vencedora Dulce Barreiros

Quilometro lançado - Av. Paulista
Foto ilustrativa

A próxima prova foi o "Quilometro Lançado" disputado na Av. Paulista em 12 de setembro de 1926, onde conseguiu sua segunda vitória. Com o Lincoln venceu na classe Turismo até 5000cc. com o tempo de 31s e 3/5, consagrando-a como a "Rainha do Volante", a mídia só a chamava assim..

Essas vitórias foram notáveis o suficiente para destaca-la como uma competidora de destaque em um campo dominado por homens. Sua vitória nas corridas ressaltou sua habilidade e ousadia, garantindo-lhe o reconhecimento como uma automobilista pioneira.
Como pilota, na década de 1920, Dulce rompeu barreiras sociais significativas. Tamanho foi seu sucesso que teve sua foto publicada na capa da revista "A Cigarra"  (nº 285).

Só em 14 de agosto de 1927 aconteceu a disputa da II Taça "Rei do Volante", no Circuito do Vale do Pacaembu, homenageando a tripulação do hidroavião "Jahu", na ocasião disputou-se também a Taça "Rainha do Volante" onde Dulce correu com uma Bugatti, sagrando-se a vencedora, sua segunda vitória nessa prova. Passou a ser nomeada na imprensa como a "Rainha do Volante".
Nessa prova consta a participação de Nascimento Junior (vitória na prova de velocidade) e Ângelo Villafranca (vitória na classe Turismo, com um Bugatti nº 7, ao lado de seu tio Antonio Villafranca Perez.
 


Homenagem aos aviadores (João Ribeiro de Barros) do hidroavião JAHU O casal Barreiros - 1926
Ambos automobilistas
Diário Nacional - (25 janeiro de 1928) Votação do "Diário Nacional" para escolher os melhores esportistas

No inicio de 1928 o jornal "Diário Nacional" promoveu uma votação para escolher os cinco mais completos esportistas de S.Paulo e a rainha dos esportes, não tenho o resultado final, mas em 25 de janeiro ela tinha quase o dobro dos votos da que estava em 2º lugar. Deve ter ganho, a votação se encerraria em seis dias,  31 de janeiro. Venceu, o jornal "Diário Nacional" do dia 23 de fevereiro convocava os vencedores para a entrega dos prêmios. Ela recebeu a prêmio de "Rainha dos Esportes".

Ela se filiou ao Partido Constitucionalista em 1932, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, um movimento que buscava a reconstitucionalização do Brasil.

Dulce Borges Barreiros desempenhou um papel importante como apoiadora e propagandista do Partido Constitucionalista em São Paulo durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Ela foi uma das mulheres que se mobilizaram para apoiar a causa constitucionalista, que buscava a reconstitucionalização do Brasil após a Revolução de 1930.

Como "Rainha do Volante", Dulce Borges Barreiros também utilizou sua popularidade para promover a causa constitucionalista e angariar apoio para o movimento. Sua participação foi um exemplo da contribuição das mulheres para a luta pela democracia e pela constitucionalização do país.

Desenvolveu gosto pelos esportes em geral, encontrei noticia dela participando da comissão organizadora de uma prova de pedestrianismo, "Grande Prova Jardim Paulista" (29 de junho de 1937) Dia de São Pedro.

Dona Dulce como era chamada então, era considerada uma “Adhemarista”, apoiadora de Adhemar de Barros, um importante político de São Paulo, indicando seu envolvimento com os círculos políticos e sociais locais. Chegou a ser assessora de Ademar de Barros que ocupou vários cargos importantes, incluindo o de governador de São Paulo. Ademar de Barros foi uma figura influente na política paulista e brasileira durante meados do século XX.
A relação de Dna.Dulce com Ademar de Barros como sua assessora sugere que ela teve um papel importante na sua equipe, possivelmente contribuindo para suas iniciativas políticas ou projetos. Ela chegou a se candidatar para vereadora e depois para deputada estadual, mas nunca ganhou uma eleição.

Jornal "A Rua" - 22 de setembro de 1926 Dna Dulce com um de seus netos  Depoimento em um jornal regional

Dulce Borges Barreiros, também conhecida como Dona Dulcinha, morou no Itaim Bibi por mais de 50 anos e se transformou numa daquelas personagens eternas de São Paulo, citadas pelos memorialistas que apreciam as boas lembranças (se morreu em 1999 deve ter se mudado para lá no final dos anos 40).
"- O Itaim de início era uma chácara onde moravam pessoas simples e graças à minha amizade com os políticos consegui para o bairro muitas melhorias como água encanada, luz, asfalto, esgotos, ônibus, escolas e até divertimento...”
Dulce era proprietária do Cine Itaim, um cinema localizado na esquina da Rua Joaquim Floriano com a Rua Tapera (atual Bandeira Paulista), no Itaim Bibi. O cinema, que também contava com uma pista de patinação, era um marco local, mas era popularmente chamado de "pulgueiro" devido às suas condições. Era uma construção que tinha cara de tudo, menos de cinema. Duas portas de ferro mais parecendo um armazém de secos e molhados. 
Na década de 1950, Dulce fechou o cinema e construiu um prédio de quatro andares chamado Edifício Dulce no mesmo local, consolidando ainda mais seu legado no bairro. O térreo do prédio abrigava um bar, contribuindo para a vibração social da região, e ao lado o novo cinema.
“- Quando inaugurei meu novo cinema, o Cine Star, depois Lumiére, o fizemos ao lado do Edifício Dulce, o primeiro prédio com elevador do Itaim. Todo mundo ia lá para andar de elevador...”

Dna. Dulce homenageada Primeiro cinema: Cine Itaim Segundo Cinema: Cine Star, depois Lumiere

 

TABELA DE PARTICIPAÇÕES E RESULTADOS  (Colaboração de Ricardo Cunha)

Data

Prova15/08/1926

Carro

Classificação

02/05/1926 Taça Washington Luiz - Rampa da Av. Brigadeiro Luiz Antonio Lincoln 34 Não conhecida
09/05/1926 Taça Dr. Almeida Filho - Rampa da Av. Brigadeiro Luiz Antonio Lincoln 34 6º na Cat. Turismo
15/08/1926 I Taça Rei do Volante - Prova feminina - Circuito do Pacaembu Lincoln 34 1º na Prova feminina de turismo
12/09/1926 Quilometro Lançado - Av. Paulista Lincoln 34 1º na Cat. Turismo até 6.000cc.
14/08/1927 II Taça Rei do Volante - Prova feminina - Circuito do Pacaembu Bugatti ? 1º na Prova feminina de turismo

 


 

  
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