| Página acrescentada em 01 de julho de 2014. Atualizado em outubro de 2020. Nelson Brizzi (Nelson Enzo Brizzi) por Paulo Roberto Peralta 
 
            Filho do casal Pedro Brizzi e Julieta Solferini 
			Brizzi, imigrantes italianos chegados ao Brasil no inicio do século 
			XX, nasceu em 08 de Outubro de 1921 no bairro do Canindé, na cidade 
			de São Paulo. Seu pai aprendeu na prática a profissão de mecânico 
			em Verona, na Itália, e chegando 
			ao Brasil abriu uma oficina onde
			Nelson junto com 
			o irmão Romeu Brizzi deram seus primeiros passos como mecânicos. 
 Com o inicio da 2ª Guerra Mundial Nelson prestou exame para ingresso na Escola Técnica de Aeronáutica, que formava mão de obra especializada para dar manutenção aos aviões de guerra que faziam escala no Brasil, além de treinar os alunos para eventuais missões em outros países. Em 1944 já formado passou a fazer parte da equipe de supervisão dos novos alunos da Escola Técnica de Aeronáutica. 
 Em 1947, aos 26 anos de idade, se casou com Dna. Guiomar com quem teve um casal de filhos. No início da década de 50 montou sua própria oficina no bairro do Canindé quando começou a se dedicar a fazer aquilo que mais gostava: preparar carros de corrida. O primeiro carro de competição que Brizzi preparou foi um Ford 37 com motor V8 adaptado, para o piloto Amaral Junior. O segundo carro foi preparado para o piloto Pascoalino Bonacorsa, um Chevrolet com motor La Sale, da categoria “Adaptado de Corrida”, futura Mecânica Nacional. 
 
			
			Em 1952 recebeu proposta para ser o mecânico-chefe da equipe de 
			Claudio Daniel Rodrigues, outro apaixonado por aviões, e que era 
			especialista na marca MG. Claudio tinha uma oficina na Rua dos Estudantes, 346, 
			onde pôde se aperfeiçoar na preparação de carros de corrida. 
 Em 1954 Ângelo Mario Gonçalves recebeu uma bolsa de estudos e foi estudar engenharia automobilística na Alemanha transferindo sua oficina para Nelson Brizzi, que nesse ano fez adaptações e modificações em um chassi de Maserati 4CL que pertencia ao piloto Eugênio Martins, instalando motor e câmbio de Jaguar XK 120. O carro estreou com vitória na categoria Mecânica Nacional na prova “100 Milhas do IV Centenário”. Em 1956 a mecânica Jaguar foi instalada numa Maserati 4CLT/48, com a qual Eugenio venceu o “Grande Prêmio Benedito Lopes” e o “Grande Premio Santos Dumont“, sagrando-se campeão Paulista da categoria. 
 Em 1958, Nelson preparou um Talbot Lago T26C de formula 1, com motor Cadillac para a dupla Celso Lara Barberis e Luiz Américo Margarido participarem da 2ª edição do “500 Quilômetros de Interlagos”. Com esse carro Celso Lara Barberis registrou a volta mais rápida da prova, com média de 155,172 km/h e se classificaram em 3º lugar, atrás apenas de de Fritz D’ Orey com Ferrari/Corvette, e Camillo Christofaro com Ferrari/Corvette. Com o lançamento da Formula Junior em 1959, Nelson construiu o “Brizzi Especial” com motor DKW de 1000cc. instalado entre eixos num chassi tubular, e cambio Volkswagen, para o piloto Adriano Guidotti. Uma curiosidade sobre esse piloto: como corria escondido da família usou, autorizado, o pseudônimo de "Brizzi", Nelson nunca correu, quando pilotava era só para testar. O "Brizzi Especial" foi a sua primeira proposta de fabricar carros de corrida a um custo mais acessível e incentivar o ingresso de novos pilotos no automobilismo nacional. 
 
 Em 1960 Nelson preparou um Porsche 550 Spyder para o piloto Christian "Bino" Heinz participar da 3ª edição dos 500 Quilômetros de Interlagos. Em 1961 foi contratado para ser o Chefe da Equipe de mecânicos pelo próprio Christian Heinz que havia assumido a gerencia do Departamento de Carros Esporte da Willys. Quando no início de 1962 Christian foi incumbido de montar e organizar o Departamento de Competições, com o desafio de fazer com que a equipe se tornasse competitiva, levou claro, Nelson Brizzi com ele. 
 Por essa equipe passaram diversos pilotos que se consagraram no automobilismo, como Christian Heins, Wilsinho, Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Luiz Pereira Bueno, Francisco Lameirão, entre tantos outros. A estréia do Willys Interlagos Berlineta em competições no Brasil aconteceu na prova “Mil Quilômetros de Brasília” em abril de 1962 e nessa prova a dupla Christian Heinz /Aguinaldo de Goes Filho ficou em 3º lugar, sendo a prova vencida pela dupla de Antônios Carlos: Aguiar e Avallone com um FNM/JK. Na equipe, Nelson Brizzi foi o responsável por uma série de inovações nos carros Willys Interlagos e Renault Gordini. Entre essas inovações, citamos a criação de um tensor para melhorar o desempenho e equilíbrio nas curvas, modificações nas caixas de direção, trambuladores de câmbio e redistribuição de peso, entre outras melhorias significativas, como na geometria da suspensão, determinantes para o sucesso dos carros Willys, todo o desenvolvimento do Renault 1093, uma evolução do Gordini, foi executada por Brizzi. A estréia desse carro foi na prova “12 Horas de Interlagos” de 63, quando o trio Christian Heins/Aguinaldo de Goes/Rodolfo Olival Costa se classificou em 5º na geral e em segundo na categoria. 
 Sob o comando de Luiz A. Greco, que assumiu a chefia do Departamento de Competições da Willys após a morte de Christian Heinz, Nelson chefiou a execução do projeto de Toni Bianco de construção do primeiro carro de Formula 3 totalmente “made in Brazil” que foi pilotado por Wilson Fittipaldi Jr. em provas nacionais e internacionais. 
 
			Estimulada pelo sucesso 
			do Interlagos, a Willys planejou lançar um esportivo maior, que não 
			exigisse contorcionismos para acesso ao seu interior, Rigoberto Soler, em sua rápida passagem pela Willys desenvolveu, 
			entre fins de 62 e inicio de 63, o Willys Capeta, utilizando a mecânica do Aero-Willys. 
			Como o motor 
			Aero não tinha nenhuma vocação esportiva, e pior, tinha cambio de 
			três marchas, o presidente Willian Max Pearce pediu ao Departamento 
			de Competições, que melhorasse o desempenho do motor e criasse uma caixa 
			de câmbio com 4 marchas. Greco, que chefiava o Departamento, escalou Brizzi para 
			a missão. Ele aumentou o 
			diâmetro e curso dos pistões, fez um cabeçote de alumínio com 
			câmeras de combustão adequadas ao uso esportivo, comando esportivo, 
			coletores de admissão, e instalou dois carburadores Solex 45 e um novo coletor 
			de escapamento. Mas foi no cambio que ele operou um milagre, depois foi adotado na linha de montagem do Aero-Willys, colocou 4 
			marchas numa caixa que originalmente tinha só três. O carro foi 
			exposto no Salão do Automóvel de 1964, quando este ainda era 
			realizado no Parque Ibirapuera.  
 Além do Formula 3 Brizzi participou também da construção mecânica dos protótipos Willys Mark I e Willys Bino Mark II, e das duas carreteras Gordini/R8 de 1300cc, com motor entre eixo, que conquistaram as duas primeiras colocações no "1600 km de Interlagos" de 1965 com as duplas Luiz Pereira Bueno/José Carlos Pace e Bird Clemente/Wilson Fittipaldi Jr. batendo carros com potência superior, como a famosa carretera Corvete de Camillo Christofaro/Aguinaldo de Goes Filho. 
			
			Em abril de 1968, com a compra da Willys pela Ford do Brasil, Nelson Brizzi se 
			desligou da equipe de competições e se 
			associou a Rodolfo Rivolta da Moldex Ind. e Com., empresa 
			especializada na construção de barcos. O objetivo dessa associação 
			era a retomada do sonho de construir um carro de corridas de baixo 
			custo, voltado para pessoas que desejassem ingressar nas competições 
			automobilísticas sem um investimento muito alto. Aproveitando 
			a recente criação da Formula Vê no Brasil, Brizzi projetou a fabricação de um 
			carro dessa categoria com diversas inovações tecnológicas que 
			permitissem uma 
			fácil condução, grande durabilidade e baixo custo de manutenção. 
			Infelizmente, esse projeto não conseguiu o êxito esperado, uma vez 
			que a fábrica de barcos naufragou em dívidas, faliu, e junto com os 
			barcos foi-se também todo material do projeto e o protótipo, apreendidos pela 
			Receita Federal. 
 
			
			Em março de 1970 recebeu uma proposta do Luiz A. Greco para integrar 
			a Equipe Bino-Sandaco (Ex-Willys) que contava mais uma vez com um 
			super time para competir nas categorias de Formula Ford, Turismo e 
			Força Livre. Nesta equipe Brizzi vivenciou uma das maiores aflições 
			de sua carreira, foi na “12 Horas de Interlagos” em junho, sua 
			última participação em competições automobilísticas, onde alinharam 
			alguns dos melhores carros e pilotos da época: 
			Bird 
			Clemente (Opala 3.8), Ubaldo Lolli (Alfa Romeo GTA), Marivaldo 
			Fernandes (Alfa Romeo P33), Camillo 
			Christofaro (Carretera Corvette), Tite Catapani (Alfa Romeo GTA),
			Jayme Silva (Furia/Alfa Romeo) e 
			Luiz 
			P. Bueno (Bino Mark II), entre outros. A prova foi vencida por 
			Luiz P. Bueno em dupla com Lian Duarte no famoso 
			Bino nº 47.
			 Nelson Brzzi foi um dos grandes nomes do automobilismo brasileiro na categoria de “mecânico de competição”, como ele se auto intitulava, e gostava de frisar sempre a diferença entre um mecânico de automóveis e um especialista em mecânica de competições. 
			
			Em 1997, aos 76 anos de idade e com a saúde já debilitada, a pedido 
			do então empresário e ex-piloto Eugenio Martins, construiu novamente 
			um experimento com 2 motores de Monza acoplados exatamente iguais ao 
			que ele havia feito em 1969 com os dois motores Volkswagen da equipe 
			Fittipaldi.  
 Legenda das
            fotos 01 - 
			Nelson Enzo Brizzi - Final dos anos 30 e meados dos anos 60, já na 
			Equipe Willys 
 
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