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Anísio Campos
(José Anísio Barbosa de Campos)
|
Anos 60 e anos 2000 |
José Anísio Barbosa de Campos, ou Anísio
Campos como assinava e ficou conhecido no meio automobilístico
nasceu em 6 de março de 1933 em São Paulo (SP), filho do meio de Dr.
Paulo Barbosa de Campos Filho e Maria Quinta Moraes de Campos.
A família morava no bairro do Jardim Paulista, mas por desejo de sua
mãe mudaram para o bairro de Vila Mariana para ficar próximo da
escola onde estudavam os filhos do casal, Colégio Arquidiocesano.
Aos 13 anos seu lado artístico e criativo já se mostrava presente,
pintou um quadro de sua mãe.
Seu pai era professor da faculdade de direito,
então a tendência era ele seguir para essa área também:
“- ... meu pai era professor de
direito. Foi diretor jurídico na prefeitura, depois foi indicado e
nomeado para o Tribunal de Justiça. Então terminou como
desembargador. E tinha o tio dele, que era o Estêvão de Almeida, que
também era professor de direito... até, quando estudava no Colégio
do Carmo, ali na rua do Carmo, eu passava em frente a um tribunal, e
eu andei assistindo alguns júris. Então eu fiquei muito interessado
pelo direito criminal. O advogado defendendo seus clientes. Teve um
momento que eu gostei muito disso.”
- Entrevista em 2005
Quando terminou o ginásio (Ensino Fundamental) ficou no dilema de
cursar o científico ou o clássico (Ensino Médio) onde o científico
era voltado para exatas e clássico era para humanas, mas adolescente
já havia desenvolvido uma predileção pelo desenho e por carros:
“- ... eu tinha os meus 16
anos, eu e o Brito A gente ficava lá em casa desenhando. Ia
para escola, voltava da escola, desenhava. A gente desenhava
automóvel. Só automóvel. E a gente já estava fazendo uns desenhos
assim muito bonitos, do ponto de vista de apresentação... depois
teve o problema da faculdade, que eu faço, não faço. Direito eu já
tinha colocado de fora. Achava que a coisa que eu podia me ajeitar
melhor era arquitetura e urbanismo. Eu achava interessante. Mas
também quando muito eu tinha 18 anos... e eu fui deixando. A
faculdade prometida não saiu e como eu era sempre muito ligado a
automóvel, a corrida de automóvel, eu quis entrar em Interlagos.”
- Em 2005
Aos 21 anos (1959) Anísio ainda não havia
iniciado nenhuma faculdade, filho de uma família rica tinha um
Jaguar Mark 5 e não precisava trabalhar para sobreviver, então vivia
de sua arte. Mas interessado que era em automóveis procurava se
desenvolver frequentando e trabalhando em oficinas que construíam
carro:
“... Então eu tinha uns amigos que andavam com
os carros dos pais e a gente acelerava lá. Era uma coisa
absolutamente particular. Não ia ninguém no autódromo. E eu comecei
a me interessar por corrida, mesmo porque o primeiro carrozzieri,
vamos chamar assim, que eu conheci, no Bexiga, Bela Vista,
chamava-se Oliviero Monarca. E no Monarca eu era um que chamavam na
época de sapo de oficina. Então ali, naquele bairro, na rua 13 de
Maio tinha o
Victor
Losacco. O
Toni Bianco, que fazia carro de
corrida. E eu convivi com aquilo.”
- Entrevista em 2005
1958 - Participou pela primeira vez, aos 25 anos, de uma competição
automobilística: "Subida da Montanha", na antiga estrada para Santos
(Caminho do Mar), promovida pelo Jornal HP, largava um competidor
por vez, sendo vencedor o carro que, em cada categoria, fizesse o
percurso em menor tempo.
“Na categoria até 1.300
cc., a que teve o maior número de concorrentes, o vencedor foi o
gaúcho Flavio Del Mese, com um DKW, no ótimo tempo de 8' e 4", vindo
a seguir o Simca de J. A. Barbosa de Campos, com 8' e 10".”
- O Estado de São Paulo
(02/08/1958)
Depois dessa prova só voltou a competir em 1962:
"- ... eu tinha um Jaguar, que era meu
carro de sonho , um Mark 5. Com a questão de corrida de automóvel, o
que eu ia fazer com o Jaguar? Nada! Então eu vendi o Jaguar e
comprei um DKW usado, um 58. E como eu tinha muitas amizades ... o
meu DKW foi preparado pelo melhor preparador disponível... era o
Sérgio Cabelereira. O Sérgio e o Reis eram dois preparadores. E eu
corri com esse DKW 58, que era meu carro de uso. Fiz umas corridas e
me sai bem...”
- Entrevista em 2005
TABELA DE PARTICIPAÇÕES E RESULTADOS (Colaboração
de Ricardo Cunha) |
Data |
Prova |
Carro |
Dupla |
Nº |
Classificação |
10/08/1958 |
Subida da Montanha - Estrada de Santos
(Caminho do Mar) |
Simca |
|
? |
2º na T-1.3 |
08/12/1962 |
500 Milhas de Interlagos
(SP) |
DKW Vemag |
"Cacaio" |
35 |
10º lugar |
10/03/1963 |
12 Horas de Interlagos |
DKW vemag |
Antônio Sceppa |
35 |
6º
lugar |
30/06/1963 |
II Prêmio Aniversário ACESP - MN -
Interlagos (SP) |
Landi/Bianco/DKW |
|
? |
6º
lugar |
11/08/1963 |
II 6 Horas de Pelotas (RS) |
Gordini |
Rui Bastian |
33 |
1º na
Cat. A |
25/08/1963 |
II Circuito de Araraquara (SP) - Grupo
I |
Renault 1093 |
|
42 |
Não conhecido |
01/09/1963 |
3 Horas de Velocidade - Interlagos
(SP) |
Renault 1093 |
|
|
Não conhecido |
10/11/1963 |
1500 Quilômetros de Interlagos
(SP) |
Renault 1093 |
José Carlos Pace |
|
Não conhecido |
15/08/1964 |
Mil Quilômetros de Interlagos (SP) |
Renault 4 CV |
João Batista Bravo Caldeira |
4 |
Quebra |
10/10/1964 |
Premio Simon Bolivar - Interlagos (SP) |
Renault 4 CV |
|
6 |
Quebra |
28/03/1965 |
1600 Quilômetros de Interlagos (SP) |
DKW Vemag |
Norman Casari |
12 |
15º lugar |
16/05/1965 |
500 Quilômetros do Rio de Janeiro -
Barra da Tijuca (RJ) |
GT Malzoni DKW |
Norman Casari |
|
12º Lugar |
18/07/1965 |
II 6 Horas de Interlagos (SP) |
DKW Vemag |
|
|
11º Lugar |
08/08/1965 |
V Circuito de Piracicaba (SP) |
DKW Vemag |
|
|
11º Lugar |
15/08/1965 |
I GP Rodovia do Café -
Curitiba-Apucarana-Curitiba/PR |
DKW Vemag |
|
|
16º Lugar |
10/101965 |
I
Festival Interclubes - Interlagos (SP) |
GT Malzoni DKW |
|
6 |
3º
Lugar |
31/10/1965 |
VIII 500 Quilômetros de Interlagos (SP) |
GT Malzoni DKW |
|
6 |
Quebra |
11/12/1965 |
II 6 Horas de Curitiba (PR) |
Simca Tufão |
José Fernando Lopes Martins |
64 |
3° na geral e 1° na T+1.3 |
27/11/1966 |
VIII Mil Milhas Brasileiras - Interlagos (SP) |
Karmann Ghia/Porsche |
Francisco Lameirão |
6 |
Quebra |
19/03/1967 |
12
Horas de Interlagos (SP) |
Karmann Ghia/Porsche |
José Carlos Pace |
2 |
1º Lugar |
03/12/1967 |
IX
Mil Milhas Brasileiras - Interlagos (SP) |
Karmann Ghia/Porsche |
José Carlos Pace |
|
Quebra |
28/08/1968 |
500 Quilômetros da Bahia - Salvador (BA) |
BMW 1600 |
Pedro Victor de Lamare |
18 |
Quebra |
08/03/1970 |
1500 Quilômetros de Interlagos (SP) |
Opala 3800 |
Bird Clemente |
80 |
Não conhecido |
01/05/1970 |
Torneio Sulamericano - Interlagos (SP) |
Opala 3800 |
|
|
1º Lugar na II Bateria |
03/05/1970 |
200 Milhas de Interlagos (SP) |
Opala 3800 |
Pedro Victor de Lamare |
|
Quebra |
07/09/1970 |
XI
500 Quilômetros de Interlagos (SP) |
AC
Porsche |
Marinho Antunes |
6 |
Quebra |
23/11/1970 |
Torneio Ford Corcel - I Etapa - Interlagos (SP) |
Ford Corcel |
|
|
Quebra |
06/12/1970 |
Torneio Ford Corcel - II Etapa - Jacarepaguá (RJ) |
Ford Corcel |
|
|
9º
Lugar |
27/12/1970 |
Copa Brasil - IV Etapa Interlagos (SP) |
AC
Porsche |
|
|
Quebra |
04/07/1971 |
6
Horas de Interlagos (SP) |
Porsche 908/2 |
Luiz Pereira Bueno |
11 |
Quebra |
01/08/1971 |
300 Quilômetros de Tarumã (RS) |
Porsche 908/2 |
Luiz Pereira Bueno |
11 |
2º Lugar |
07/09/1971 |
XII 500 Quilômetros de Interlagos (SP) |
Porsche 910 |
Francisco Lameirão |
12 |
2º Lugar |
22/04/1972 |
Campeonato Brasiliense - II Etapa Brasili (DF) |
Porsche 910 |
Alex Dias Ribeiro |
12 |
2º Lugar |
30/04/1972 |
Festival de Roncos e Motores - Interlagos (SP) |
Porsche 910 |
|
12 |
4º
Lugar |
07/05/1972 |
Campeonato Brasileiro I Etapa - Tarumã (RS) |
Porsche 910 |
|
12 |
5º Lugar |
1962 - Em sua primeira prova em Interlagos
teve um episódio com o “Bino” (Christian
Heins):
“- ... numa
competição que eu fiz em Interlagos com o DKW, e corria o Christian
Hein ... e eu me lembro que em uma das voltas ele vinha se
aproximando. O carro dele andava mais, a berlinette, e eu falei “na
curva ele não vai me passar”. Então nós fizemos a Curva do Sol...
Descemos para o Sargento, que era uma descida também, difícil de
passar, mas ele chegou bem próximo, ai eu falei “no Sargento ele não
vai passar”. Então eu fui até lá dentro, fui lá dentro e não me dei
bem. Ficou muito apertado, saí um pouco do traçado e me compliquei.
Eu fiz uma curva muito difícil de negociar, e ele fez com suavidade
e velocidade. passou com facilidade. Ele passou e fez um sinal assim
com o dedo na nuca, enrolando o dedo, como dizendo “está louco?”, ou
alguma coisa assim. Mas aí ficou quase que prometido que “não, você
vai andar lá pela Willys”...”
-
Entrevista em 2005
Por essa época foi ao departamento de estilo da Willys, chefiado por
Roberto Mauro de Araújo, mostrar seus desenhos que foram muito
apreciados: “-
... no desenho de automóvel, acho que o que vale muito também é a
idéia, a criação. E o meu desenho, tenho certeza, marcou presença
lá. Tanto que o Roberto falou “não, você aguarda a vaga”. Então eu
estava aguardando.”
-
Entrevista em 2005
1963 - Em junho Christian faleceu em um
acidente na “24 Horas de Le Mans” e Luiz Antônio Greco assumiu a
chefia da Equipe Willys. Nesse mesmo mês Anísio fez uma corrida com
um carro de Formula Junior.
Greco que já sabia do interesse de Christian o convidou para a
Equipe Willys:
“-
... e o meu início profissional estava destinado a ser na
Willys, desenhando lá para o Roberto Araújo. Enquanto eu aguardava
uma vaga, eu fui chamado pelo Grecco, na competição, e eu achei
melhor ir para a competição do que para o desenho. Talvez fosse
mesmo esse enfoque que eu tinha sobre o automóvel, mecânica.”
- Entrevista em 2005
Sua estréia na equipe foi na “II 6 Horas de Pelotas” (RS) onde
venceu em sua categoria:
“- ... ganhei a corrida em
Pelotas e ai o Greco me convidou para, além de piloto, ficar como
assistente dele no departamento de competição. Então eu fiquei...
funcionário da Willys... e foi uma escola realmente muito
interessante...” -
Entrevista em 2005
Em agosto participando de uma prova em Araraquara (SP) ficou
conhecendo Rino Malzoni, criador do GT Malzoni/DKW.
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Premiação da
Subida da Montanha - 58
www.novomilenio.inf.br |
500 Milhas
de Interlagos - 62
Fonte: Livro "Interlagos 1940 a 1980" |
6 Horas de
Pelotas (RS) - 63
Fonte: Livro "Automobilismo Gaucho" |
II Circuito
de Araraquara (SP) - 63
Calendário Mahle Metal Leve |
1964 - Greco o havia convidado para assistente na equipe, mas em
1964 Anísio acabou saindo da Willys e nesse mesmo ano correu duas provas
com um
Renault 4CV com motor 1000cc. Na prova
Simon Bolivar “Marinho” correu com o GT
Malzoni/DKW ainda em chapa, foi quando
Jorge Lettry, chefe da Equipe Vemag, o chamou para ajudar no
desenvolvimento do carro devido ao seu conhecimento com fibra de
vidro já que havia trabalhado na produção dos Willys Interlagos.
Aprovado o modelo, foi constituída uma empresa para sua produção em
fibra de vidro, bem mais leve, a Lumimari Ltda. Iniciada a produção
em 1965, a equipe Vemag comprou as três primeiras carrocerias, que
foram preparadas por
Lettry
e Miguel
Crispim. Além da versão espartana
vendida para competições existia uma versão "de rua" com acabamento
melhorado, produzida até 1966, foram produzidas 35 unidades.
1965 - Passou a integrar a Escuderia Vemag e já em março fez sua
estréia fazendo dupla com
Norman Casari.
O primeiro GT Malzoni/DKW com carroceria de
fibra de vidro, 150 kg mais leve, estreou em Recife, em março de
1965 pilotado por Marinho.
Nesse ano Lettry resolveu dar um destino ao Formula Jr que estava
encostado no Departamento, não havia mais corridas da categoria,
então surgiu a idéia: estabelecer um recorde de velocidade, e deu
início à construção de um carro (streamlined) para realizar a
tentativa.
Foram 8 meses de muito trabalho e o carro desenhado por Anísio
Campos e construído por Rino Malzoni em chapa de alumínio sobre o
chassi do Fórmula Junior fabricado em 1962 por
Toni Bianco.
Nos primeiros testes na estrada entre Matão e
Taquaritinga (SP) Lettry mesmo pilotava.
“- ...
Então, eu estava
muito entusiasmado
com o projeto de carro de recorde. Naquele
momento me veio um convite para conversar com o presidente da Simca
do Brasil. No contato que eu tive na sala do presidente, ali na via
Anchieta, ele me convidou para fazer um carro esporte para Simca.
Então o interesse do Carcará ficou secundário."
- Entrevista em 2005
Ele foi chamado para a Simca a fim de desenhar
e fazer o protótipo de um carro esporte, e lá perguntou à
Chico Landi:
“- E as corridas? Não?
Ao que Chico Landi respondeu:
“Vamos lá, entra na equipe.”
Sua primeira corrida pela
nova equipe foi em dezembro
2º com Simca Tufão fazendo
dupla com José Fernando Lopes Martins,
o "Toco".
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Duas das
propostas apresentadas por Anísio - 65 |
“-
Eu estava vivendo, produzir, desenhar, um carro esporte que a Simca
pretendia fazer. Então nós íamos fazer um carro, usando uma
plataforma encurtada da Simca, com motor da Simca, suspensão e tudo,
um carro esportivo menor, um cupê. E eu estava fazendo esse
trabalho na época do Carcará, tanto que naquele momento do
recorde
eu fui para o evento com o Chico
Landi, era o homem que tomava conta do
departamento de competições da Simca, onde eu estava engajado...
Chegou a mais ou menos metade da construção. E
aí a Simca foi absorvida pela Chrysler, que simplesmente não se
interessava por nenhum projeto... O projeto se chamava Xangô,
o nome que eu dei... a capota abria em cima, que era chamada de
T-Roof, um conversível que tem uma targa e a targa está ligada no
cajado do pára-brisa. Então esses dois tetinhos em cima de cada
banco dianteiro saíam. Esse ficou no meio do caminho...”
-
Entrevista em 2005.
1966 - Pouco antes da prova "III 24 Horas de Interlagos" (maio)
sofreu acidente num treino da Equipe Simca:
“- ...
O
acidente foi uma titubeada. Eu estava andando, num dia do “vamo vê”:
“... cada um dá cinco voltas, vamo vê quem é o mais rápido. E
eu estava fazendo a Um quase pé embaixo ... E nessa última volta que
eu fiz... eu fiz a Um e entrei na Dois, entrava forte mesmo. A Dois
era uma curva de alta velocidade, uma inclinação muito gostosa, e
você apoiava o carro naquele élevé, naquela elevação, e ficava
tranquilo, e continuava com o pé embaixo. E aí escapou, o cinturatto
deu uma dobrada, uma escorregada e saiu de traseira, eu puxei ao
contrário a direção... E aí ele voltou no pêndulo e nisso eu já
tinha saído do asfalto e fui parar lá embaixo, na entrada da curva
do Sol, uma altura de três, quatro metros... E aí, depois não sei de
quanto tempo, me acharam embaixo do carro... caiu em cima de mim.
Caiu com as quatro rodas no chão e eu fiquei embaixo... o “Toco”
conta bem essa história. Ele me falou “Anísio, ninguém achava você”,
falou “Cadê ele, cadê o Barbosa?”. Aí ouviram “aai”, “está embaixo
do carro”, aí levantaram o carro de um lado só e me puxaram. Fui
para as Clínicas. Isso de tarde, de noite eu estava em casa,
recebendo visitas.”
-
Entrevista em 2005
Tinha o apelido de “Barbosa” entre os pilotos devido ao seu
sobrenome.
O Carcará ficou pronto e em 29 de junho
de 1966 no início da BR-2 Rio-Santos (atual Av. das Américas)
Norman
Casari
assumiu e o Carcará atingiu na primeira
tentativa, 214,477 km/h e na segunda 211,329 km/h, obtendo a média
de 212,903 km/h, foi a primeira marca brasileira e sul-americana de
velocidade em linha reta de acordo com a regulamentação da FIA:
“-
... Rino ficou como construtor do Carcará. E eu que fiquei como
designer. Então o projeto, o desenho é todo meu. Ele só falava “ah,
gostei”, “não gostei”. Claro, participava. Mas ele ficou nessa
retaguarda. Ele é o construtor, no Malzoni está inscrito:
“Construção: Malzoni, Carroceria: Anísio Campos”, alguma coisa
assim, que a Vemag botou..."
- Entrevista em 2005
Jorge Lettry
saiu da Vemag e em agosto entrou para a Lumimari Ltda como sócio (no
lugar de Marinho que saiu da sociedade),
ocupando a diretoria técnica e de desenvolvimento. Assim que entrou
pediu ao Anísio um reestudo das formas do carro e também sugeriu a
mudança de nome para Puma:
|
Foto
promocional da época |
"- Ah, o Puma DKW, foi
refeito porque o molde que nós tínhamos era muito ruim. Então nós
fizemos o
2º
molde. Para o
2º
molde nós corrigimos um monte de coisas e eu consegui colocar o
Anísio dentro da fábrica, e realmente ele fez um carro muito bonito,
limpo, bem acertadinho. O nome, eu disse: Olha, eu tenho uma
sugestão: vamos mudar esse nome, faço uma sugestão: um felino,
rápido, agressivo, de todo continente americano, você encontra os
Pumas desde Fairbanks, no Alaska, até Usuhaia, na Terra do Fogo.
Outra coisa: é um bicho de montanha, um bicho rápido. Outra coisa, o
nome é bissílabo. E outra: você pronuncia em qualquer língua: PUMA.
E o carro? Puma GT."
- Jorge Lettry em 2005
Então a razão social passou para Puma Veículos
e Motores e o carro: Puma GT. Redesenhado pelo Anísio Campos e com
um acabamento mais esmerado, foi lançado no V Salão do Automóvel. O
esportivo ganhou o prêmio de 4 Rodas como o melhor projeto de carro
brasileiro.
Saindo da Simca foi convidado por seu amigo Paulo Goulart, da Dacon
(Distribuidora de Automóveis, Caminhões e Ônibus Nacionais),
concessionária Volkswagen que a partir de 1967 passou também a
representar a Porsche no Brasil.
|
Empurradinha
amiga - 1967 |
Paulo Goulart observou que os pontos de
encaixe do motor do Porsche 904 Boxer eram os mesmos do motor do
Karmann Ghia produzido no Brasil e que era apenas uma questão de
adequar freios, suspensões e câmbio para se ter um carro de
corridas. Anísio entrou com a técnica, escolado com anos trabalhando
com fibra de vidro, projetou a estrutura tubular e a carroceria em
fibra de vidro para aliviar o peso do carro. Foram preparados dois
carros com o motor 2.0 e dois com o motor 1.6. Anísio também fezr
parte da equipe como piloto, estreou na “VIII Mil Milhas
Brasileiras”.
1967 - Já tinha 34 anos quando venceu a “IV 12
Horas de Interlagos” ao lado de “Moco” (José Carlos Pace) num
Karmann Ghia/Porsche 2.000cc. Mas houve muita polemica pois o carro
quebrou e foi empurrado por outro competidor até a linha de chagada.
(clique
e conheça toda a história).
Construiu, ajudado por seu amigo
Miguel Crispim
e por Henrique Payá Martinez um carro de
Formula Vê, o AC-Vê, lançado no inicio de 68.
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Anisio
experimenta F-Vê |
Chiquinho
Lameirão em Campinas - 68 |
Chiquinho em
Campinas - 1968 |
Norman
Casari em Rio - 68 |
Fonte:
Revista Auto Esporte de janeiro, fevereiro e março de
1968 |
1968 - Apesar dos planos de Anísio em fabricar
alguns exemplares do F-Vê para vender, só foi fabricado um, que
pilotado por Chiquinho Lameirão em
Campinas (fevereiro) e por
Norman Casari no Rio de Janeiro
(março), chegaram 6º e 4º lugar respectivamente.
Participou de uma prova em Salvador (BA),
com uma BMW 1600 TI, da Equipe CBE de
Eugênio Martins e
Chico Landi.
Nas instalações da Puma Anísio criou o AC, seu
primeiro esporte-protótipo de
competição brasileiro:
“- O AC (sigla das minhas iniciais) foi o
primeiro “esporte protótipo de competição” projetado e construído em
serie para atender a demanda (pequena na época) das corridas
oficiais (Divisão 4) do nosso calendário desportivo... O estilo
“racing-car” acompanhava a moda CAN AM (corridas nos países Canadá e
América)..."
-
http://www.anisiocampos.com.br
O AC era um spyder biposto com
estrutura tubular e carroceria de plástico reforçado com fibra de
vidro, caracterizado pelo volante e alavanca de câmbio à direita e
pelo par de vistosos faróis retangulares. Com 2,30 m de distância
entre-eixos, recebia motor Volkswagen 1600 montado na traseira,
preparado com componentes Puma; a suspensão dianteira era VW e a
traseira independente com molas helicoidais; freios a disco apenas
na dianteira. A apresentação do AC foi no VI Salão do Automóvel,
onde ocupou parte do stand da Puma (encarregada da produção dos
cinco exemplares construídos).
Puma VW: “- O
Rino fez o Puma Volkswagen. No Puma Volkswagen eu só dava uns
palpites e alguma coisa. Ele me chamava. A gente sempre trocou muita
ideia, lanterninha faz assim, a ventilação põe na vertical, fica
melhor, todos esses detalhes... Foram produzidos 22.000 Pumas em 20
anos de atividades.”
-
http://www.anisiocampos.com.br
"- ... Então eu tinha as idéias e o Rino sabia
aproveitar. Quando ele fez o Puma, ele fez o Puma olhando o Miura.
Só que ele ia ajeitando. Ele tinha muito jeito para isso. Ele
chamava o funileiro e falava “é aqui, assim”, bararabarara, e então
saiu o Puma Volkswagem.”
- Entrevista em 2005
Na época do AC Anísio tinha um Simca modificado por ele que era
apelidado de “O Forno” pelos amigos pois o carro tinha uma frente
tipo Mercedez-Bens.
1969 - A Kadron, uma empresa de escapamentos e amortecedores
encomendou um projeto de Buggy ao Anísio que o desenvolveu nas
oficinas da Puma, que depois ficou com a produção (terceirizada).
Batizado com o nome “Tropi”, esse buggy foi o primeiro com projeto
nacional, tinha um inédito santantônio encoberto com fibra de vidro,
formando um arco tipo targa, e uma dianteira onde os faróis ficavam
encaixados sob umas “pestanas”. Comercializado pela Kadron foi
lançado em fins de 1969 com o nome de Buggy Kadron, e em 1971 passou
a ser fabricado em instalações próprias.
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Buggy Tropi
- 68
Fonte: Jornal do Brasil |
Buggy Kadron (Tropi) fabricado na Puma
www.lexicarbrasil.com.br |
Anísio
desenhando
Fonte: Revista 4 Rodas |
GT 4R criado
para a Revista 4 Rodas
Fonte: Revista 4 Rodas |
No inicio do ano a revista Quatro Rodas lançou
um concurso que visava premiar três leitores com um carro exclusivo,
o “GT 4R”. Para materializar a idéia, chamaram Rino Malzoni, Anisio
Campos, Jorge Lettry e Milton
Masteguin, a equipe que fazia o Puma.
Durante o primeiro semestre de 1969, os leitores puderam acompanhar
os passos da criação e construção do carro na oficina de Rino, em
Matão. Em janeiro daquele ano um primeiro esboço de Anísio foi uma
amostra de como seria o carro. Nas edições seguintes novas propostas
eram publicadas. A edição de julho já trazia o primeiro dos cupons
que depois de preenchidos deviam ser enviados pelo correio. Após o
sorteio, feito em três meses consecutivos, um carro por mês, foram
construídos mais dois exemplares.
“-
... eu fiz um trabalho de criação, todo mês a revista apresentava
meus desenhos,
uma frente, uma lateral, uma traseira, que
despertava a curiosidade. Inclusive o Rino dizia para mim “Olha,
gostei muito dessa tampa traseira do motor, acho que nós vamos
aplicar no carro”. E assim foi. E o carro acabou sendo, os faróis,
que eram retangulares, que eu já tinha usado no AC. Então, ficou um
carro construído pelo Rino Malzoni. Não que eu tenha assumido a
autoria do GT-4R, mas me foi dado esse título, de responsável pelo
desenho, porque realmente eu fui o responsável pelo desenho do
GT-4R, Rino, o construtor, e a Puma, o montador, o fabricante dos
carros em fiberglass, que naturalmente foram originários de um
molde, feito em cima daquele carro protótipo.”
- Entrevista em 2005
1970 - Em 6 de março, aos 37 anos, voltou a
pilotar em corridas. Nos meses de novembro e dezembro a Ford
realizou o “Torneio Nacional de Ford Corcel” para promoção desse
carro, os carros eram sorteados antes de cada prova, em São Paulo e
Jacarepaguá no Rio de Janeiro.
1971 - Equipe Hollywood: no final de 1970 o publicitário Walter
Uchoa teve a ideia de montar uma nova equipe em moldes profissionais
e conversou com Anísio Campos, José Carlos Pace, Chico Rosa e
Luiz Pereira Bueno, que aceitaram e então
foi feito um contrato e registrada uma empresa: a Equipe “Z”, Anísio
assumiu como chefe de equipe e comprou um Porsche 908/2, a equipe
tinha também dois F-Ford, além de outro Porsche, um 910 que Lian
Abreu Duarte comprou.
Fizeram três provas como Equipe “Z” até que
ficou acertado a compra da equipe de Ricardo Achcar e dessa forma
ficar com o patrocínio da Souza Cruz que queria divulgar o cigarro
Hollywood, passando a se chamar Equipe Hollywood, em seguida veio o
patrocínio da Shell.
Luiz
Pereira Bueno
lembra em seu livro “Paixão e Técnica ao
Volante” que estava com Anísio, Paulo Goulart e Pace quando pensaram
em montar uma equipe profissional:
“- Walter Uchoa de
Mendonça, meu amigo, rapaz muito batalhador da área de publicidade,
sugeriu que se formasse uma equipe como o Zé Carlos Pace, o Moco, e
o Chico Rosa para apoio. Isso foi feito com a Equipe Z. O nome era
simbólico e só seria utilizado enquanto não houvesse patrocínio...
Francisco Lameirão e Ricardo Achcar haviam formado uma equipe que
seria patrocinada pelos cigarros Hollywood... mas a parceria não
saiu... foi quando Luiz Pereira Bueno e Anísio Campos entraram na
jogada por intermédio da Agencia Salles, de Mauro Salles, e fecharam
com a Souza Cruz, que foi patrocinadora exclusiva da Equipe
Hollywood de 1971 a 1976.” -
Luiz Pereira Bueno - 2010
“- Eu sempre vivi no meio
do automóvel, no meio das competições. Eu só não fiquei conhecido
pelo design de automóvel, para mim teve uma época na Equipe
Hollywood, que foi minha equipe maior, talvez, que implantou o
profissionalismo em competição...”
-
Entrevista em 2005
Na ultima prova como Equipe Z Anísio pilotou o Porsche 908/2 com
Luiz Pereira
Bueno, mas pararam por quebra de
rolamento na roda dianteira na segunda bateria. O Porsche 910 da
Equipe venceu.
Em 1971 fez mais duas provas. Nesse ano a Equipe foi campeã e vice
campeã do Campeonato Brasileiro de Protótipos, com os pilotos Lian
Duarte e Francisco Lameirão. Ganhou diversas outras corridas com o
908/2 e com o 910. Na recém-formada Fórmula Ford,
Chiquinho Lameirão
ganhou três das quatro corridas sendo consagrado campeão brasileiro,
paulista e gaúcho de Fórmula Ford.
1972 - Fez,
nesse ano, sua ultima corrida como piloto, em Tarumã (RS), com o
Porsche 910: “
-
E a
última corrida que eu fiz foi em Tarumã, guiando um Porsche 910.
Então eu guiei carros muito interessantes, muito bons. E parei
exclusivamente porque não era possível coordenar a equipe e guiar ao
mesmo tempo. Aí, eu era sócio proprietário da Equipe Z, que atuava
para a Hollywood, e falei “Não, eu vou parar de correr”, e parei.
Sem nenhuma saudade.”
- Entrevista em 2005
Em junho daquele ano Anísio aproveitou uma
pausa no calendário nacional e enviou o Porsche 908/2 à Stuttgard,
na Alemanha, para uma revisão de fábrica, mas com a intenção era
participar do “Mil Quilômetros da Áustria” no Autódromo de Zeltweg.
Luizinho fez dupla com Tite Catapani, largaram em 7º lugar, mas numa
disputa com Helmut Marko houve um pequeno toque que danificou a
suspensão obrigando ao abandono da prova.
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Maverick-Berta
Foto: Rogério P. de Luz |
Hollywood-Berta-Ford
Foto: Rogério P. de Luz |
1974 -
“Após
vencerem quase todas as provas do circuito brasileiro de
automobilismo a equipe Hollywood sofreu uma derrota com seu Opala
4100 que disputava a Divisão 3 de Turismo. Decidiram então construir
um carro à altura da competição... . Na Argentina o "Mago de Alta
Gracia", o famoso preparador hermano Orestes Berta recebeu a missão
de transformar o Ford Maverick com motor V8 de 302 polegadas cúbicas
em uma lenda sobre rodas que jamais fosse esquecida.”
-
www.papodehomem.com.br
O diabo tinha nome: Maverick-Berta, sua
estréia no autódromo de Cascavel (PR) em 1974 foi memorável.
1975 - A Equipe Hollywood encomendou um
protótipo ao “Mago de Alta Gracia” para o Brasileiro de Divisão 4, e
assim surgiu o
Hollywood-Berta-Ford, que nas mãos de Luiz Pereira Bueno conquistou
o último certame da história daquela categoria na classe A.
1976 - A Hollywood parou com seu patrocínio e a equipe encerrou as
atividades.
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Corcel Hatchback
- Revista 4 Rodas - 80 |
1980 - Corcel Hatchback, esse modelo
construído a partir do Ford Belina foi projetado por Anísio Campos e
saiu em 1980. A transformação de automóveis se tornara comum no
Brasil devido a proibição das importações e a empresa Souza Ramos,
concessionária Ford, contratou Anísio Campos para desenhar e
desenvolver um modelo do Corcel tipo Hatchback.
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Dacon 828 -
Revista 4 Rodas - 82 |
1982 -
Nesse
ano
a Dacon começou a trabalhar em um carro próprio, de motor traseiro,
chamado Dacon 828:
“...
Retomando a colaboração com Anísio Campos, que a partir daí viria a
participar da concepção de todos os novos lançamentos da empresa,
apresentou em 1982 o protótipo do 828, um mini carro com carroceria
de fibra-de-vidro, dois lugares e apenas 2,65 m de comprimento. O
carrinho, que buscava utilizar o máximo de componentes de origem VW,
trazia interessantes soluções construtivas: montado sobre plataforma
Fusca encurtada em quase 78 cm, levava pequenas rodas de 10
polegadas de diâmetro (depois substituídas por aro 13) e suspensão
traseira da Variant II.”
-
http://www.lexicarbrasil.com.br
Diz que o nome representa o ano em que o começou (1982) e o oitavo
projeto da Dacon, porém também foi escolhido para claramente se
parecer com
Porsche 928.
Desenhado por Anisio Campos, teve os primeiros onze carros
fabricados pela Puma Veículos e Motores,
a partir daí (e até 1985, quando a produção foi encerrada), os
carros foram fabricados na unidade industrial da Dacon, em Santana
do Parnaíba (SP). Ao
todo, apenas 48 unidades foram concluídas.
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PAG Dacon |
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Nick Dacon |
1984 - A PAG, Projets d'Avant Garde Ltda foi
criada por Paulo Goulart, dono da Dacon, para a fabricação
de
carros próprios, como o Nick, o Nick L e o Chubby.
A PAG produziu veículos até 1991.
“... PAG, sigla de Projects d’Avant
Garde – e também as iniciais de seu nome. No mesmo ano lançou o PAG
Dacon, reprodução em escala menor do Porsche 928, cuja traseira já
havia inspirado o Mini Dacon. Sempre desenhado por Anísio, o novo
carro tinha carroceria de fibra com quatro lugares, mecânica VW Gol
GT 1.8, caixa de quatro velocidades, tração dianteira e freios a
disco nas rodas da frente. Para construí-lo, foi aproveitada toda a
estrutura monobloco original do Gol, inclusive o para-brisa
dianteiro e o esqueleto das portas; o monobloco era então
“revestido” pelas partes de fibra-de-vidro, compondo um corpo de
desenho absolutamente diferente do carro do qual derivava. Faróis
vinham do Passat e lanternas traseiras da Kombi (como no 828). O
motor tinha a cilindrada aumentada para 2,1 litros e desenvolvia 99
cv; o acabamento era luxuoso e bem cuidado, como era usual nos
produtos da marca.
No final de 1987 Anísio Campos e a PAG (a partir daí assumida como
marca dos veículos Dacon) voltaram ao tema do carro urbano com
o Nick, fabricado a partir da picape VW Saveiro, da qual era
aproveitada a totalidade da cabine, inclusive bancos, instrumentos e
acabamento interno; o restante da lataria era retirada (frente e
caçamba) e substituída por componentes moldados em fibra-de-vidro. O
balanço dianteiro era encurtado até o limite do radiador e o
entre-eixos e balanço traseiro reduzidos ao máximo, limitando o
comprimento total do carro a 3,08 m. Para baratear o projeto, o
para-brisa traseiro da picape foi mantido e o espaço acima do
bagageiro, entre a cabine e a traseira, foi preenchido com uma
espécie de gaiola de fibra, sem vidros. O acesso ao reduzido
porta-malas se dava por uma tampa vertical, ladeada pelas lanternas
traseiras, cedidas pelo VW Santana. Havia duas opções de motor: 1.6
do Gol e 1.8 do Santana.”
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www.lexicarbrasil.com.br
1986 - Primeiro projeto de Anísio para
a Engerauto, a caminhonete Escorpion foi lançada no XIV Salão do
Automóvel como a maior novidade da empresa.
1987 - Na “V Brasil Transpo”, final de 1987, a Engerauto lançou o
veículo multi-uso MPV (multi-purpose vehicle) Topazzio, mais uma
criação de Anísio. Partindo da mecânica e estrutura da picape leve
Ford Pampa, ele projetou uma carroceria de fibra de vidro que, pelo
simples deslocamento de componentes, podia ser transformada em:
automóvel “esportivo”, cabine-dupla, picape targa ou três volumes.
Participou de outros, vários, lançamentos da Engerauto, sem, no
entanto ser o autor do projeto.
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Engerauto Escorpion -
87 |
Revista 4
Rodas - 87 |
Desenho em
guardanapo do Topazzio - 87 |
www.lexicar.com.br
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Nick
reformulado |
Chubby |
1990 -
“...Em 1990 o projeto do Nick foi revisto, passando a
utilizar o VW Gol GTI como base. O estilo da metade traseira também foi
alterado... A última criação da PAG, daquele mesmo ano, foi
o Chubby, este construído sobre o próprio Santana 2.0. Totalmente
equipado (teto solar, ar condicionado, toca-fitas, fechamento
automático das portas), o carro também tinha opção de câmbio
automático – e, como todos os modelos Dacon e PAG, seu preço
superava o do modelo do qual derivava.”
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www.lexicarbrasil.com.br
Não consegui confirmação se Anísio participou desses projetos.
Com a reabertura da importação de automóveis a empresa perdeu
mercado e em 1991, após ter produzido cerca de 130 modelos Nick, a
PAG foi extinta.
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Anísio e o 828 -
20 anos |
2001 - A Obvio! Automotoveículos S.A.
foi criada em 2001, em Duque de Caxias (RJ), com o objetivo de
produzir, sob encomenda, automóveis urbanos com tecnologia de ponta.
O design de todos os carros ficaria a cargo de Anísio, um dos
quatro sócios proprietários da empresa. O primeiro modelo
apresentado foi o 828/2, atualização do Dacon 828, projetado por
Anísio em 1982. O pequeno carro foi relançado em 2003.
Enquanto isso, a empresa providenciava
um novo modelo, o mini esportivo 012 (zero-doze). Também de autoria
de Anísio, o carro era 40 cm mais longo do que o 828/2 (3,05 versus
2,65 m) e teria motor mais potente, em posição central com 163 cv e
seis marchas. A Obvio! pretendia lançá-lo até o final de 2005,
contando para isso com o retorno financeiro da venda das 50 unidades
mensais do 828/2. Que nunca aconteceu.
Em outubro de 2009, desacreditada, a
empresa anunciou sua “aquisição” pela Vrooom! Veículos Elétricos,
comandada pelos mesmos dirigentes da Obvio!. Mudaram a razão social
e a empresa transferiu o foco para a construção de carros elétricos,
ameaçando mudar-se para o México, Costa Rica ou Curaçau, caso até o
final de 2010 o governo federal não definisse um programa de
subsídios para veículos com tração elétrica. Não definiu até hoje.
A empresa foi adquirida em julho de 2010 pela
Cappadocia Funds Brazil, subsidiária do
Cappadocia
Investments, com sede na Inglaterra,
os carros não seriam mais vendidos, mas sim alugados por meio
de uma rede de compartilhamento, prática já em uso em alguns países.
Para tal foi criada a empresa conjunta DirijaJá, que seria a
proprietária da frota e responsável pela gestão do sistema.
2005 - Anísio desenvolveu o Obvio! 012, um
compacto high tech que não chegou a ter construído um protótipo,
ficou só no mock-up. Seria um carro elétrico.
Anísio tem atualmente como companheira a artista plástica Ana
Maria Martins Ferreira, ele diz que “adora casar”, e este é seu
terceiro casamento. Dos dois primeiros, tem três filhos que já lhe
deram quatro netos. De seu casamento com Nanci Valadares, nasceu sua
caçula, Raquel Valadares, que produziu e dirigiu o documentário:
“Homem-Carro” sobre sua carreira, clique e conheça:
http://homemcarroofilme.com.br
Anisio Campos faleceu aos 86 anos de idade em 14 de setembro de 2019
em São Paulo.
Colaboração:
Claudio Habara (SP) Transcrição de centrevista com Anísio Campos em
2005 para seu livro "Biografia Do Automóvel Brasileiro"
Ricardo Cunha (SP)
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