Um pouco das lendas e das histórias do automobilismo dos anos sessenta
 

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Leão de chácara

Essa história me foi contada por Paschoal Nastromagario, já falecido, assim como todos os outros envolvidos, então vou contar só como mais uma história que ouvi, não há como confirmar, mas não acredito que Paschoal inventaria isso, ele era uma pessoa séria.
Em 1957 Juan Manuel Fangio veio ao Brasil, e Paschoal era seu amigo assim como também era amigo de Celso Lara Barberis, que por sua vez era amigo de Fangio.
Celso era de porte avantajado, forte, havia praticado remo no Clube Esperia, depois treinou boxe e só então, já aos 33 anos, começou no automobilismo. Como havia participado do “Mil Quilômetros Ciudad de Buenos Aires”, em 1956 com Godofredo Vianna Filho, e em 1957 com Eugênio Martins, já conhecia e também era amigo de Fangio.
Pois bem, no final de novembro Fangio veio ao Brasil participar de duas provas, uma no dia 1 e outra em 8 de dezembro, a primeira em Interlagos e a outra no Rio de Janeiro. Quando aqui em São Paulo, uma noite lá vão os três e mais um que Paschoal não se lembrava quem era, à uma boate.
Em 57 boate era um pouco diferente de hoje em dia, mas uma coisa já existia: o “leão de chácara”, que em ultima instancia era quem decidia quem entrava e quem não entrava.
Então chegam quarto homens, sem nenhuma mulher, e o “leão” diz:
“- Não podem entrar.”
“- Como não? Esse aqui é Fangio, campeão da Formula 1.”
“- Pode até ser, mas sem mulher não entra.”

Ai começou o bate boca, entra, não entra, até que Celso perdeu a paciência e pegou o “leão de chácara” pelo colarinho e o levantou do chão ao mesmo tempo em que lhe desferia um soco, soltando-o em seguida já desmaiado no chão. Ai o tempo fechou, a policia foi chamada e quando chegou levou todo mundo para a delegacia.
Foi então que a fama de Fangio salvou a situação, ele havia se tornado penta-campeão da F1 naquele ano. Depois da canseira tradicional o delegado de plantão atendeu, e examinando os documentos reconheceu Fangio e depois de uma tietagem e um pedido de autografo liberou a todos, não sem antes passar um sabão no “leão de chácara” que deveria prestar mais atenção às celebridades em visita ao país.
 

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