- Fortaleza
- Autódromo Internacional Virgilio Távora
O
Autódromo Internacional Virgilio Távora foi inaugurado em
12 de janeiro de 1969 no município de Euzébio, na grande
Fortaleza (CE)
-
Fortaleza,
capital do estado do Ceará,
está localizada no litoral Atlântico a uma altitude média de 21
metros e conta com 34 km de praias, é centro de um município
de 313,8 km² de área, e hoje é um destino turístico importante,
suas praias urbanas são as de Iracema, Meireles,
Mucuripe e a fantástica Praia do Futuro.
A criação do município de Fortaleza aconteceu em 13 de abril de
1726, quando a povoação do Forte Nossa Senhora da Assunção foi
elevada à condição de Vila de Fortaleza, depois, em 1823, o
Imperador Dom Pedro I elevou a vila à categoria de cidade.
Fortaleza teve como origem o Forte de São Sebastião e a Capela
de Nossa Senhora do Amparo, erguidos por Martins Soares Moreno
sobre as ruínas do Fortim de São Tiago de Nova Lisboa, fundado
anteriormente por Pero Coelho de Souza. Em 1637, o Forte foi
ocupado por uma expedição holandesa que dominou o Ceará de
1640 a 1644. Derrotados pelos índios os holandeses voltaram seis
anos depois à região comandados por Matias Beck, que ergueu o
Forte Shoonemborch às margens do Riacho Pajeú. A expulsão
definitiva dos holandeses ocorreu em 1654 pelo comandante português
Álvaro de Azevedo Barreto que mudou o nome do Forte para Nossa
Senhora da Assunção.
Durante o Segundo Império, entre 1843 e 1849, o Intendente,
Tenente Cel. Antônio Rodrigues Ferreira e o Arquiteto Adolfo
Herster realizaram obras urbanísticas que transformaram
Fortaleza.
O
automobilismo estava, nos anos 60, centralizado no sul e sudeste do
País quando em 1964 houve duas corridas em Fortaleza na Avenida
Antônio Justa, em cujas extremidades faziam-se curvas de 180
graus. Depois, com a supervisão do Automóvel Clube do Ceará,
passou-se a usar a pista do Pici, na antiga Base Aérea de
Fortaleza, (base utilizada pelos aliados durante a II Guerra
Mundial, em 1941 começaram as obras de construção da pista, que ficou concluída em março de 1942).
Sim, o nordestino gostava de automobilismo, haja visto também
as provas realizadas nos circuitos de rua de Salvador, Recife,
Maceió, Natal e Fortaleza. E foi nessa cidade que acabou sendo
construído o primeiro autódromo do Nordeste, o “Autódromo Virgílio Távora”.
Saiba aqui um pouco dessa história:
Os
pilotos conseguiram
da prefeitura a promessa em asfaltar e construir um lance de
arquibancadas na pista do Pici, mas, sem conseguir autorização do
DNOCS teoricamente
os donos do terreno, os pilotos se cotizaram e compraram um
lote de 33 alqueires no município de Euzébio, ao lado de
Fortaleza, o que inviabilizou a ajuda da prefeitura de Fortaleza pois o lote pertencia a outro município: Aquiraz, na época.
Uma comissão
de pilotos foi então pedir ajuda ao ex-governador Virgilio Távora
que intercedeu junto ao Min. dos Transportes que autorizasse o DNER
a asfaltar a pista.
Logo as máquinas começaram a preparar o terreno para receber o
asfalto, só que o DNER precisava pagar o asfalto à Petrobras, então João Quevedo recorreu à Secretaria de Planejamento e
conseguiu uma verba suplementar que ajudou em vários pagamentos,
mas o “grosso” teve que ser novamente cotizado entre os
pilotos. Como "premio" do enorme esforço e dedicação de
todos, em aproximadamente quatro meses o autódromo estava em condições
para a corrida inaugural.
Como
era comum na época, a corrida de inauguração homenageou um político,
e no caso, um militar (era época dos governos militares) o Cel.
Mario Andreazza, Ministro dos Transportes.
Foi então inaugurado o autódromo no dia 12 de janeiro de 1969 com o “Grande Prêmio Ministro Mário
Andreazza”, que compareceu à solenidade. Estavam presentes também o ex-governador Virgílio Távora, o
governador Plácido Castelo, o General Élery, José Valter
Cavalcante, prefeito de Fortaleza, Amílcar Távora, diretor-geral
do DNER, e o prefeito do município do Eusébio. Prova essa que
teve 65 voltas e contou com dezesseis carros inscritos por pilotos
da região: cearenses, pernambucanos, baianos e com a notável
presença de dois paulistas.
O Ministro Andreazza cortou a fita simbólica inaugurando o autódromo,
e às 14 horas do domingo deu partida à
prova automobilística, de cem milhas, que levava seu nome,
largaram 15 carros sendo 8 do Ceará, 2 de Pernambuco, 3 da Bahia e
2 de São Paulo
“O autódromo tem
o nome de Virgilio Távora, em homenagem ao ex-governador do Ceará;
possui 2,5 km de extensão, num circuito asfaltado de acordo com os
padrões internacionais, medindo 12 metros de largura nas retas e
14 nas curvas, com ângulos que variam de 60 a 180 graus, com pouca
inclinação”
(Folha de S.Paulo - 12/01/1969).
Eram quatro as curvas do circuito, sendo três de baixa e uma de
alta velocidade, por onde corria-se no sentido horário, a intenção
era abrigar o automobilismo local e regional, mas também
inserir Fortaleza no calendário nacional.
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Traçado
original, sentido horário
Origem: Wikipedia |
“Até o momento
foram investidos nesse autódromo 220 mil cruzeiros novos, grande
parte dos quais cedidos pelo governo estadual”.
(Folha de S.Paulo - 12/01/1969)
O autódromo fica a 17 quilômetros de Fortaleza, ligado ao centro
por uma estrada pavimentada, e está localizado na rua Ayrton
Senna, nº 01, município do Eusébio, região metropolitana de
Fortaleza, dispõe de arquibancadas para 5 mil pessoas e foi
construído por iniciativa da Associação Cearense dos Volantes de
Competição.
Entre os carros inscritos na prova inaugural, estava o Puma número
17 da Equipe AF, que foi pilotado pelo baiano Luís Pereira dos
Santos, o “Lulu Geladeira”. O paulista Terra Smith conduziu uma
Berlineta Willys Interlagos da Torke, dois protótipos CBA foram
inscritos, um deles para o cearense Antonio Cirino, e o outro,
pilotado por outro cearense, César Figueiredo, era considerado o
melhor protótipo do Ceará. Diversos VW bem preparados, como os de
André Burity, Ramon Cortiso e Samuel Cohen, também o Karmann Ghia
de Tarcílio “Nenen” Pimentel, três DKWs, dois Simcas e um
Gordini fechavam o pelotão.
“Lulu Geladeira” depois de fazer a pole liderou de ponta a
ponta a prova, sendo pressionado apenas no início pelo protótipo
de César Figueiredo que quebrou o motor e pela Berlineta de Luiz
Fernando Terra Smith que acabou ficando diversas voltas
parado no box com problema na embreagem, mas quando retornou à
pista marcou a volta mais rápida da corrida (e o primeiro recorde
da pista) com 1m26s.
Nenen Pimentel com o Karmann Ghia, que geralmente dava trabalho nas
corridas (para os adversários), abandonou a prova, e Samuel Cohen que teve o pára-brisa
quebrado precisou parar nos boxes, impedindo uma luta pela vitória.
O público, sem um cearense para torcer, acabou torcendo por Terra
Smith que tentava recuperar o tempo perdido.
O resultado final:
1º Lulu Geladeira (BA) Puma VW 1600 - 65 voltas, 1h40m2s, média
de 97,5 km/h
2º Ramon Cortizo (PE) VW 1600
3º Antônio Cirino (CE) - Protótipo Italdiesel
4º Armando Barbosa (CE) DKW/Vemag
5º Carlos Fernandes (CE) Simca
6º Artur Vichmann (CE) DKW/Vemag
7º Leonardo Godoy (BA) Renault 1093
8º Luiz Fernando Terra Smith (SP) Berlineta
9º André Burity (BA) VW 1600
Os hotéis de Fortaleza lotaram, o publico compareceu em grande
quantidade apesar da concorrência do sol e das lindas praias, e os
prêmios foram entregues na própria pista pelo Ministro Mario
Andreazza.
Em
maio foi realizada a segunda prova no “Autódromo Virgilio Távora”,
uma etapa do Campeonato Norte-Nordeste que foi chamada de “Corrida
Gov. Plácido Castelo” em homenagem ao Governador Plácido
Aderaldo Castelo (1906/1979).
Inscreveram-se para a prova 13 pilotos do Ceará, 7 da Bahia e 6 de
Pernambuco, sendo que o favorito era o baiano Luis Pereira dos
Santos, o “Lulu Geladeira” com um Puma VW 1600, vencedor que
fora da prova inaugural do autódromo.
E confirmando o favoritismo ele venceu a prova, seguido de outro
baiano, de um pernambucano e só em quarto lugar chegou um
cearense, Fernando Ary, o “Galego” com um VW Standard.
Ficou assim a classificação:
1º Lulu Geladeira (BA)
Puma GT VW 1600
2º André Burity (BA)
VW 1600
3º Fernando Burle (PE)
VW 1600
4º Fernando Ary (CE)
VW 1300
A terceira prova no novo circuito foi realizada em 24 de agosto e
foi em homenagem às Forças Armadas, uma prova regional, mas não
menos importante. Chamada de “Premio Forças Armadas” a
prova foi marcada pela bela disputa entre Nenen Pimentel, com
Karmann Ghia 1900cc e Antonio da Fonte, com Opala 3800cc. Durante
toda a prova esses dois pilotos brigaram pela primeira colocação,
trocando várias vezes de posição, mas já bem distanciados dos
outros concorrentes. Tanto que ambos marcaram a melhor volta no
circuito: 1m24s, que passou a ser o novo recorde da pista.
O resultado final:
1º Nenen Pimentel - Karmann Ghuia 1900 - 30 voltas, 44 min.
2º Antonio da Fonte - Opala 3800 - 30 voltas
3º Anibal Capelo Feijó - Corcel - 28 voltas
4º Aluísio Nóbrega - DKW/Vemag - 26 voltas
5º Haroldo Peixoto - Karmann Ghuia - 25 voltas
6º Oscar Cavalcante - VW 1600 - 25 voltas
7º Dimas de Castro - VW 1300 - 25 voltas
8º Arialdo Pinho - VW
1300 - 24 voltas
9º Mozart Gomes de Lima - Renault - 24 voltas
10º Valkmar de Oliveira - VW 1300 - 23 voltas
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Reprodução
Revista 4 Rodas |
Em 19 de outubro de 1969 aconteceu a quarta prova do ano no autódromo,
o “GP do Ceará” com a distancia de 500 quilômetros, o
que levou alguns a chamá-la de 500 Km de Fortaleza. Contou com a
participação de 22 carros pilotados por duplas de pilotos e foi
promovido pela Federação
Cearense de Automobilismo, Associação Cearense de Volantes de
Competição e VASP, com o apoio dos governos dos estados de
Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Essa
prova levou à capital cearense alguns dos melhores pilotos
paulistas, cariocas e até um gaucho, além de vários da região
nordeste, beneficiados com o prêmio de largada de 1.000 cruzeiros
novos.
A premiação foi de: NCr$ 10.000,00 para os vencedores, NCr$
5.000,00 para os segundos colocados, e NCr$ 3.000.00 para os
terceiros, os recursos foram obtidos junto aos
governos de outros estados nordestinos, e assim acabaram
participando equipes de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,
Salvador, Aracaju, Fortaleza e até do Rio Grande do Sul, a 4147 km
de distância.
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Reprodução
Revista 4 Rodas |
Estavam inscritos: uma Lola T70, dos irmãos Paioli; a famosa
equipe Jolly com suas Alfa GTA; o protótipo Bino Mark I, nas mãos de Fernando
Pereira e Carlos Erymá,
pilotos
cariocas; o lendário Chico Landi em dupla com Antonio
Carlos Avallone, com um protótipo
baseado em uma ex-Maserati esporte; um AC, de Olavo Pires; o protótipo
Patinho Feio, de Brasília, além do melhor que o Nordeste tinha a
oferecer, entre eles o Puma de “Lulu Geladeira” e o Karmann
Ghia de Nenen Pimentel. Ao todo 22 duplas, e entre os pilotos
muitas feras: Marivaldo Fernandes, Emilio
Zambello, Alex Dias Ribeiro, Chico
Landi, Ubaldo Lolli, Chiquinho
Lameirão (correndo
com Fernando Ary, de uma escuderia local), Antonio Carlos
Avallone, Milton Amaral, Carlos Erymá, Mario Olivetti e Rafaelle
Rosito, do Rio Grande do Sul.
O gaúcho fez dupla com o paulista Sílvio Toledo Piza no Fusca
1600 nº 4. Largaram na 7ª posição com o tempo de
1min20s7. O pole foi o Lola T70/Chevrolet dos irmãos cariocas Márcio
e Marcelo de Paoli com 1min14s9 para os 2500 metros da pista.
De todos os carros que largaram à frente do Fusca nº 4, apenas a
Alfa Romeu GTA nº 25 dos paulistas Marivaldo Fernandes e Luiz
Fernando Terra Smith concluiu, e em primeiro lugar, assim o Fusca
chegou em uma excelente 2ª posição, 10 voltas atrás dos
vencedores. Na 3ª posição o Protótipo Camber 2000 da dupla
brasiliense Alex Dias Ribeiro e João Luis da Fonseca.
Resultado final:
1º Marivaldo Fernandes/Luis Fernando Terra Smith - Alfa GTA, 200
v, 4h38m50s2/10, 107.913 km/hr (SP)
2º Silvio Toledo Pisa/Rafaele Rosito, Prot. VW, (RS)
3º Alex Dias
Ribeiro/João Luis da Fonseca, Prot Camber 2000 (DF)
4º Olavo Pires/Jorge Pappas, AC VW (DF)
5º João Brussel/Jose Luis Bastos , Puma (BA)
6º Carlos Fernandes/Arialdo Pinho, Prot VW (CE)
7º André Gustavo/Luis Carlos Brás, VW (DF)
8º Milton Amaral/Jose Morais, Prot VW (RJ)
9º Enio
Garcia/Antonio
Martins, Elgar (DF)
10º Waldemar Santos/João Quevedo, Prot VW (CE)
11º Arivaldo Carvalho/Eduardo Pina, Alfa Romeo 1600 (SE)
12º Fernando Ary (CE)/Francisco
Lameirão (SP), VW
13º Mario Olivetti/Lair Carvalho, Alfa GTA (RJ)
A entrega dos prêmios foi no Sport Club Maguari que ficava situado
na rua Barão do Rio Branco, perto da avenida 13 de Maio, e
Marivaldo saiu de Fortaleza com, além da vitória, também o
titulo de Campeão Brasileiro de 1969 com uma prova de antecedência
em virtude de suas três vitórias consecutivas.
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Karmanm-Ghia
já bastante modificado de Neném Pimentel/Samuel Cohen
Foto de Claúdio Cruz "Emprestada" do Blog: mestrejoca.blogspot.com |
Bonito
protótipo VW "made in Ceará" de Carlos Fernandes e
Arialdo Pinho
Reprodução Revista 4 Rodas |
Os
três primeiros colocados:
Alfa GTA, VW 1600 e Protótipo Camber
Reprodução Revista 4 Rodas |
Em 15 de fevereiro de 1970 foi realizada a primeira prova
internacional no circuito, a terceira etapa do
“Torneio Internacional BUA” de Fórmula Ford, com
vitória de Emerson
Fittipaldi, Luiz
Pereira Bueno em segundo, e com o inglês Ian Ashley em terceiro.
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Novo
traçado, sentido anti-horário
Origem: Wikipedia
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Em 1997, o autódromo passou por uma grande reforma que foi
resultado de um acordo de cooperação entre a Secretaria do
Turismo do Estado, a Petrobras e a Federação Cearense de
Automobilismo.
Na reforma o traçado do autódromo foi
modificado, e depois de seis meses de obras, quando foram investidos R$ 300
mil, ficou mais longo, com 3000 metros,
e mais seguro.
Após a reforma a reabertura se deu em 30 de novembro de 1997 com
uma
prova de endurance, “Seis
Horas do Ceará”, que a dupla Nelson Piquet/Ruyter
Pacheco, de Brasília (DF), venceu a bordo de um protótipo BMW de
4 cilindros e 300cv, completando 237 voltas, com oito de
vantagem sobre o segundo colocado.
Acrescentada dia 1 de abril de 2012
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