Um pouco das lendas e das histórias do automobilismo dos anos sessenta
 

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Cascavel - Autódromo Zilmar Beux
 
O Autódromo Zilmar Beux foi inaugurado em 22 de abril de 1973 no município de Cascavel (PR)
 
 

Circuito da pista de Cascavel - Fonte:
www.speed-fever.com.br

Cascavel está localizada na região oeste do Paraná a 507 quilômetros de Curitiba, capital do Estado, e a 130 de Foz do Iguaçu. O povoamento da área atual do município iniciou-se no final da década de 10 por caboclos e descendentes de imigrantes eslavos, era o inicio do ciclo da erva mate. A vila começou a se formar em 28 de março de 1928 quando José Silvério de Oliveira arrendou umas terras próximas a Encruzilhada dos Gomes, no entroncamento de várias trilhas abertas por ervateiros e tropeiros, onde montou seu armazém no local onde hoje é o bairro Cascavel Velho.
A cidade atualmente tem 2.061 km2 e população de aproximadamente 250 mil habitantes. 

Na década de 1930, com o ciclo da erva-mate extinto, iniciou-se o ciclo da madeira. Nas décadas de 30 e 40, esse novo ciclo atraiu grande numero de famílias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina descendentes de poloneses, alemães, italianos, ucranianos e também caboclos, que começaram a exploração da madeira e mantinham uma agricultura e uma criação de suínos voltada mais para subsistência, foram esses migrantes que formaram a base populacional de Cascavel.
Segundo uma lenda o nome cascavel originou-se com um grupo de colonos que pernoitando nos arredores de um rio descobriram um grande ninho de cobras cascavéis e passaram a denominar aquela região de Cascavel, e desde 1924 ela constava dos mapas militares, depois foi oficializado como Vila pelo prefeito de Foz de Iguaçu, mas o clerico a rebatizou como Aparecida dos Portos, mas a população rejeitou, e em 1938 foi elevada a condição de distrito administrativo, com o nome de Cascavel.
Em 14 de novembro de 1951 o governador Bento Munhoz da Rocha Neto propôs a emancipação, mas a lei só foi assinada em 14 de dezembro de 1952 transformando a Vila em Município, juntamente com Toledo, cidade vizinha, havia uma confusão quanto a data a ser comemorada, até que em 20 de dezembro de 2010 foi sancionada a Lei nº 5689/2010 que definiu a data de 14 de novembro como a data oficial de aniversário da cidade, comemorando assim a data de sua criação e não de sua emancipação. 
Com o esgotamento das reservas naturais, encerrando o ciclo da madeira, por volta dos anos 70, passou-se então à lavoura de cereais e à suinocultura, logo depois se iniciou também uma atividade industrial ligada ao agronegócio.
O oeste do Paraná era pouco desenvolvido no início do século XX, a área de Cascavel começou a ser povoada a partir de 1928, mas a cidade se desenvolveu mesmo a partir de 1952 com a chagada de muitos migrantes vindos principalmente do sul do país.

Zilmar Beux em seu protótipo Ford em 1971
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Numa dessa levas chegou a família Beux, incluindo Zilmar Antonio Beux, gaucho, nascido em Carazinho em 1930, que jovem ainda, mas casado e com filhos, foi começar vida nova em Cascavel. Especializado em mecânica montou com os irmãos a Retificadora Beux, no final dos anos 50 em meio a grandes dificuldades e muita vontade de vencer.
Em 1964, com pouco mais de uma década de vida, as primeiras corridas já aconteciam nas ruas de Cascavel, dizem que por influência dos migrantes gaúchos que trouxeram a tradição das carreteras para lá, e a partir de 1966 passou a ser realizada a Cascavel de Ouro, corrida que se tornou tradicional com o passar dos anos.
Zilmar, como muitos mecânicos, era apaixonado do automobilismo e logo passou a participar, com um Simca, das corridas na região, assim como no resto do Paraná e até mesmo no Paraguai. Com a popularização das corridas Zilmar tinha o desejo de construir um autódromo na cidade, como era bastante conhecido no meio conseguiu a adesão de mais de 80 pessoas e criou uma empresa que comprou um terreno de 40 alqueires no qual foi construído o traçado de terra do Autódromo de Cascavel que foi inaugurado em 1970, a cidade mal tinha vinte anos de vida oficial e já ganhava uma pista de terra na qual se realizaram diversas corridas.

Pedro Muffato e Willy Tien com o Simca de sua primeira corrida
4 de dezembro de 1966 
circuito de rua
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Simca de Scherner e Castilho, campeões da primeira edição da "Cascavel de Ouro" em 1967
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“Cinco corridas se realizaram, todas de média duração como convinha às provas de rua da época. As duas primeiras foram realizadas na região central da cidade, com um trecho de paralelepípedos e outro em terra. As três restantes foram disputadas no circuito de terra do Parque São Paulo.
Abaixo, a relação de provas, pilotos vencedores, carros e datas dessas corridas:
Duas Horas de Cascavel (26/01/64) - Tamoio Fedumenti (Renault 1093-Cascavel)
Quatro Horas de Cascavel (07/07/65 - Olidir Pereira(DKW-Palmas)
300 Milhas de Cascavel (04/12/66) - João de Barros(Simca-Curitiba)
500 Km de Cascavel (11/06/67) - Jaci Pian (Simca-Cascavel)
400 Milhas de Cascavel (15/11/67
) - Rodolfo Scherner/Bruno Castilho (Simca-Laranjeiras do Sul/Curitiba.
As 400 Milhas de Cascavel foi a primeira edição da depois famosa "Cascavel de Ouro", prova idealizada e organizada por Luis Pascual Cumella, que depois lançaria o nome da cidade no cenário automobilístico nacional.” 
(fonte: Blog do Mestre Joca)

Vista aérea da pista de Cascavel por ocasião de sua inauguração

Só que em 1973 a Federação Paranaense de Automobilismo passou a proibir a realização de corridas em pistas de terra por serem consideradas perigosas, e isso acabaria com o autódromo, a não ser que a pista fosse asfaltada. Esse fato apenas acelerou o inevitável, o planejado asfaltamento do autódromo de Cascavel.
Sob a liderança de Zilmar, que era presidente da empresa Autódromo de Cascavel S/A, a sociedade lançou mais quotas, e os sócios existentes, importantes empresários locais, investiram mais e em pouco mais de um mês a pista de Cascavel foi asfaltada, ainda em 1973.


  

Zilmar Beux (Carretera-Simca 8) e Sérgio Whiters (Fusca 86)
no circuito de terra

7 de setembro de 1970
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Zilmar Beux e seu protótipo Carretera-Simca em 1970
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Puma 68 do Sérgio Withers, vencedor da "Cascavel de Ouro" de 1970, realizada ainda no circuito de terra
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Corrida de Zilmar com o protótipo Ford na cidade de Aratiri (Paraguai)
Maio de 1971
http://brazilexporters.com/blog

O resultado foi um traçado curto, de 3.032 metros, e bastante veloz. São apenas sete curvas, sendo que a segunda, chamada de Bacião, era uma das mais famosas e desafiadoras do Brasil: à beira de um barranco era feita em alta velocidade, e seu começo em declive deixava os pilotos sem visão na reta que a antecedia.
Para o nível de 1973 estava ótimo, pois Cascavel era o quinto autódromo brasileiro e o primeiro asfaltado no interior, de qualquer estado.
Em 1973 o prefeito da cidade era Pedro Muffato, outro migrante e também automobilista, corria desde 1966, logo que chegara na cidade do oeste paranaense Muffato apostou no lugar, tornou-se empresário de sucesso, e com trinta anos de idade, elegeu-se prefeito da cidade.
Até o ano anterior Muffato pilotara um Puma, mas antes já tinha pilotado Simca, o protótipo bi-motor feito em Cascavel e VW. Em 1973, com um Avallone, o prefeito-piloto ganhou notoriedade, tornando-se vice-campeão da Divisão 4 (que depois ganhou em 1974).
Mas o realizador da pavimentação foi Zilmar Beux, através da empresa Autódromo de Cascavel S/A, com algum auxílio da prefeitura. Octacílio Mion, que fora duas vezes prefeito de Cascavel, antecessor de Muffato, também era, como Zilmar e Muffato, quotista da sociedade. Muffato inclusive foi diretor da sociedade, embora licenciado em 1972 pois estava em campanha para a eleição de prefeito.
Com a primeira prova realizada em abril de 1973 foi inaugurado o autódromo de Cascavel, como noticiou a Folha de São Paulo do dia 23 de abril de 1973:
Com a presença de pilotos de todo o país, várias solenidades e um torneio de 2 provas, foi inaugurado ontem em Cascavel (Paraná) o primeiro circuito asfaltado do interior dos estados do Brasil. Cascavel fica a 500 kms. de Curitiba (capital do estado) e a 130 de Foz do Iguaçu e possui 105 mil habitantes.
O autódromo ainda não tem arquibancadas, mas na corrida a renda foi superior a 80 mil cruzeiros. Isso deixa a administração local muito otimista de que Cascavel estará incluída na disputa do campeonato brasileiro do ano que vem”.
Saiu também na revista 4Rodas de maio de 1973:
A pista de terra compactada de Cascavel estava interditada pela Federação Paranaense de Automobilismo. Mas em 38 dias os sócios proprietários do autódromo asfaltaram e sinalizaram os 3.032 metros do circuito, construíram um pátio de estacionamento, túnel de acesso ao miolo, dez lanchonetes, sanitários, instalaram uma área de camping, luz, água encanada e cabine para imprensa com telefone e linhas para rádio de TV. Os pilotos, em geral, gostaram do traçado da pista e só criticaram a ausência de alguns itens de segurança, como os guard-rails”.

Inauguração do autódromo
22 de abril de 1973

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Primeira prova:
O autódromo foi inaugurado em 22 de abril de 1973 com o nome de Autódromo Internacional de Cascavel quando foram realizadas duas corridas: Divisão 4 (esporte de fabricação nacional), até 2.000cc e acima de 2.000cc, em duas baterias de 20 voltas, e Divisão 3 (turismo força livre), até 1.600cc e acima de 1.600cc. Diversos pilotos de São Paulo e o gaucho Vitório Andreatta compareceram, entre os pilotos inscritos se destacavam: Alfredo Guaraná Menezes, Francisco Lameirão e Newton Pereira (RJ), na Classe até 2.000cc; Jan Balder, Antonio Carlos Avallone, Pedro Victor De Lamare e Pedro Muffato, na Classe acima de 2.000cc.
Nos treinos da Divisão 4 De Lamare fez 1’12”04 a média de 151,103 Km/h, em segundo ficou Muffato e em terceiro Avallone, todos com protótipo Avallone.
Dezesseis carros largaram na Divisão 4, sendo 10 da classe A e 6 da classe B. Os carros na classe A eram, em sua maioria Mantas produzidos no Paraná, com diversos motores diferentes.
Na prova  De Lamare assumiu a ponta forçando nas três primeiras voltas quando igualou o tempo da classificação estabelecendo o primeiro recorde do novo circuito. Desistiram: Avallone, De Lamare, e com isso Muffato venceu, Guaraná em segundo seguidos por Benoni, Newton e Moura Brito.
Na segunda bateria Muffato largou em primeiro, mas na 12ª volta parou e Guaraná assumiu a ponta, quando já estava em quarto Lameirão parou por quebra do fio da bobina, Valdir Favorin com o protótipo 2 motores, da Classe B, chegou em segundo nessa bateria.
Quem acabou levando o caneco na classe A foi Alfredo Guaraná Menezes, em sua única corrida de Divisão 4, pilotando um Manta/VW fez 40 voltas na soma das duas baterias, seguido dos paranaenses Sergio Benoni Sandri e Luis Moura Brito. O resultado da prova, ou seja, a soma das duas baterias ficou assim:

Divisão 4 - Classe A - Até 2.000cc

Alfredo Guaraná Menezes

Manta/VW

40 voltas em 54m 6,3s - média de 135,95 km/h

Sérgio Benoni

Heve/VW P6

40 voltas

Luis Moura Brito

Manta/VW 2000

40 voltas

José Alverne Argentino

Manta/Alfa Romeo

38 voltas

Ricardo Valente

Nata/Alfa Romeo

36 voltas

Newton Pereira

Heve/VW P6

36 voltas

Francisco Lameirão

Polar/Corcel

31 voltas

Olidir Pereira

Manta/VW 2000

25 voltas

Divisão 4 - Classe B - Acima de 2.000cc

Pedro Muffato

Avallone/Chrysler

39 voltas em 53 m 35,5s

Valdir Favarin

Bimotor/VW

36 voltas

Jan Balder

Avallone/Chrysler

31 voltas

Paulo Nascimento

Manta/Opala

28 voltas

Antonio Carlos Avallone

Avallone/Chrysler

25 voltas

Pedro Victor De Lamare

Avallone/Chevrolet

10 voltas

Fonte: Revista 4 Rodas de maio de 1973

Já na Divisão 3, na classe acima de 1.600cc a vitória foi de Celso Frare depois de um duelo com Carlos Eduardo Andrade. Vitório Andreatta corria distanciado seguido de Altair Barranco, todos com Opala. Na oitava volta, de vinte, Andrade fez a melhor volta da prova, com 1’19” a 138,167 km/h.
Mário Glauco Patti Jr. venceu de forma espetacular na classe até 1.600cc com Volks, como seu motor havia fundido, largou em ultimo. Chateaubriand assumiu a liderança seguido por Edson Yoshikuma, Chemin, Brasilio Terra, o outro Yoshukuma (Miguel) e Emilio Pederneiras.
No fim da primeira volta Patti já estava em 12º e na segunda em 7º. Na 15ª Miguel Yoshikuma parou, Patti passou Edson Yoshikuma e na 19ª assumiu a ponta em virtude da desistência de Chateaubriand.
O resultado ficou assim:

Divisão 3 - Classe A - Até 1.600cc

Mário Glauco Patti Jr.

VW 1600

20 voltas em 36m 12,2s - média de 122,4 km/h

Edson Yoshikuma

VW 1600

20 voltas

José Chemin

VW 1600

20 voltas

Brasilio A. Terra

VW 1600

20 voltas

Emilio Pederneiras

VW 1600

20 voltas

6o

José Pedro Chateaubriand

VW 1600

19 voltas

Divisão 3 - Classe A - Acima de 1.600cc

Celso Frare

Chevrolet Opala

20 voltas em 33m 43,2s - média de 133,2 km/h

Carlos Eduardo Andrade

Chevrolet Opala

20 voltas

Nelson A. Silva

Chevrolet Opala

20 voltas

Vitório Andreatta

Chevrolet Opala

20 voltas

Luiz Carlos Buss

Chevrolet Opala

20 voltas

Altair Barranco

Chevrolet Opala

20 voltas

Fonte: Revista 4 Rodas de maio de 1973

Segunda prova:
Na nova pista asfaltada, em 29 de julho, foi realizada a "Taça Soza Cruz", a quarta etapa do "Campeonato Brasileiro de Viaturas Turismo", disputada em suas três classes: A (até 1.600cc), B (de 1.601 a 3.000cc) e C (de 3.001 a 6.000cc).
Haviam 42 carros inscritos, sendo 26 na A, 5 na B e 11 na C e a prova foi disputada em duas baterias de trinta minutos cada. Nos treinos de classificação Pedro Victor De Lamare fez a pole na Classe C seguido de Celso Frare, Luisinho Pereira Bueno quebrou o virabrequim e ficou fora da competição, na Classe B, Rogerio Motta foi o polesecundado por Adeodato Volpi Jr., os dois com Opala 2.500cc (4 cilindros), enquanto na Classe A o pole foi Julio Caio Marques, com Ingo Hoffmann, Paulo Bossoni, Ney Faustini e Fausto Dabbur, todos com Volks 1.600cc. e dentro do mesmo segundo.
Na primeira bateria desistiram por quebras: Fausto Dabbur, Chateaubriand, Yoshikuma e De Lamare, venceu essa bateria Celso Frare com boa vantagem sobre Julio Tedesco.
Na segunda bateria De Lamare voltou mas novamente quebrou, dessa vez o semi-eixo, e ficou sem a roda dianteira esquerda, a vitória ficou com Julio Tedesco seguido de perto por Celso Frare.
A classificação final da prova ficou assim:

Classe A - Até 1.600cc

 
Ingo Hoffmann vencedor na Classe A
Reprodução: AutoEsporte de
setembro, acervo de Ricardo Cunha

Ingo Hoffmann

VW 1600

43 voltas em 1 h 01 min 48,593s

 

Paulo Bossoni

VW 1600

43 voltas

 

Ney Faustini

VW 1600

43 voltas

 

Alfredo Guaraná Menezes

VW 1600

42 voltas

 

Emilio Pederneiras

VW 1600

42 voltas

 

Classe B - De 1.600 a 3.000cc

 

Rogério Motta Coccioli

 Chevrolet Opala

36 voltas em 1h 00m 48,220s

 

Odivaldo Alves

 Simca

36 voltas

 

Adeodato Volpi Jr

 Chevrolet Opala

35 volktas

 
Julio Caio, o 8º na Classe A
Reprodução: AutoEsporte de
setembro, acervo de Ricardo Cunha

Evaldo Vitta

 Chevrolet Opala

35 voltas

 

Carlos Luis Tatsch

 Simca 

32 votas

 

Classe C - De 3.000 a 6.000cc

 

Celso Frare

 Chevrolet Opala

44 voltas em 1h 00m 48,924s

 

Julio Tedesco

 Chevrolet Opala

44 voltas

 

Antonio Castro Prado

 Chevrolet Opala

42 voltas

 

Luiz Landi

 Chevrolet Opala

41 voltas

 

Roberto Alves

 Chevrolet Opala

18 voltas

 

Fonte: Revista 4 Rodas de setembro de 1973

 

Terceira prova:
Em 30 de setembro foi a vez da sétima etapa do “Campeonato Brasileiro de Construtores”. A corrida foi muito importante para o campeonato, pois Avallone liderava o certame, seguido de perto por Muffato, que acabaram campeão e vice respectivamente.
A prova foi disputada em duas baterias de 25 voltas e apresentou um nível técnico baixo. Os organizadores não dispunham de pessoal de sinalização eficiente. Os treinos começaram na sexta-feira com quatro carros andando abaixo do recorde da pista, 1’12”04, e entre os carros abaixo de 2.000cc o carioca Mauricio Chulan e o paranaense Sérgio Benoni Sandri, ambos com Heve/VW P6 2000 fizeram tempos idênticos, 1’14”02.
As provas de classificação foram no sábado, na Classe B, acima de 2.000cc Francisco Lameirão conquistou a pole mesmo sem a segunda marcha por problemas no trambulador, seguido de Avallone, Muffato e Artur Bragantini, já na Classe A, até 2.000cc. Chulan melhorou seu tempo e ficou à frente de Benoni e Jayme Levy. A largada foi dada com as Classes A e B largando juntas, mas classificando separado.
Na quinta volta da segunda bateria, Lameirão estabeleceu um novo recorde para o circuito: 1’09”05 a 157,053 km/h.
O resultado final foi o seguinte, na soma das duas baterias:

Divisão 4 - Classe A - Até 2.000cc


30 de setembro de 1973, Pedro Muffato
em seu Avallone/Chrysler mesmo com
o 4º lugar foi vice-campeão brasileiro
Reprodução: 4 Rodas de novembro

Mauricio Chulan

Heve/VW P6

48 voltas em 1h 01m 18,9s

Newton Pereira

Heve/VW P6

46 voltas

Jayme Levy

Polar/Ford 1400

45 voltas

Sérgio Benoni Sandri

Heve/VW P6

44 voltas

Ilo Darci Weirich

Sabre/VW

37 voltas

José Alverne Argentino

Manta/FNM

13 voltas

Ricardo Valente

Manta/FNM

12 voltas

Divisão 4 - Classe B - Acima de 2.000cc

Francisco Lameirão

Avallone/Chrysler

51 voltas em 1h 00m 33s

Antonio Carlos Avallone

Avallone/Chrysler

51 voltas

Luis Carlos Pinto da Fonseca

Avallone/Chrysler

50 voltas

Pedro Muffato

Avallone/Chrysler

48 voltas

Jaci Pian

Manta/Chrysler

45 voltas

Valdir Favarin

Bimotor/VW

32 voltas

Pedro Victor De Lamare

Avallone/Chevrolet

21 voltas

Fonte: Revista 4 Rodas de novembro de 1973

Quarta prova: 
Aconteceu em 18 de novembro de 1973 e foi a quarta edição, e a primeira no autódromo asfaltado, da “Cascavel de Ouro”, destinada aos carros da Divisão 4, mas antes houve a “5 Horas da Divisão 1” (turismo de série), foi a primeira prova de longa duração no novo autódromo, em cinco horas completaram 183 voltas.
O programa foi iniciado com a prova de longa duração e 45 carros foram inscritos. Na classificação choveu e a pole position foi conseguida pela dupla Fare/Graczyk com um Chevette.
As primeiras voltas da prova foram realizadas com batidas, curvas com três carros lado a lado, derrapagens e muita disputa. Para a dupla Fare/Graczyk o pouco tempo que perderam nas paradas foi fundamental para a vitória. O resultado oficial só saiu na segunda-feira, e após vistoria, dos 10 primeiros, 6 foram desclassificados por alterações mecânicas não autorizadas.
O resultado final após as desclassificações ficou assim:


5 Horas Divisão 4 - Chevette vencedor de Celso Frare/Graczyk 
Reprodução: 4 Rodas de dezembro
 

 

5 Horas da Divisão 1 - Turismo de Série

 

Celso Frare/Graczyk

Chevette

183 voltas

 

Carlos Alberto Monteiro

Dodge 1800

181 voltas

 

Attila Sipos

Chevette

180 voltas

 

Claudio Drugovich

Chevette

180 voltas

 

Luis André Ferreira

VW Brasilia

176 voltas

 

Conrado Alberto Scchiffer

Chevette

175 voltas

 

Ingo Hoffmann

Chevette

174 voltas

 

Ettore Beppe

Chevette

173 voltas

 

Gastão Wigert

Dodge 1800

170 voltas

 

Fonte: Revista 4 Rodas de dezembro de 1973

Para a prova da Divisão 4, a principal do programa, dezessete protótipos de fabricação nacional foram inscritos, 9 na Classe B e 8 na Classe A. Na classificação Francisco Lameirão ficou com o melhor tempo, 1’09”8, acima do recorde que ele mesmo havia estabelecido, em seguida vinha Muffato.
As duas baterias da corrida foram ganhas por Lameirão, seguido nas duas por Angi Munhoz. Na primeira bateria Avallone pulou na frente e na volta inicial igualou o recorde da pista, 1’09”05, atrás vinham Lameirão, Muffato Bragantini e Angi Munhoz, mas iniciando a quarta volta Avallone perdeu o controle do carro e bateu num barranco destruindo seu protótipo, mas felizmente sem ferimentos. Lameirão assumiu a ponta e venceu sem trabalho, o mesmo aconteceu na segunda bateria.

O resultado da “Cascavel de Ouro” ficou assim:

Divisão 4 - Classe A - Até 2.000cc

    


Angi Munhoz da Equipe Motoradio na Classe B e Chulan da Equipe Hollywood vencedor na Classe A 
Reprodução: 4 Rodas de dezembro

Mauricio Chulan

Heve/VW P6

40 voltas em 52m 46s

 

Sérgio Benoni Sandri

Heve/VW P6

39 voltas

 

Jan Balder

Polar/VW

36 voltas

 

Sérgio Farina

Manta/VW

35 voltas

 

Mário Glauco Patti Jr

Heve/VW P6

35 voltas

 

Ilo Darci Weirich

Sabre/VW

34 voltas

 

José Figueiredo

AC/VW

33 voltas

 

Elton Rohnelt

Heve/VW P6

31 voltas

 

Divisão 4 - Classe B - Acima de 2.000cc

 

Francisco Lameirão

Avallone/Chrysler

40 voltas em 51m 33,1s

 

Angi Munhoz

Alfa Romeo/Maverick

40 voltas

 

Artur Bragantini

Avallone/Chrysler

33 voltas

 

Edi Bianchini

Manta/Chrysler

33 voltas

 

Fonte: Revista 4 Rodas de dezembro de 1973

 

1974 - Brasileiro de Divisão 3 e a estréia do
Maverick-Berta da equipe Hollywood com 
Tite Catapani

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Para um primeiro ano do novo circuito asfaltado o sucesso foi muito grande: quatro provas com públicos recordes, e tudo graças ao trabalho incansável de seu idealizador, Zilmar Beux. Mas em 1974 ele desgostoso com a falsa atribuição da construção do autódromo, dada por uma revista de circulação nacional e logo seguida por todos outros, ao prefeito/piloto Pedro Muffato, entregou a diretoria da empresa ao seu sucessor. 
Como disse seu filho, Miguel Beux, ao site Nobres do Grid:
“- Meu pai vivenciou cada momento do autódromo. Desenhou o traçado, abriu a pista, pilotou, assumiu compromissos que comprometeram até a estabilidade financeira familiar na época do asfaltamento. Ele mudou-se para dentro do autódromo e ficou lá, acampado, até tudo ficar pronto. Acompanhou cada etapa. Ele tinha tanta certeza de que aquilo daria certo que, no final do ano, depois de realizadas as provas de 1973, as dívidas estavam pagas. Seu maior problema foi o desgosto com o que foi noticiado”.

Zilmar se retirou, desmontou seu carro de corridas e se afastou, foi cuidar de sua vida profissional, não retornando mais ao autódromo, só voltou a pisar lá uns 30 anos depois, já idoso e doente. Mas sua vida empresarial foi coroada de êxito, a Retificadora Beux transformou-se na maior retífica do oeste do Paraná e no início dos anos 80 fundaram a Distribuidora Beux de Motores e Peças Ltda. para atuar no mercado de distribuição de autopeças. O sucesso foi tanto que nos anos seguintes abriram 7 filiais e, no ano de 1983, inauguraram a filial de Cuiabá (MT).

Protótipo Ford de Zilmar Beux em 1971
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Em 1988 com as empresas andando bem, Zilmar, já com negócios no segmento agropecuário, passou para seus filhos e genros o controle das empresas, passando a ocupar-se somente das fazendas, até que em 1997 resolveu voltar para o comércio de autopeças de olho no mercado de Mato Grosso, comprou da Distribuidora Beux as lojas de Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS), mudando a razão social para: Beux Peças e Motores Ltda. preservando o nome Beux, já forte no mercado de Autopeças.
Zilmar, já com 75 anos de idade e doente, faleceu em outubro de 2005. Dias antes o radialista João Passos lançou a idéia de se rebatizar o autódromo com seu nome, idéia prontamente aceita por Pedro Litron, presidente do Automóvel Clube de Cascavel que a repassou aos sócios da S/A, e finalmente em 2008 o autódromo passou a se chamar Autódromo Internacional Zilmar Beux.
“- Cascavel deve o fato de ter um autódromo à atitude empreendedora de  Zilmar, dar o nome dele ao autódromo não chega nem a ser algo como uma homenagem, mas um pequeno reconhecimento à grande dívida que o esporte de Cascavel tem para com ele. Foi o empenho e a dedicação dele que viabilizaram nossa pista.  
Assim falou Pedro Litron ao jornal O Paraná.

Largada para "Cascavel de Ouro" de 71, com Pedro Muffato no Puma Spartano na pista ainda em terra
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Largada da Cascavel de Ouro 1986
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A tradicional prova “Cascavel de Ouro” foi marcante na história do autódromo, a primeira foi realizada em 1967 nas ruas da cidade, as de 1970 e 71 na pista de terra do autódromo e a partir de 1973 todas se realizaram no autódromo. Ela foi realizada até o ano de 2005, falhando alguns anos, veja a lista de todas as provas e seus vencedores:
1967 – Rodolfo Scherner/Bruno Castilho (Laranjeiras do Sul/Curitiba), Simca
1970 – Sérgio Valente Withers (Curitiba), Volks Divisão 5
1971 – Pedro Muffato (Cascavel), Puma Spartano
1973 – Francisco Lameirão (São Paulo), Avallone
1974 – Pedro Muffato (Cascavel), Avallone
1975 – Pedro Muffato (Cascavel), Avallone
1976 – Nelson Piquet (Brasília), Super Vê
1980 – Marcos da Silva Ramos (Curitiba), Chevette
1982 – Aroldo Bauermann (Porto Alegre), Fórmula 2
1983 – Edgar Favarin (Cascavel), Fusca
1984 – Cláudio Elbano (Curitiba), Passat
1985 – Saul Mário Caús (Cascavel), Opala
1986 – Dilso Sperafico (Toledo), Hot-Fusca
1987 – Aloysio Ludwig Neto (Cascavel), Dodge
1988 – Ruy Chemin (Cascavel), Dodge
1989 – Marcos Corso (Curitiba), Passat
1990 – Edgar Favarin/Clênio Faust (Cascavel/Francisco Beltrão), Passat
1991 – Edgar Favarin/Milton Serralheiro (Cascavel), Gol
1992 – Constantino Júnior (Brasilia), March-Honda Fórmula 3
1993 – Cláudio Girotto/Lourenço Barbatto (São Paulo), Aldee
1994 – Edgar Favarin/David Muffato/Gilson Reikdall (Cascavel/Cascavel/Curitiba), Aldee
1996 – Edgar Favarin/Valmor Emílio Weiss (Cascavel/Curitiba), Gol
1997 – Valmor Emílio Weiss/Antônio Espolador (Curitiba), Gol
2003 – Flávio Poersch/Aloysio Ludwig Neto (Cascavel), Voyage
2004 – David Muffato/Ruy Chemin (Cascavel), Escort
2005 – Edgar Favarin/Flavio Poersch (Cascavel), Escort
(Fonte: Blog do Luc Monteiro)

Manta/Chysler de Valdir Favarin, vice-campeão Brasileiro de 1975
mestrejoca.blogspot.com.br
Ultima prova da Divisão 4 em Cascavel, realizada em 16 de novembro de 1975
mestrejoca.blogspot.com.br
Fórmula 2 Brasil. 7 de Novembro de 1982
8ª etapa do Campeonato Brasileiro
blogdosanco.blogspot.com.br

Nas décadas de 70 e 80, Cascavel recebeu todas as principais categorias nacionais, mas a partir da década de 90 foi ficando defasado e acanhado para receber as provas de nível nacional, e mesmo sendo considerada o berço da Fórmula Truck, a categoria não mais correu lá.

6 de Setembro de 1987 a
1ª Copa Brasil de Caminhões, futura Formula Truck
come-poeira.blogspot.com.b

7 de março de 2007, ultima corrida da Formula Truck em Cascavel
blogs.diariodonordeste.com.br

O Autódromo de Cascavel tem forte ligação com a história da F-Truck. É uma ligação maior do que apenas sediar uma etapa da categoria, porque foi seu traçado que teve o privilégio de ser o primeiro a receber a categoria em 1987, na “I Copa Brasil de Caminhões”, o evento terminou em tragédia, com o falecimento do então presidente do Autódromo Internacional de Cascavel, Jeferson Ribeiro da Fonseca que capotou o seu caminhão Scania numa das curvas do circuito, mas novamente no início de 1995, na primeira prova de apresentação como F-Truck naquele ano a categoria ainda não era homologada pela CBA. As duas provas atraíram público superior a 20 mil pessoas para acompanhar, ao vivo, aquela disputa diferente das que estavam habituados a ver. A grande vibração nas arquibancadas era um sinal do sucesso que a categoria alcançaria.
E
m 2011, após 38 anos da inauguração, a S/A doou a área da pista do autódromo para a Prefeitura que se comprometeu a reformar o complexo esportivo e remodelar sua estrutura para adequá-lo às exigências modernas de segurança e conforto, com alargamento da pista e melhorias nas dependências.
Anunciada em setembro de 2011 e iniciada em fevereiro de 2012, a reforma do autódromo trocou a reta principal e os boxes, antes defronte à rodovia, para após a primeira curva, aumentará a largura da pista em 1/3 (de 9 para 12 metros), recapeamento total do piso, construção de arquibancadas fixas e estrutura para o público, como novos banheiros, área de camping, churrasqueiras, novo túnel de acesso e nova entrada, tudo com o objetivo de trazer de volta as competições mais importantes do automobilismo nacional.

O traçado é famoso pela sua Curva do Bacião no final da reta de largada, que é longa, cega e em descida e acaba criando um desafio extra, já que é o lugar da pista conhecido por separar os “adultos das crianças”. De raio longo e após uma grande reta em descida, a curva é inclinada a 180º, lembrando a "Eau Rouge" sua "parente" na Bélgica
A reinauguração foi em agosto de 2012 com uma etapa da Formula Truck
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Acrescentada dia 1 de agosto de 2012
  

 

 


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