Bambino!
Christian "Bino" Heins começou sua carreira aos 19 anos de idade no
ano de 1954, uma exceção pois nos anos 50 a regra era os pilotos
começarem mais velhos, já homens feitos, com a vida resolvida, ao
redor dos 30 anos. "Paitrocínio" era muito difícil pois o
automobilismo não era visto como um esporte seguro e pai nenhum
queria ver o filho correndo risco de morte.
E os patrocínios então! O automobilismo ainda não era visto como um
out-door publicitário como hoje em dia, então era tudo na base do:
"- Eu te dou um produto meu e te pago a inscrição, ou um jogo de
pneus ou a gasolina, etc.".
Como tudo era bancado pelo piloto, a compra, a preparação e a
manutenção do carro, era difícil à um jovem reunir condições para
tanto. Mas Christian conseguiu.
Dentre os pilotos da época ele era o mais novo, daí seu apelido,
como era filho de mãe italiana e sendo considerado ainda um garoto
por todos, começou a ser chamado de "Bambino" (garoto em italiano)
que logo acabou abreviado para "Bino".
Christian evoluiu rapidamente graças aos seus sólidos conhecimentos
de mecânica, e como estudava na "Technische Hochschule" em
Stuttgart, Alemanha, logo conseguiu um emprego como mecânico na
Fábrica de Automóveis Porsche, começando a trabalhar como mecânico e
rapidamente ingressou na escuderia da fábrica, já como piloto, onde
ficou de 57 até fins de 59. Nesse período ganhou diversos prêmios e
troféus por suas vitórias e classificações. Participou de várias
provas de Subida de Montanha, provas em circuitos de rua e em
autódromos, inclusive em Nürburgring e Le Mans em 1959, 11º e 18º na
geral, 2º e 3º na categoria, respectivamente.
Morando na Europa e viajando constantemente para o Brasil para
participar de provas aqui, ia deixando os troféus em sua casa na
Europa. Numa de suas vindas em 1960, talvez a última, trouxe todos
os troféus, deu-se então um fato insólito: a alfândega apreendeu
todos por suspeita de contrabando!!!
Seus amigos e sua família ficaram indignados.
Sua irmã escreveu revoltada para o então presidente da república,
Juscelino Kubitschek pedindo providencias. Juscelino, não se
esqueçam, foi o maior incentivador da implantação da indústria
automobilística no Brasil, inclusive foi homenageado com o
lançamento do automóvel FNM como modelo JK.
E não é que o presidente Juscelino respondeu!!!
Passou um telegrama pedindo desculpas e dizendo que Christian era um
"monumento nacional" e dizendo também que os troféus já estavam
devidamente liberados e podiam ser retirados, e aproveitou para
mandar parabéns ao "Bino" por suas conquistas na Europa e também no
Brasil.
Pelé e Maria Ester Bueno (esportistas também) eram outros
"monumentos" da época.
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